quinta-feira, 31 de maio de 2018

[Cineclube]: Deadpool 2





Cineclube é uma coluna semanal que tem como objetivo trazer para os leitores do Dear Book, críticas sobre filmes (do retrô até os últimos lançamentos), além de alguns especiais sobre temas do universo cinematográfico, passando eventualmente pelas séries que tocam nossos corações (seja por amor ou total aversão mesmo). Qualquer assunto da sétima arte que mereça ser discutido você vai ver por aqui, no Cineclube.





Titulo: Deadpool 2
Data de lançamento (Brasil): 17 de maio de 2018
Diretor: David Leitch
Elenco principal: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, Josh Brolin, Julian Dennison, T. J. Miller
Gênero: Ação, Comédia

Quando o super soldado Cable (Josh Brolin) chega em uma missão para assassinar o jovem mutante Russel (Julian Dennison), o mercenário Deadpool (Ryan Reynolds) precisa aprender o que é ser herói de verdade para salvá-lo. Para isso, ele recruta seu velho amigo Colossus e forma o novo grupo X-Force, sempre com o apoio do fiel escudeiro Dopinder (Karan Soni).

Temos de volta o herói mais desbocado, cínico e nada convencional do cinema. Com roteiro e produção do próprio Ryan Reynolds, que interpreta o anti-heroi, Deadpool 2 capricha ainda mais na diversão, para prender o telespectador por quase duas horas de muita risada. Enquanto os filmes de super heróis da Marvel costumam utilizar um pouco do humor para tornar suas obras heróicas mais divertidas, Deadpool coloca o humor realmente como o ponto principal do filme, e ele está lá a todo momento, mesmo quando a cena deveria ser dramática. E isso torna tudo ainda mais engraçado.



Ele segue um padrão bem diferente porque coloca o protagonista para falar diretamente com o telespectador, como se estivessem lá com Deadpool. Também há muitas referências a outros filmes, como o primeiro pôster do filme já deu uma idéia ao fazer uma referência a Flashdance. Todas essas menções a diversos filmes, inclusive a alguns estrelados pelo próprio Ryan, são divertidas e bem interessantes para quem gosta de cinema.

A trilha sonora é uma parte importantíssima do filme. Ela é quase uma protagonista, e trás um destaque que já vimos em outras obras, como o primeiro Deadpool e principalmente em Guardiões da Galáxia. Essa utilização de músicas dos anos 80 e 90, em cenas que não se encaixariam normalmente, é parte de todo o grande humor que é o filme.



O roteiro em si não é algo surpreendente ou tão elaborado, tanto que o próprio personagem brinca com isso, mas funciona. Percebe-se que ele não foi feito para ser a parte mais importante do filme. O personagem e suas atitudes irreverentes e pouco ortodoxas associadas a uma brincadeira com outros filmes, é o que move toda a história. Independente de roteiro, é possível ver que Ryan Reynolds está absolutamente a vontade no seu papel. Até porque tudo ali tem o dedo dele.

Deadpool 2 cumpre com maestria o papel irreverente que se propôs a ter, dando ao filme as características de seu personagem principal. As cenas de ação são ótimas, e toda a parte técnica do filme foi feita com todo o capricho. É preciso que o telespectador assista as duas cenas pós créditos do filme, que são super importantes e pode ter certeza que sairá da sala de cinema tendo dado boas risadas.








Jayne Cordeiro é de Salvador-Bahia, e tem 26 anos. Enfermeira, com pós graduação em auditoria, sempre foi apaixonada por livros e filmes, e entrou no universo dos blogs em 2015, ao se tornar resenhista literária da página Maravilhosas Descobertas. Além disso, hoje ela também participa do blog O Clube da Meia Noite, como resenhista literária e esporadicamente na crítica de filmes. E agora faz parte do blog Dear Book com a nova coluna sobre filmes, Cineclube.



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E você, o que achou da coluna? Deixe seu comentário!


Até o próximo Cineclube!
#blogdearbook #dearbookbr
#cineclube


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segunda-feira, 28 de maio de 2018

Resenha: "Dona Casmurra e Seu Tigrão" (Ivan Jaf)

Sinopse: Barrão é lutador de jiu-jítsu: passa os dias na academia esculpindo os músculos. Impulsivo e ciumento, ele entrou numa fria: agrediu um homem com quem imaginava que a namorada o traía. Por isso, perdeu a namorada, a confiança dos pais e responde a inquérito policial. Para piorar, vai muito mal no colégio e corre o risco de levar bomba. Mas talvez ele ainda consiga limpar a própria barra lendo Dom Casmurro, célebre romance de Machado do Assis e assunto da prova de fim de ano. Para enfrentar esse desafio, barrão vai contar com a ajuda de Lu, uma estagiária zangada e esquisitona que trabalha na biblioteca do colégio. Juntos, eles lerão o clássico machadiano sobre o ciúme, aprendendo algo sobre a dinâmica desse sentimento em relação à estrutura social do Brasil no século XIX.

