sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Resenha: “O Código da Mudança” (Othon Gama)

Por Kleris: Meses atrás, lembro de uma situação estranha e desconfortável que passei. Veja bem, meu corpo não é exatamente "ideal" para os padrões, mas eu aprendi a aceitá-lo (e amá-lo). Também procurei me libertar daquela constante de pensar em números e toda aquela relação complicada com a comida. Abracei os exercícios físicos porque descobri que amava (ainda mais da maneira com que otimizei) e me alimentava razoavelmente bem porque também sou ligada a frutas e comidas caseiras. De alguma maneira, fui encontrando meu equilíbrio de volta.

Então um dia, experimentando uma camiseta, tirei uma foto pra mostrar a uma amiga, que foi quem tinha me presenteado. Daí veio o primeiro choque: eu estava... magra. Eu não compreendia como aquela pessoa da foto era eu. Uns dias antes tinha notado que umas roupas estavam mais folgadinhas, nada muito considerável, e lembrei também que algumas pessoas tinham apontado o fato e eu não levei a sério (por razões mais complexas).

Não demorou muito para começarem a me perguntar que fórmula “mágica”, que “dieta maluca”, eu tinha utilizado, porque queriam “copiar”. E tão logo estranharem porque eu queria meu corpo de volta (!!!). Mas a mudança já havia acontecido, assim, até sem querer, e eu tinha que aprender a lidar com aquilo, entender o que representava para meu processo.

Claro que aqui resumi muito do que foi esse momento bugador, mas posso dizer que esse resultado foi mais consequência do que objetivo, e que na mistura de metas, desafios, exercícios mentais que vinha fazendo (para um dado fim), consegui perceber qual foi meu código de mudança. Porque toda real mudança – ou a volta por cima, diria Brené – envolve um código. Para descobrir esse código, você tem que se conhecer. De verdade.
O caminho para essa mudança de hábitos pode ser complexo, mas a boa notícia é que dá certo. [...] Só depende de você.
Você já deve ter lido livros com fórmulas mágicas infalíveis ou visto oradores incríveis que inflaram sua motivação. Ambos dão a impressão de que “agora é pra valer”. A pessoa mais confiante, determinada, focada, comprometida, disciplinada e motivada do mundo é você naquele momento. Até começarem a aparecer os problemas do dia a dia, a cobrança do banco, uma discussão no trabalho, uma venda que não se conclui, uma entrevista de emprego malsucedida, um imprevisto no seu empreendimento. Então toda aquela motivação vai embora e você se vê novamente sem conseguir resultados concretos e duráveis.
Não existem soluções mágicas para problemas complexos. A motivação é fundamental, mas não basta. Ela faz você começar, porém é apenas a mudança de hábitos que lhe permite seguir em frente. [...] Quem não usa a inteligência emocional cai nas armadilhas da mudança de hábitos e não consegue sair delas.
Othon Gama é um excelente guia de jornada. Neste livro ele conta parte de sua história, de desbravar territórios da mente para perseverar e conquistar um objetivo. Isto porque não é só mirar em algo lá na frente e procurar maneiras de chegar a ele. Esse, na verdade, é um (grande) erro comum. Não adianta buscar algo pra você se você não está disposto a fazer o que deve ser feito. Buscar saídas fáceis ou pular etapas então, nem preciso dizer que de nada valem – aliás, só atrapalham.
Não adianta se enganar, não adianta enganar o mundo, você não consegue fugir de si mesmo, embora muitos fiquem a vida toda tentando. [...] Também existem pessoas que se enganam achando que tudo é fácil, que podem fazer o que quiserem na hora em que quiserem, que estão sempre prontas, mas que não fazem o que afirmam que vão fazer. Elas estão certas quando dizem que podem, mas ou não acreditam nisso realmente ou têm dificuldade de partir para a prática e na primeira dificuldade adiam o projeto, alegando que estão muito ocupadas e vão ter que deixar para depois. Só que esse dia nunca chega, já que elas caem sucessivamente nas armadilhas de seus hábitos. 
O Código da Mudança é uma luz nesse túnel longo e escuro. Ele nos mostra onde pisar, onde desviar, onde parar antes de continuar. Ponto a ponto, Othon se utiliza de conhecimentos sobre a mente, que é onde o (SEU!) código se esconde. Traz fundamentos desde cientistas, coachs, psicólogos e psiquiatras, como Augusto Cury, além de pautas muito chegadas a Jout Jout, envolvendo empoderamento, autoestima, autodisciplina, bem-estar, saúde mental, empatia, dentre outros.

Como tudo isso se resume à formação do ser como pessoa, percebe-se que uma das maiores dificuldades é de cada um olhar para si. Vê-se que explorar as emoções, para muitas pessoas, parece ser mais assustador que um intenso filme de terror.
E quem quer mudar de hábito? Precisa ter conhecimento de quê? De si mesmo. Conhecer-se é um dos mais importantes passos para conseguir mudanças duradouras e sustentáveis na vida. Temos de identificar nossos pontos fortes, nossos pontos de desafios e nossos pontos cegos.
Como toda jornada, a da mudança de hábitos também tem suas armadilhas. E a melhor forma de escapar de armadilhas é saber quais são e onde estão.
A sacada de mudança que Gama propõe se baseia no código dos hábitos e em um método que contempla todo o universo da transformação desejada: a dimensão da sabedoria (o que são os hábitos, como se formam, como funcionam); a dimensão emocional (compreensão de sistemas internalizados e competências emocionais necessárias); e a dimensão executiva (como aplicar e ter êxito). A imagem da borboleta (de capa), a propósito, super representa.
A grande maioria das pessoas falha porque quer chegar lá, mas só trabalha uma ou duas dimensões. Para realmente conseguir atingir os objetivos, é necessária uma abordagem que leve em conta todas as nuances e não menospreze as emoções, as reações fisiológicas, o ambiente, a formação cultural e educacional. Neste sentido, o método tridimensional se torna mais eficiente por “atacar o problema por todos os lados”. 

