Por Marianne: Como a maioria das crianças nascidas nos anos 90, boa parte da minha
infância foi sentada no sofá assistindo à programação da TV Cultura ♥. Tenho
muito carinho por boa parte dos desenhos e programas exibidos na época e tenho
certeza que muitos deles foram essenciais na minha formação de caráter (sou
dessas). Mas um, em especial, sempre teve um lugarzinho guardado no coração
desde sempre e me fez ficar UM ANO (SÉRIO) baixando todos os episódios no torrent lá por 2006, 2007 — eram poucos seeds +
internet ruim do cão e muita determinação.
O tão amado desenho é Os Animais do Bosque dos Vintens. Não lembra? Ouve
a musiquinha e vem chorar comigo:
[Muitas lágrimas depois]
Depois de reassistir os episódios e só reafirmar meu
amor pela obra decidi pesquisar mais sobre a história. Não fiquei surpresa
quando descobri que o desenho, assim como muitos outros clássicos da TV Cultura
—Babar, por exemplo— foi baseado em uma série de livros
que infelizmente nunca foram publicados no Brasil. Mas não ter sido publicado
no Brasil era apenas um detalhe. Eu precisava, eu queria muito ler o livro que originou o desenho e tirar minhas
conclusões sobre a obra. Eis que no Natal de 2015 meu excelentíssimo namorido
me presenteia com uma edição publicada em 1980 (o livro foi publicado em 1979,
tenho orgulho de saber que tenho uma das primeiras publicações dessa belezinha)
encontrada depois de muito garimpo no Ebay, vindo direto da AUSTRÁLIA pros meus
braços.
Pra quem lembra do desenho não é difícil entender o
sentimento de conforto e nostalgia que essas produções despertam na gente. Eram
tempos bons, tempos de Toddy e bolacha waffer
na frente do sofá, sem maiores preocupações...
Mas afinal, sobre o que é a história?
O Bosque dos Vinténs é um lugar que abriga todo tipo
de vida. Raposa, texugo, cobra, sapo, coruja, porco espinho, todos vivem
tranquilamente no bosque . A vidinha pacata dos animais acaba quando a
construção de um shopping exatamente no bosque é iniciada.
Os animais, que naturalmente não são todos amiguinhos,
pois ali vivem presas e predadores, convocam uma reunião que só é organizada em
tempos de emergência para decidir o que fazer.
É nessa reunião que o sapo menciona o Parque do Cervo
Branco, área protegida onde os animais vivem tranquilamente sem a intromissão
dos humanos. É então que os animais decidem, juntos, iniciar sua jornada ao
Parque do Cervo Branco.
É durante a jornada que o livro me cativa e se mostra
diferente de alguns clássicos infantis. Existe um pacto feito entre os animais
em que durante a jornada eles irão proteger um aos outros e que, entre eles, o
ciclo da cadeia alimentar será ignorado até chegarem ao Parque.
A jornada até o parque não é nenhum mar de rosas. Muitos animais morrem no caminho (o que é mostrado bem graficamente no desenho e eu assistia com a maior naturalidade lá pelos meus 4 anos de idade), alguns simplesmente decidem abandonar o grupo, outros se juntam a eles.
O que mais me agrada no livro é o fato de ele ser
escrito para o público infantil e mostrar de forma clara e objetiva a morte, o
luto, conflitos, situações adversas que exigem uma mudança, e todo um grupo de diferentes
espécies com diferentes interesses lidando com isso.
Quem quer dar uma chance pra um livro em inglês vale
a tentativa, acredito que seja possível encontrar versões no Ebay e Amazon, e
todas as vezes que procurei esse livro em livrarias gringas, eu encontrei.
Pra mim, um clássico que deveria por lei fazer parte
da infância de toda criança e vale a pena ser lido pra quem era fã do desenho.
Espero que tenham gostado da resenha, até a próxima!