Fonte: Skoob

Por Eliel: Geralmente, os clássico machadianos tem uma linguagem um pouco mais difícil de compreender logo na primeira leitura, fazendo do dicionário um fiel amigo nessa jornada. Entretanto, a proposta de Ivan é contextualizar e simplificar para que os jovens do século XXI possam ter contato com esse clássico sem ter traumas com a língua.

Lu irá ajudar o valentão e muito ciumento Barrão a entender Dom Casmurro e assim ter a chance de terminar seus estudos. O guia dessa jornada será Machado de Assis que com trechos de o Dom Casmurro irá ser a salvação de um aluno rebelde que já perdeu tudo e já não pode arriscar mais nada.

Será uma leitura extensa para Barrão, porém Lu fará de tudo para simplificar a história de Bentinho e Capitu. E não pense que será fácil para Lu e muito menos para Barrão conviverem enquanto estudam juntos. Lembrem-se que Barrão é extremamente ciumento, provar se Capitu traiu ou não Bentinho será uma das coisas mais frequentes nesse livro.

Uma leitura leve que instiga a conhecer mais a fundo Dom Casmurro. Acredito que esse é um daqueles livros que dão passagem e suporte para encarar leituras mais densas e assim criar um hábito de leitura nos leitores iniciantes.

Recomendo fortemente, antes ou depois de Dom Casmurro.

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sexta-feira, 25 de maio de 2018

Resenha: "A Colônia" (Ezekiel Boone)

Tradução: Leonardo Alves

Por Sheila: Oi pessoas! Quem ai, como eu, tem pavorrrr desses seres rastejantes de oito patas???? Confesso que foi com muita, mas muiiiiita relutância que comecei a ler A Colônia. Não por que esperava que a leitura não valesse a pena. Mas por medo de depois não conseguir dormir à noite mesmo.

Apesar do autor no início fazer um pouco de suspense, narrando ataques em diferentes partes do mundo por meio de seres pretos, que se movimentam como um rio e devoram tudo em seu caminho, nós já sabemos que se tratam de aranhas - por causa da capa não é? Nenhuma novidade aí.

Mesmo assim, o estilo da narrativa de Boone me faz lembrar de Stephen King em alguns momentos, com seus vários personagens, todos de alguma forma interligados pela mesma tragédia/momento apocalíptico em comum, todos alheios da existência uns dos outros, mas com mundos prestes a convergir de um jeito ou de outro.

Nossa história começa no Peru, com um bilionário acima do peso, suas três modelos semifamosas/acompanhantes do momento, um guarda costas zeloso e um guia, Miguel, que já teve dias melhores. Nas selvas do Peru, ele esta acostumado a ter que lidar com grupos de turistas que ele considera estúpidos, mas se sente particularmente cansado nesse dia.

Além de suspeitar que sua namorada o está traindo, ele precisa parar o passeio do grupo peculiar que o acompanha a cada 20 minutos mais ou menos, não só por que o ricaço gordo parece não conseguir acompanhar o ritmo do restante do grupo, mas por que este também parece estar tendo problemas em manter a comida dentro de si, tendo que parar constantemente para se aliviar aos lados da trilha que seguem.

Talvez por seus problemas pessoais, não presta muita atenção ao fato da floresta estar tão silenciosa, ou na ausência até mesmo de insetos, o que distrairia um pouco seus turistas. Mal sabe ele que esta prestes a lidar com uma situação inusitada - e, infelizmente, fatal - e que seus problemas anteriores estão prestes a se tornar irrelevantes.

Até os pássaros estavam quietos. Ele tentou prestar mais atenção, e então ouviu alguma coisa. Sons ritmados. Folhas esmagadas. Quando se deu conta do que era, um homem apareceu de repente no ponto onde a trilha desaparecia em uma curva. Até mesmo a cem metros de distância, estava nítido que havia algo errado. O homem viu Miguel e gritou, mas Miguel não entendeu as palavras. O homem então olhou para trás e, ao virar a cabeça, tropeçou e tombou com força. Algo que parecia um rio preto surgiu de repente atrás dele. O homem só conseguiu ficar de joelhos antes de a massa escura o cercar e cobrir. Miguel deu alguns passos para trás, mas percebeu que não queria se virar.

