sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Resenha: "Mil Beijos de Garoto" (Tillie Cole)

Tradução de Marina Della Valle

Por Stephanie: Quando eu digo que não sou fã de romances, não estou falando de todos. Até porque alguns dos meus livros favoritos são desse gênero, como Um Dia e A Mulher do Viajante no Tempo. O que eu quero dizer com isso é que não gosto de romances previsíveis, desses que não trazem nada de novo. E por mais que a sinopse de Mil Beijos de Garoto tenha chamado minha atenção, fico triste de dizer que o livro não vai agradar a quem busca algo diferente.



A obra conta a história de Poppy e Rune, duas pessoas que se conheceram aos oito anos de idade e desenvolveram um sentimento além da amizade ao longo do anos. Após Rune, aos 15 anos, precisar voltar com sua família para seu país natal (Noruega), os dois acabam se distanciando e só voltam a se encontrar dois anos depois. Só que algo mudou entre eles e aos poucos vamos descobrindo os motivos por trás de suas atitudes. Assim nos envolvemos em uma história de amor adolescente, família e sacrifícios.



O início da história tem um quê meio mágico e inocente, parecido com o filme Meu Primeiro Amor. Porém, logo de cara, o que me incomodou em Mil Beijos de Garoto foi a escrita. Os diálogos de Poppy e Rune quando crianças (e até mesmo enquanto adolescentes) não pareceram naturais pra mim e tive muita dificuldade em imaginar pessoas reais conversando como eles. Muitas vezes Poppy parecia uma senhora sábia de 70 anos e Rune soava como um menininho de três, em situações que suas idades estavam bem diferentes dessas que citei. Bem estranho.



Passada a primeira parte da história, a separação acontece e o livro muda de tom. O período em que o casal fica longe é tratado de maneira bem superficial, e senti falta de saber um pouco mais sobre suas vidas durante os dois anos vivendo separados. Eu compreendo que provavelmente Tillie Cole fez isso de forma proposital por conta do mistério, mas mesmo assim gostaria que ela tivesse entregado mais do que apenas alguns parágrafos.

Tudo bem rir. Tudo bem sorrir. Tudo bem se sentir feliz. Do contrário, qual seria o propósito da vida?
Quando Rune retorna aos Estados Unidos e reencontra Poppy, a história começa a tomar outros rumos. E quando a maior revelação é exposta, o livro se torna algo bem diferente do que eu imaginava. Não achei algo assim tão surpreendente (na verdade cheguei a cogitar pois ao meu ver só haviam duas possibilidades para tanto suspense), porém mesmo assim fiquei um pouco desanimada porque achei que a partir desse momento Tillie Cole começou a beber da fonte de muitos livros de romance e YA lançados até hoje. Eu gostaria de falar os dois principais livros em que Mil Beijos de Garoto parece ter se inspirado, mas seria um spoiler enorme e eu prefiro não entregar o principal plot do livro. Mas vá sabendo que é um assunto bem triste.


Falando ainda sobre referências, Poppy é bem parecida com uma outra mocinha de YA: Mia Hall, protagonista de Se Eu Ficar. Ambas tocam violoncelo, são “esquisitas” e namoram um garoto lindo e irresistível. Rune não chega a ser genérico, na verdade acredito que a autora até tentou diferenciá-lo de alguma forma, porém ele acabou se tornando um personagem com pouca profundidade, a meu ver.



É difícil falar de outros personagens além do casal protagonista, pois Tillie Cole nos dá poucas informações sobre a família e os amigos deles. Absolutamente tudo gira em torno somente dos dois, Poppy só vive para Rune e Rune só vive para Poppy. Ambos têm hobbies e interesses, mas até eles ficam ofuscados tamanha a devoção que um tem pelo outro. Isso me cansou, porque a autora faz questão de nos lembrar a todo momento o quanto este casal se ama e como é lindo e indestrutível o amor dos dois. Desculpem se isto soar insensível, mas eu não consegui lidar com tanto exagero.



O drama contido na segunda metade da história toma conta de cada parágrafo. É perceptível como as frases foram moldadas para emocionar o leitor, tentando sensibilizar a todo momento. Não vou mentir, no finalzinho do livro eu cheguei a ficar um pouco tocada, mas totalmente consciente do esforço da autora para atingir este objetivo.



Mas de uma coisa eu tenho certeza: o problema com Mil Beijos de Garoto é que ele não foi escrito para leitores como eu. Então eu acredito que o público ao qual a obra é destinada tem grandes chances de adorar o livro e se emocionar de verdade com a história de amor entre Poppy e Rune. O caso aqui é um típico “o problema não é você, sou eu”. Eu consigo enxergar os motivos pelos quais tantas pessoas gostam deste livro - por exemplo, toda a “explicação” sobre título do livro é muito delicada e bonita -, mas eu me senti forçada a sentir algo ao invés de sentir de forma natural. E isso é difícil de ignorar.

Quando você está por perto, meu coração não suspira, ele voa. Acho que os corações batem num ritmo, como uma música. Acho que, como música, somos atraídos por uma melodia em particular. Ouvi a canção do seu coração, e o seu ouviu a do meu.
Então, caro leitor, se você gosta de histórias de amor carregadas de emoção, com personagens sensíveis e puros e uma narrativa dramática, se jogue de cabeça em Mil Beijos de Garoto e faça parte do grupo de pessoas que amaram a leitura. Mas se você é como eu e prefere enredos um pouco mais densos e personagens mais aprofundados, provavelmente esta não seja a melhor opção para incluir na sua TBR.


Até a próxima, pessoal!



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2 comentários

  1. Eu amo uma história bem elaborada, com personagens mais detalhados sim. Mas também como a romântica incurável que sou, amo os romances açucarados e sem propósito algum, a não ser o de entreter e suspirar.
    A capa e o título são lindos e eu quero muito conhecer mais do casal.
    Beijo

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    Respostas
    1. Olá! Bom, pelo que você está dizendo, é provável que goste bastante de MBDG! É realmente um romance doce e simples.
      Beijos!

      Excluir

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Ana Liberato