Os hábitos ruins sabotam nosso SAC [sistema de autocrenças] e nos impedem de acreditar que é possível mudar. Ora, se prometermos a nós mesmos que vamos fazer diferente e não fazemos, que vamos mudar nossos hábitos para melhor e não mudamos porque não entendemos como eles funcionam, achamos que o problema somos nós, que não somos bons o suficiente. Essas crenças que aprisionam o sucesso são um tiro de canhão no SAC. Ter um SAC forte é a base para desenvolver as habilidades necessárias para mudar hábitos.

Entender nossos hábitos é apenas o meio do caminho (talvez até menos). Mas, por certo, se é algo que VOCÊ quer, que bom que você começou a jornada. Por certo, exige tempo, paciência, disposição e muita, MUITA confiança – acessórios esses que, não se preocupe, você também pode aprender a desenvolver durante a caminhada.
É importante ressaltar que, quando falo em conhecimento, não me refiro apenas às disciplinas tradicionais, mas ao desenvolvimento humano. Além de consumir livros e revistas, ver filmes e assistir a palestras, precisamos reformular nosso sistema educacional, que muitas vezes forma pessoas inseguras e cheias de crenças limitantes, em vez de confiantes, corajosas, ousadas e criativas. Precisamos repensar e buscar soluções para criar a educação do século XXI, porque ainda estamos no século passado nessa área.
Você conhece pessoas que são verdadeiras formadoras de crenças limitantes? Que só colocam os outros pra baixo? É preciso tomar cuidado com elas, porque são verdadeiros destruidores da autoconfiança e autoestima. Não seja assim nem deixe que tratem você assim. As mesmas palavras podem ser cruéis ou vir embaladas em carinho.
Fonte: Aquele Eita (instagram)
O livro é mais teórico do que de prática e achei isso formidável nele. Quem nunca leu algo nessa linha, precisa dessa base. Consciência, percepção, instrução, discernimento, resiliência. Os exemplos são eficientes e a parte prática vem a ser um complemento. Você pode deixar uma agenda ou caderno de notas ao lado, se você é desses que necessita fazer um acompanhamento mais detalhado. Se possível, seria interessante também poder contar um profissional – psicólogo ou coach.

A leitura é de duas ou três sentadas, muito clara e precisa, gostosinha até. Apesar de chegada para o estilo pesquisa, Othon conversa conosco como se estivéssemos em uma de suas palestras. Não me espantaria de vê-lo em um TEDex (gostaria muito, inclusive). O bom de ser um livro (e não apenas uma palestra) é que podemos marcar e marcar a vontade! Vale revisitar trechos e notas sempre que puder.

Prepare sua cartelinha de marcadores adesivados, você vai precisar.
Todo ser humano, seja o presidente dos Estados Unidos, seja um morador de rua, tem um SAC [sistema de autocrenças]. O que muda é o conteúdo dele. Olhamos para as pessoas que realizaram feitos notáveis e dizemos: “Como são confiantes! Que capacidade de liderança!”. Achamos que possuem poderes quase sobrenaturais. Balela. Todos têm medos, frustações e colecionam fracassos. Pessoas bem-sucedidas constroem o alicerce das suas vitórias nas suas derrotas.
Se você é iniciante, essa é a compreensão mais completa que vai encontrar. E se você já está na arena, O Código da Mudança é o livro que vai te segurar, reforçando todo o passo a passo e sistema de comportamentos. Fãs de Brené Brown (eu!) e Augusto Cury vão curtir muito.

Desta maneira, não seja aquela pessoa que observa o outro conquistar algo, ressente-se por não conseguir e quer a solução pronta e rápida, como aquele exemplo de experiência lá em cima. Para cada conquista, um esforço. Não, não vou revelar qual foi o meu código de mudança; melhor, busque o seu. Respeite seu tempo. E não espere por algo ou alguém para começar. 
Mais forte do que nunca – Brené Brown (aqui)
Isso parece fácil, mas você se surpreenderia ao saber quantos nunca reconhecem os próprios sentimentos e emoções – apenas os descarregam. [...] A ironia é que, ao mesmo tempo que criamos distância entre nós e as pessoas ao redor, descontando tudo nos outros, ansiamos por laços afetivos mais profundos e por uma vida emocional mais rica. 
Ansiedade: como enfrentar o mal do século – Augusto Cury (aqui)
Ter coragem para velejar para dentro de nós mesmos, reconhecer nossas fragilidades, admitir nossas loucuras, corrigir rotas e nos educar para sermos autores de nossa própria história é, acima de tudo, ter um caso de amor com a vida.E ninguém pode fazer essa tarefa por você – nem filhos, parceiro(a), amigos, neurologista, psiquiatra, psicólogo ou livros. Só você mesmo... Não traia o que você tem de melhor!

Se joga nessa jornada, migx!
Recomendadíssimo.
Até a próxima!


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comentários

  1. Eu gosto demais do trabalho que o Augusto Cury faz. Da maneira com que ele nos instiga a mudar, a olhar para nós mesmos e com isso, nos conhecermos um pouco mais.
    E pelo que li acima, o autor é um pouco além disso. Antes de toda e qualquer mudança, é preciso mudar a si mesmo. Não como algo imposto ou exigido,mas da forma como foi com você, suave, sem cobranças e sentido-se bem e em paz. Você não mudou só o corpo, não se impôs a isso. Você mudou, como se estivesse trocando de roupa!
    Vou por o livro na lista de desejados, quero conhecer mais!
    Beijo

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Ana Liberato