Ao mesmo tempo, o autor nos apresentará a outros lugares e personagens que irão, aos poucos, fazendo parte dessa trama envolvendo aracnídeas assassinas sedentas de sangue: 

Manny e Steph estão na Casa Branca. Ela é a primeira presidente mulher dos Estados Unidos; ele é um amigo, que virou amante, que casou - e depois se separou - com uma bióloga que será também importante na trama, que virou político e novamente amante de Steph  e agora tenta ajudá-la a descobrir como alguns incidentes isolados parecem estar intimamente conectados. 

Mike Rich é um agente do serviço secreto com dificuldades em aceitar o divórcio e, mais ainda, o fato de que sua ex-mulher quer mudar o sobrenome de Annie, a filhinha deles de 09 anos. Quando ele precisa investigar um avião que caiu de forma misteriosa, ele é o primeiro a notar que a aranha que encontra não parece ser uma aranha comum, e a capturar uma delas viva.

... ele já estava virado de novo para o corpo de Henderson, torcendo para que aquilo saindo do rosto do cadáver fosse só uma ilusão causada pelas sombras. Não era. Mike estava vendo claramente. Era uma aranha, e três quartos do corpo peludo do tamanho de uma bola de golfe estavam se arrastando para fora do rosto de Henderson por um buraco na parte superior da bochecha direita. Mike sentia a mão latejar, e agora o sangue gotejava livremente. Os únicos sons dentro do avião eram a respiração de Mike e o esforço da aranha para sair do rosto de Henderson. Parecia… Ah, merda. Parecia som de mastigação. Mike sentiu ânsia de novo e não conseguiu se conter. Saiu correndo até a abertura por onde tinha entrado no jatinho, apoiou a mão boa na lataria, se inclinou para fora e despejou o que restava do almoço.

Já Melanie é uma especialista nessas pequenas aracnídeas e tem por elas um fascínio arrebatador. Assim, no início parece uma surpresa agradável que um amigo de sua pós graduanda, do Peru, envie para seu laboratório uma bolsa de ovos que parece ter quase dez mil anos e, muito estranhamente, estar viva e prestes a eclodir.

Além disso, teremos vários outros personagens que, de maneira maior ou menor, irão contribuir para encher a narrativa, não por que sua história particular os tornem personagens principais, mas por que são peças importantes de um quebra-cabeça que vamos construindo até que finalmente possamos ter uma idéia geral do que está acontecendo com um mundo.

"A Colônia" é um livro angustiante aos aracno fóbicos, e eletrizante para quem curte uma boa narrativa de cenários apocalípticos. Haverá muito suspense, ação, enquanto o autor vai contando pedacinho por pedacinho do que esta acontecendo, sendo que vamos descobrindo um pouco junto com os personagens e no desenrolar da história.

Apesar do tema "aranhas do mal" já ter sido bastante explorado, principalmente por Hollywood, a escrita de Boone consegue ter uma originalidade inquietante, e uma narrativa que prende o leitor do início ao fim e o faz ficar desejando por mais.

Este é o primeiro livro de uma trilogia, e muitas pessoas criticaram bastante o final muito aberto, mas como o segundo livro, "A Expansão", já foi lançado, e pretendo emendar uma leitura na outra, não fiquei assim tão decepcionada. Recomendo com ressalvas, algumas descrições são bem explícitas e se você tem muiiiitooo medo de aranhas, não leia. Sério.

Forte Abraço!

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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Resenha: "O Jardim de Ossos" (Tess Gerritsen)

Tradução: Alexandre Raposo

Por Sheila: Oi pessoas! Trago a vocês hoje um suspense policial com ares de fantasia que eu queria ler a muitooooooo tempo, mas sempre acabava colocando adiante na fila de leitura.

Como Tess era médica antes de se tornar escritora, seus livros muitas vezes envolvem médicos, e suas descrições das questões relativas a esse ofício são precisas, sem ser maçantes em momento algum.

No início do livro, somos apresentados a Julia Hamil, e Julia só queria plantar um belo jardim. Recém saída de um divórcio doloroso, Julia compra uma propriedade com um espaço amplo e começa a sozinha construir esse novo espaço, só seu.

O que Julia não esperava, era que em seu futuro jardim encontraria ossos. Pelo jeito muito antigos. A moradora anterior da casa que adquiriu, que já estava em seus avançados 92 anos, foi encontrada algumas semanas depois do óbito, também nesse mesmo quintal, parcialmente comida por animais. Ou seja, não é seu o corpo que Julia encontra acidentalmente. Então de quem seria?

