Tradução de Alice
França
Para
Kleris: Como uma chicklitter de coração, não teria livro
melhor pra começar o ano. Estava, aliás, precisando de um romance assim, bem
gostosinho. Louca para casar calhou de esperar cerca de quatro aninhos na
minha estante porque da última vez que o peguei, fora totalmente do clima, não
rolou. Agora só penso em renovar meu estoque de chick-lits, pois de tempos em tempos preciso de doses cavalares de
amorzinho assim.
Em
seus 18 anos, Milly se aventurou num curso profissionalizante em outra cidade,
e lá conheceu seu futuro marido, Allan. Mas não era um casamento comum... ou
real. Eles casaram para que Allan pudesse ficar no país e ficar com Rupert, sua
grande paixão. Após voltar pra casa, Milly nunca mais os viu.
Ao
passar 10 anos, Milly está para subir o altar com Simon. Aquele casamento da
juventude meio que foi esquecido, abandonado... apagado. Era o que Milly
achava, sem se ligar dos trâmites legais e que poderia estar cometendo bigamia.
O destino (in)felizmente traz alguém do passado para recobrar a consciência da
mocinha e tratar de colocar desespero resolver a situação – antes que
alguém descubra.
Enquanto
Milly se revira para cuidar dos preparativos do casório, lidar com a família e
suas crises, Madeleine nos leva para um significativo e maravilhoso passeio pelos
relacionamentos de cada personagem envolvida nesta trama de família.
Primeiramente,
a autora caprichou MUITO na construção da história e narrativa. Ao explorar de
maneira primorosa os pontos de vista, ela instiga e guarda cada bomba que AAAAAAAAAAAAAAA! Mesmo na gana de querer
sempre saber de um e outro personagem, o suspense da narração se torna algo tão
gostoso que não te deixa largar o livro por coisa nenhuma.
Mas
o que mais impressiona é como Madeleine retrata a vulnerabilidade de seus
personagens e como se utiliza de uma situação para despertar a todos de suas
realidades. Nesse sentido, sua voz narrativa funciona quase como um microscópio
emocional que nos conduz perfeitamente às emoções e papeis de cada um na
história. E assim se pauta o status, a
instituição do casamento, as insatisfações pessoais, problemas familiares,
preconceitos, as maneiras para agradar pessoas e as maneiras de ser feliz.
Mas não era. Ele precisava de mais, queria mais. Desejava uma vida diferente, antes que fosse tarde.
— [...] Quer dizer que o seu relacionamento perfeito não é tão perfeito como você pensava. E daí? Isso significa que você tem que jogá-lo fora, descartá-lo?
Não
é uma mera história sobre casar e casar por status,
ou de que o casamento deva ser uma relação pautada em regras (sociais ou religiosas),
mas entender como todos têm seus problemas e que devem lidar não só com as
consequências de suas escolhas, mas com seus reais sentimentos sobre tais
escolhas. Chamada para tortas de climão?
Com certeza!
Minha
admiração pela Sophie Kinsella – sim! – aumentou. Para quem não sabe, Madeleine
é o nome real oficial da nossa amada Sophie. Sem deixar suas tramoias de
Kinsella de lado, Madeleine aqui desenvolve com uma escrita suave, realista e sóbria
– sem aquele típico desespero ou mel exagerado, sabe?
Geralmente
ela me deixa a sensação de estar sempre à frente de tudo. Não foi muito
diferente em Louca para casar – que, me perdoem, me parece um título injusto
para tal obra. Com toques de girl power,
desromantização de instituições sociais, feminismo e femismo, love is love, e conflitos, muitos conflitos
internos, Madeleine dá um show de ficção.
Sem a intenção de enganá-lo, mas também sem querer desapontá-lo, ela lhe permitiu formar uma imagem que, sinceramente, não era de todo verdadeira. [...] Tudo o que era precisava era mudar o modo de se vestir, fazer alguns comentários inteligentes ocasionais e permanecer discretamente calada o restante do tempo.
— O que estou dizendo é que não existe casamento baseado na verdade — corrigiu Esme. — Felicidade é outra coisa.
Destaque
para a personagem principal, Milly, que apesar de ser a mocinha confusa, é uma
heroína e tanto. Madeleine, aliás, trabalha bem essa questão de impressões e
narrativas que pessoas têm de outras pessoas. Rupert, Isobel, Simon, Allan, James,
Olivia e – vá lá – Harry também não ficam pra trás. Só sei que foi difícil deixá-los
ao finalizar o livro. Você quer descobrir tudo, acompanhar tudo, pirar com
tudo, menos deixar o livro acabar.
— Não vivo para o trabalho. — Isobel pousou a caneca na mesa com força. — Sou apenas uma pessoa que trabalha.
— Eu não quis dizer...
— Mas disse! — retrucou Isobel, exasperada. — Vocês pensam que minha vida se resume a isso, não é? Uma carreira e nada mais. Vocês esqueceram todos os outros aspectos.
Por
fim, Louca
para casar é aquele livro que sabe ser amorzinho, mas sabe também nos
deixar em reflexão com nossos ideais internos. Recomendadíssimo!
— Tenho certeza de que você e Milly serão muito felizes. Nem todo mundo tem a mesma sorte.
— Não é uma questão de sorte — retrucou Simon furioso. — Sorte não conta! — Ele fitou James e Olivia. — O que vocês acham que faz um casamento dar certo?
— Dinheiro — respondeu Olivia antes de dar uma gargalhada. — Brincadeira!
— É cumplicidade, não é? — perguntou Simon. Ele se inclinou para frente com ar sério. — Compartilhar, dialogar, conhecer um ao outro profundamente.
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