Por Sheila: E chegou ao fim! Foram mais de 2000 páginas, noites insones, séries não maratonadas, churrascos do fim de semana furados, para concluir essa fantasia épica que tanto me arrebatou em seus dois primeiros livros - que já foram resenhados, o livro 1 aqui e o livro 2 aqui.
Como esse é o desfecho da trilogia, alguns spoilers são inevitáveis, então se você ainda não leu os dois primeiros livros e não gosta de estragar a surpresa, é melhor parar aqui e ler os dois primeiros livros antes de prosseguir.
Mas antes, recapitulando:
No primeiro livro vamos conhecer Vaelin Al Sorna, o Matador do Esperança, a partir do relato detalhado que faz de sua vida ao Lorde Verniers, Cronista Imperial e, mais tarde descobriremos, amante do Esperança. Esse relato será realizado enquanto Vaelin é levado à ilha dos piratas, supostamente para ser morto em um combate.
Ao final de "A Canção do Sangue" finalmente descobrimos por que o livro é intitulado dessa forma; As chamadas "Trevas" na verdade são dons, que o próprio Vaelin possui, uma espécie de sexto sentido que o avisa sobre as coisas. Na praia do Império Alpirano, onde aguarda sua captura pela morte do Esperança, o ex-futuro rei, adorado pelo povo, Vaelin descobre que seguia um rei insano, numa guerra fadada ao fracasso. Sua Fé parece ser nada mais que uma ilusão, quando descobre que há seres temíveis que habitam a escuridão do além túmulo, sendo que seu líder, o Aliado, planeja o Caos e a Destruição.
Numa narrativa que alterna passado e presente, "A Canção do Sangue" finaliza sua narrativa com o duelo entre Vaelin e o Escudo das Ilhas, numa jogada política que visava a libertação de Vaelin travestida de punição, dada a obviedade de seu sucesso sobre os piratas. Uma antiga dívida, contraída por seu pai ao queimar mulheres e crianças quando anda servia ao Rei Janus, que deveria ser paga com sangue.
"O Senhor da Torre" começará mais uma vez com o relato de Verniers que, impressionado com a narrativa do Matador do Esperança, resolveu partir para seu reino, apenas para ser capturado e virar escravo dentro de um navio, no cerco a um dos feudos do Reino.
Vamos encontrar um Vaelin mais velho, mais sábio, desiludido de sua Fé e relutante em aceitar o cargo que lhe oferecem, como Senhor da Torre dos confins do Norte, mas se dirigindo para lá mesmo assim pois é o que a canção do sangue lhe diz para fazer. Lyrna também parece ter mudado consideravelmente nos últimos cinco anos. Assim, quando o Aliado usa um de seus fantoches para matar Malcius, seu irmão, ela finalmente ascende como Rainha - mesmo que terrivelmente desfigurada, tanto física quanto emocionalmente.
Ao final de "O Senhor da Torre", Lyrna consegue fugir dos Volarianos, começar a retomada de seu reino e seu reconhecimento como rainha. Reva se torna a senhora de seu Feudo, quando seu tio por fim falece. E Vaelin forçou sua canção a tal ponto que acaba morrendo e, em seu retorno dramático da terra dos mortos, perde sua canção.
E - claro - numa reviravolta emocionante, um dos dotados dos confins do norte encontra a agora Rainha Lyrna. Apesar de ficar subentedido, entendemos ao final do livro que ela é curada das terríveis deformidades causadas pelo fogo. Um final emocionante, um desfecho eletrizante para um livro se igual.
Mas agora vamos ao "A Rainha do Fogo". Não vou mentir e deixar para o final: me decepcionei muito com o desfecho dessa trilogia, assim como muitos dos outros leitores que procurei pela internet para descobrir como se sentiram e o sentimento é um só... frustração.
Neste último livro, vemos a retomada por Lyrna da capital de seu império e sua organização para enfrentar os Volarianos em suas próprias terras, antes de que tenham tempo de se reorganizar para atacar o Reino novamente. Já Vaelin, irá partir para as terras do gelo, agora com uma Ionak que o orienta com sua canção, já que a dele foi perdida.
A guerra contra Volar será brutal, sangrenta, desumana. Muitos morrerão. Muitas batalhas serão traçadas. Eles são os vilões? Talvez. Mas há mulheres e crianças em meio ao povo massacrado, e por mais que haja alguma misericórdia, não há como nos depararmos com uma guerra sem que hajam baixas civis.
Vaelin também terá que lidar com batalhas, sangue e ossos partidos, perdas irreparáveis, enquanto busca pelas respostas que todos nós esperamos desde o primeiro livro: quem é o Aliado? Quais são seus objetivos? O que é história? Onde começam os mitos? E o que há de verdade travestida em adoração ao longo da passagem dos séculos?
Mas o final ... ah! O grande final! É como um grande rojão que não estoura, só solta fumaça. Entendam, tudo é resolvido, ou encaminhado de forma satisfatória. Todas as respostas foram dadas. Pelo que me lembro, todas as pontas soltas foram amarradas. Mas não foi grandioso. Não foi épico. Não foi arrebatador.
Recomendo a trilogia em si. Os dois primeiros livros são simplesmente magníficos, o segundo sendo, em minha opinião, o melhor! Mas o desfecho sinceramente me deixou com um gosto de cinzas na boca. Me despeço de vocês hoje numa resenha sem citações, em luto pela dor das minhas ilusões não correspondidas.
Até a próxima!
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