Júlia estava junto à janela, olhando para os diversos montes de terra que haviam brotado como pequenos vulcões no quintal. Nos últimos três dias, uma equipe de perícia médica praticamente acampara em seu terreno. Agora ela estava tão acostumada a tê-los entrando e saindo de sua casa para usar o banheiro que sentiria falta deles quando terminassem as escavações e a deixassem em paz naquela casa com sua história, suas vigas entalhadas à mão... e seus fantasmas.

Paralelamente a este mistério, o autora também irá no contar sobre as agruras de Rose, uma imigrante Irlandesa que está acompanhando o difícil parto de sua irmã. Muito pobres, estão no hospital da cidade de forma beneficente e, em meio a sua dor, apenas o estudante de medicina Norris Marshall parece conseguir olhar para ela e ver mais do que uma simples garota tola.

A morte chegou com o doce tilintar de sinos. Rose Connolly aprendera a temer aquele som, pois já o ouvira diversas vezes enquanto se sentava junto à cama da irmã, Aurnia, enxugando-lhe a testa, segurando-lhe a mão ou oferecendo-lhe goles de água. Todo dia aqueles malditos sinos tocados pelos acólitos anunciavam a chegada do padre na enfermaria para ministrar o sacramento da extrema-unção. Embora tivesse apenas 17 anos, Rose já vira uma vida inteira de tragédias nos últimos cinco dias.

No ano de 1830, Rose precisa lidar com a xenofobia de Boston, que vê a si e sua irmã como descartáveis ou com grande desconfiança, enquanto Norris precisa lidar com o fato de ser um estudante de medicina pobre, não imigrante, mas de uma certa forma também um estrangeiro nesse círculo social, o que talvez acabe por fazer com que a empatia por Rose se manifeste.

No relato do passado, iremos lidar com o Estripador de West End, tramas macabras, visitas a lugares lúgubres como cemitérios, roubo de cadáveres, assassinatos, salas de necropsia, dentre outros, que irão progressivamente nos levando a explicações sobre a quem pertencera a casa de Julia num passado longínquo, e claro, de quem era o corpo por ela descoberto.

"O Jardim de Ossos" é uma mistura de romance histórico com romance policial e pitadas de fantasia, que conta com uma escrita extraordinária, que acaba por nos envolver por completo. Não há como acompanhar a excitação das descobertas de Julia sobre os acontecimentos do passado, enquanto também usa o que descobre para re-significar sua vida de recém divorciada.

Com toques de suspense e reviravoltas de tirar o fôlego, Tess Gerritsen consegue nos fazer sentir o que sentem os personagens, ao acompanhá-los em suas tragédias particulares, e tecer um fio intrincado de situações e enigmas com um final que nos surpreende, mesmo que não seja talvez o mais bonito.

Sua engenhosidade para juntar cada uma das peças desse grande quebra-cabeça, revelando-o ao leitor aos poucos, bem como aos personagens, é totalmente admirável, fazendo com que cada minuto e cada página façam sentido dentro da trama.

Recomendo!

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sexta-feira, 18 de maio de 2018

Resenha: "As Sobreviventes" (Riley Sager)

Tradução: Marcelo Hauck

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão todos e todas? Trago a vocês hoje a resenha de um thriller psicológico que eu estava louca para ler! Também com aquele "Stephen King" bem grande na capa, como seria diferente?

Sinopse:

Há dez anos, a estudante universitária Quincy Carpenter viajou com seus melhores amigos e retornou sozinha, foi a única sobrevivente de um crime terrível. Num piscar de olhos, ela se viu pertencendo a um grupo do qual ninguém quer fazer parte: um grupo de garotas sobreviventes com histórias similares. Lisa, que perdeu nove amigas esfaqueadas na universidade; Sam, que enfrentou um assassino no hotel onde trabalhava; e agora Quincy, que correu sangrando pelos bosques para escapar do homem a quem ela se refere apenas como Ele. As três jovens se esforçam para afastar seus pesadelos, e, com isso, permanecem longe uma da outra; apesar das tentativas da mídia, elas nunca se encontraram.
Um bloqueio na memória de Quincy não permite que ela se lembre dos acontecimentos daquela noite, e por causa disso a jovem seguiu em frente: é uma blogueira culinária de sucesso, tem um namorado amoroso e mantém uma forte amizade com Coop, o policial que salvou sua vida naquela noite. Até que um dia, Lisa, a primeira sobrevivente, é encontrada morta na banheira de sua casa com os pulsos cortados; e Sam, a outra garota, surge na porta de Quincy determinada a fazê-la reviver o passado, o que provocará consequências cada vez mais assustadoras. O que Sam realmente procura na história de vida de Quincy?
Quando novos detalhes sobre a morte de Lisa vem à tona, Quincy percebe que precisa se lembrar do que aconteceu naquela noite traumática se quiser as respostas para as verdades e mentiras de Sam, esquivar-se da polícia e dos repórteres insaciáveis. Mas recuperar a memória pode revelar muito mais do que ela gostaria.

Narrado intercalando os acontecimentos presentes e passados, vamos acompanhando a vida de Quincy antes e após  tragédia que irá mudar para sempre sua vida. Apesar de ter tentado deixar para sempre no passado a tragédia onde todos seus amigos foram mortos, ser um sobrevivente tem um peso gigantesco, e tudo retornará com  a morte de Lisa e o aparecimento súbito de Sam.

Riley Sager consegue nos deixar ansiosos, apreensivos, furiosos, instigados, tudo ao mesmo tempo, com sua narrativa vibrante, onde todas as peças vão aos pouquinhos se encaixando e se encaminhando ao desfecho e a fatal descoberta do que de fato houve com Quincy.

A trama é muito bem elaborada, e consegue chegar ao desfecho sem deixar nenhuma ponta solta. Vemos que apesar de Quincy querer esquecer o passado, ele está inegavelmente presente a cada momento do seu cotidiano, pulando para fora inadvertidamente e a fazendo entrar num constante conflito consigo mesma.

O mistério é muito bem elaborado, nos levando a seguir várias pistas falsas, só entregando o final praticamente nas últimas páginas, o que acaba fazendo com que todo o livro seja devorado de uma vez só, a fim de que se consigam as respostas a tantas perguntas que vão sendo levantadas no decorrer da história.

Com um final que vem gerando muitas controvérsias entre os leitores, que vão do amor absoluto ao ódio extremo, principalmente pela personagem principal, por sua suscetibilidade, eu confesso que não achei o "melhor thriller de 2017" mas achei muito bom sim.

Recomendo.

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segunda-feira, 14 de maio de 2018

Resenha: "Seu Nome era Morte" (Nicholas Vernetti)

Sinopse:  "A culpa é a cicatriz que a morte do amor deixou para trás. Aqui os olhos sangram, e o sangue é transparente.”

A garota quer morrer. 
Karen, a jovem que dizia possuir amor pela vida enfrenta o inferno. A perda do irmão, o abandono de seus pais, todos os sonhos desapareceram, os amigos não podem ajudá-la. Ela quer morrer, a vida não vale mais nada. 
E então, no Rio de Janeiro ela encontra aquele que se diz a própria Morte encarnada. O sedutor e poético homem lhe propõe um desafio: Ela deverá acompanhá-lo por três noites, para finalmente descobrir a verdade sobre a vida e a dor. Quando a Morte bate à porta trazendo um convite, não se pode recusá-lo.


Fonte: Skoob

Por Eliel: É a primeira vez que leio um romance filosófico, confesso que foi uma leitura difícil. Isso porque a filosofia não é o meu forte, embora o autor tenha se esforçado para deixar os conceitos bem claros para que o leitor fique confortável com o desenrolar do enredo. Talvez eu não estivesse preparado para o livro ainda, por isso vou reler com certeza.

Karen Bittencourt é uma jovem paulista que vive no Rio de Janeiro. Logo após a morte de seu irmão Lucas, abandonou o curso de psicologia. Por sinal, já se passou um bom tempo e ela ainda não superou a sua perda, talvez por ter sido em circunstâncias trágicas. Ele foi assassinado por um grupo dentro do seu próprio apartamento e ela viu. No presente, ela é uma gerente de  uma loja de roupas, atormentada por um sonho tenebroso e depressiva.

Karen namora Marcos, mas a relação deles é puramente de conveniência. Ele não faz nenhum bem para ela, sendo até mesmo uma relação abusiva, o que claramente não ajuda com a depressão que ela enfrenta. 

Quem sofre com essa doença sabe o quão difícil é sair de casa para sair com os amigos. Mas Karen faz um grande esforço em relação à isso e mesmo não se sentido bem em frequentar lugares que seu irmão ia e sua aura ainda está tão presente, ela acompanha seus melhores amigos Rafael e Amanda. Certa noite, diante de uma das pinturas de Lucas exposta em um bar Karen recebe um estranho convite de passar três noites com um homem que diz ser a Morte.

Nessa parte me veio muito do Conto de Natal de Charles Dickens, não sei se essa foi a intenção de Nicholas Vernetti. Aqui começa a parte mais densa do livro, pois nessas três noites Karen irá vivenciar uma filosofia nunca pensada antes, isso a mudará. Se o leitor estiver em um momento filosófico melhor que o meu poderá absorver muitos ensinamentos desse ser misterioso. O lago é profundo e eu provavelmente apenas arranhei a superfície.

Um romance filosófico gótico cheio de mistério e suspense e muito, mas muito tenso. É assim que eu definiria essa obra da literatura nacional, mas se eu a definisse iria limitá-la, portanto sugiro que a leia, tenho certeza que ela será uma leitura única para você. Afinal, junto com a leitura você irá trazer muito de você, das suas experiências e vivências para esse livro. Por vezes, denso, mas com uma essência poética e cheia de originalidade. 

Como eu disse no começo é uma leitura difícil, mas muito agradável no sentido de te tirar do lugar comum e te fazer pensar um pouco mais que o normal. Talvez isso tire o ritmo da leitura, mas na minha opinião esse não foi escrito para se ler rápido. Aqui cabe o conselho para ter paciência e aproveitar a jornada.

Nicholas escreve desde cedo na vida e ele tem muito talento. Ler os jovens autores nacionais é um incentivo para que mais obras surjam.

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sexta-feira, 11 de maio de 2018

Resenha: "O Aprendiz de Assassino - Saga do assassino" (Robin Hobb)

Tradução: Orlando Moreira

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? E vamos de mais trilogias! Comprei um kindle em função de um problema nas costas, que se agravava na leitura de livros grandes e pesados e estou podendo ler uma lista GIGANTE  de livros que antes eu precisava deixar de lado.

Neste primeiro livro de uma saga, seremos apresentados ao Bastardo do príncipe Cavalaria. No reino dos Seis Ducados, os nascidos de Sangue Nobre, geralmente são nomeados tendo em vista uma qualidade - apesar de que, ao longo da obra isso nem sempre se sustenta.

Assim, o Bastardo, mais tarde chamado de Fitz (que descobriremos ser apenas uma variação da mesma palavra) é levado ao príncipe Veracidade por seu avô materno quando tem em torno de 05/06 anos, já que o mesmo alega não poder mais prover seu sustento.

– Pai, por favor, eu imploro! Um tremor sacudiu a mão que agarrava a minha, mas se era de ira ou de qualquer outra emoção nunca saberei. Tão veloz quanto um corvo apanhando um pedaço de pão atirado, o velho inclinou-se e agarrou um pedaço de gelo sujo.
Atirou-o sem palavras, com muita força e fúria, e eu me encolhi de medo. Não me lembro de ter chorado. O que me lembro é de como as portas se abriram para fora, de tal forma que o velho teve de se mover depressa para trás, puxando-me com ele.

Já de início a pequena criança, de forma involuntária, causa uma tremenda mudança nas vidas de todas as pessoas do reino: Cavalaria, que seria o próximo na sucessão ao trono, abdica de sua posição e se retira para o interior com sua esposa Paciência, com quem não conseguiu gerar herdeiros legítimos.

O Bastardo é entregue aos cuidados de Bronco, braço direito de Cavalaria, que na abdicação de príncipe passa a cuidar das Cavalarias de Torre do Cervo, local de residência do Rei Sagaz e de toda a corte que o rodeia.

Vamos então acompanhar o Bastardo vivendo como uma criança comum das cavalarias, trabalhando, correndo solto pelas ruas da vila próxima à Torre de Cervo, roubando tanto na vila como dentro da própria Torre. E é justamente num dia em que esta roubando os restos de comida após um banquete  que Fitz acabará sendo pego pelo próprio Rei, que decide que, a partir de então, ficará responsável por sua criação e educação em troca de sua lealdade.

 – Olhe para ele – o velho rei ordenou. Majestoso lançou-me outro olhar furioso, mas não ousei mover uma palha. – O que você vai fazer com ele? Majestoso parecia perplexo.
– Ele? É o Fitz. O bastardo de Cavalaria. Vagando sorrateiramente e afanando coisas por aí, para variar.
– Bobo. – O Rei Sagaz sorriu, mas os seus olhos continuaram firmes. O Bobo, pensando que o rei se referia a ele, sorriu docemente. – Seus ouvidos estão tampados com cera? Não ouve nada do que eu digo? Não te perguntei o que acha dele, mas sim o que vai fazer com ele! Aí está ele, jovem, forte e engenhoso. Os traços do rosto dele são tão reais quanto os do seu, embora tenha nascido no berço errado. Portanto, o que você vai fazer com ele? Vai fazer dele uma ferramenta? Uma arma? Um companheiro? Um inimigo? Ou vai deixá-lo andando por aí, até que outro o pegue e o use contra você?

E é então que Fitz, o Bastardo de Cavalaria, vira um aprendiz de Assassino.

Muitas outras coisas são dignas de nota, como a estranha facilidade que Fitz parece ter para se comunicar com  alguns animais e entender seus sentimentos, bem como o que é chamado de Talento, um dom que a realeza possui para se comunicar entre mentes, ou até criar certa confusão na mente de outra pessoa, uma arte que, infelizmente, acabou ficando mal compreendida até mesmo pelos príncipes herdeiros.

Neste primeiro livro, vamos acompanhar o crescimento lento e confuso de Fitz em meio a corte e suas intrigas, jogos de poder, verdades veladas e mentiras descaradas, e sua tentativa de sobreviver a ser um homem do Rei, filho de Cavalaria e amigo daqueles que conhece quando consegue fugir da opressão dos muros do castelo.

"O Aprendiz de Assassino" é uma aventura fantástica fascinante, apesar de ser um livro com mais de 400 páginas, li todo em um único dia. Como primeiro volume é um livro excelente, que nos deixa com muitas dúvidas acerca da história como um todo, mas que consegue fechar um ciclo em seu desfecho. Com personagens bem trabalhados, sua continuação é algo que pretendo ler o mais breve possível para continuar acompanhando o desenrolar dos acontecimentos.

Recomendo!

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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Resenha: “Querido Dane-se” (Kéfera Buchmann)


Por Kleris: A gente tenta não ter nenhuma expectativa, mas ler uma ficção da Kéfera é algo bem curioso. Ela já havia mostrado um pouco da sua escrita espevitada no primeiro livro (reveja resenha aqui), o que não apareceu muito no segundo (reveja resenha aqui), e neste Kéfera surpreendeu. 
— Você tem muito ódio no seu coraçãozinho, né?
JURA? SÉRIO MESMO? Gênia. Deveria ganhar um prêmio pela constatação.

Sara não está no seu melhor da vida quanto queria – aliás, para ela o tempo está correndo muito depressa, com prazos por ela determinados prestes a expirar sem “conquista” alguma – no caso, chegar aos 30 sem um relacionamento ou emprego estável. 

Pra piorar, seu namorado termina com ela do nada e assume outra garota, que basicamente é a nova cliente de Sara, uma socialite para a qual ela que vai produzir roupas exclusivas. É nessa bagunça toda que Sara tenta focar na oportunidade de trabalho, seguir em frente sem estragar tudo e ainda tratar do seu déficit de atenção.
Querido diário,
FODEU.
Minha terapeuta quer ler meu diário.


Uma boa sacada do livro é sua narração. Kéfera nos apresenta a história como um diário, onde a personagem escreve coisas que ela deve reconhecer como positivas e negativas, proposta de sua terapeuta, o que acaba por virar uma jornada de autoconhecimento – daquelas com muitas resistências no início, muitas reviravoltas de recheio e grandes escolhas pelo caminho. 

Sara, como muitas pessoas, é uma pessoa de percepção frágil, que se entrega muito às expectativas irreais. Por conta disso, decepciona-se muito. Mas está lá, tentando mais uma vez, mesmo que isso envolva se meter nas mais loucas (e perigosas) situações, mesmo que dê uns closes errado bem errados. Quem equilibra essas doidices é sua amiga Denise, quem tá “na guerra” pra tudo. 

— Não. Se apaixonar é ótimo. Só lembra de não colocar todas as suas expectativas nesse cara! Você tem que conseguir ser feliz mesmo que as coisas não deem certo com ele também.
— Denise, para de querer cortar minha vibe! Você viu como o Tiago me trata, não viu? ele é superamoroso. Some de vez em quando, mas faz parte do jogo.
— Tá, pode ser. Mas lembra o que eu sempre digo? Para ser um bom par, você precisa saber ser um bom ímpar. Então, quando ele sumir, você tem que saber ficar bem consigo mesma. É isso que eu estou tentando...

Em uma primeira impressão, o livro é bem clichê e não traz nada muito novo no meio literário contemporâneo – é como a primeira temporada de Crazy Ex-Girlfriend, misturado com filmes brasileiros babacas (como aquele S.O.S. Mulheres ao Mar), umas romantizações e ganas dos anos 90 (em que mulheres precisam ou definem quem são por ter um homem ao lado), e umas tiradas meio #fail. Mas esse ar tragicômico exagerado é apenas um pano de fundo que vai tirar nossa personagem das órbitas e, durante sua jornada, perceber o que é preciso fazer pelo seu final feliz. 
— Peraí. Se você é frustrado, o problema é seu. Não vem querer dizer que meus sonhos são impossíveis.

Esse ponto de quebrar os tais ideais limitantes que torna o livro interessante. Aliás, passei o livro inteiro torcendo por isso! Queria que Sara não tivesse a Gio (a socialite), como inimiga e sim contasse a verdade sobre o pilantra que só queria tirar vantagem delas #sororidade Queria que a Sara se libertasse dessas noias que diminuem e prendem as mulheres por anos a fio e queria que ela não se contentasse com um amor meio bosta (ou com qualquer coisa mais) #yougogirl Nesse sentido, o livro traz sim algo bom, algo novo, algo verdadeiro, e acho ótimo que isso seja reverberado pela audiência que acompanha a autora. 
Essa pergunta ainda me assombra. Tenho procurado muito de mim por aí.

É um livro curto, super rápido e bem gostosinho de ler, excelente para aqueles momentos de pausa ou quando a gente tá querendo pegar o ritmo de leitura após uma ressaca. Não pense que por ser a Kéfera a autora, é um livro ruim ou sem conteúdo – dê tchau a esse preconceito. Muito pelo contrário, foi uma boa estreia da autora na ficção.

Recomendo!
Até a próxima o/


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domingo, 6 de maio de 2018

[Novidades] Seleção de colaboradores Dear Book - Resultado



Ansiosos?


Oi, pessoal!


Após umas semaninhas de inscrições, avaliações, decisões... e, claro, ansiedade por parte dos candidatos, enfim o esperado resultado!


Que rufem os tambores...


Equipe Dear Book dá as boas-vindas à ILI (resenhista)! PARABÉNS, menina! \o/ \o/ \o/ \o/ Cheque seu e-mail, que as instruções para integrar o blog vão estar lá.


Não foi dessa vez que conseguimos resgatar nossa coluna de filmes, mas... quem sabe mais pra frente? Agradecemos a todos os inscritos dessa seleção, teve muito material bom e de difícil escolha.


Logo logo vamos ver  aqui :)



Até a próxima!
sexta-feira, 4 de maio de 2018

Resenha: "O Clube dos Oito" (Daniel Handler)

Tradução de Fabricio Waltrick

Aviso de gatilho: este livro possui cenas de estupro e violência explícita.

Por Stephanie: O gênero (ou classificação comercial) Young Adult, também conhecido como YA, é um dos mais populares hoje em dia. Mas lá em 1999, ano de publicação de O Clube dos Oito, a coisa era bem diferente. Claro que a literatura infanto-juvenil sempre existiu, mas não com as características específicas que aproximam a obra de um público-alvo adolescente. E é por isso que arrisco afirmar que a estreia de Daniel Handler foi um dos precursores dos livros contemporâneos para jovens adultos.

O livro conta a história de Flannery Culp, uma garota acusada de cometer um assassinato quando estava em seu último ano do Ensino Médio. O crime teria sido motivado por um suposto culto satânico envolvendo seu grupo de amigos denominado Clube dos Oito, além de outros fatores ocultistas e bizarros.

Através de seu diário, Flannery nos conta (com muito sarcasmo) os acontecimentos dos dias anteriores ao assassinato e um pouco sobre sua vida atualmente, agora já condenada e encarcerada. Esse modelo de narrativa hoje em dia já é bem comum, mas acredito que contar a história através de um diário foi um dos pontos diferenciais da obra de Handler na época de seu lançamento.

Flannery é a típica narradora não-confiável e difícil de gostar. No começo eu tive muita dificuldade no andamento dos capítulos, já que a voz da protagonista me incomodava muito. A garota quase chega a ser intragável, de tão fútil e reclamona. Aos poucos foi ficando mais tranquilo, mas não por conta de Flannery, que continuou chata, e sim por causa da dinâmica entre os amigos do Clube dos Oito que, apesar de bizarra, me entreteve bastante.

É necessário ter em mente durante toda a leitura o fato de que a obra foi escrita no final dos anos 90, ou seja, não se pode criticar o livro se baseando em YA’s contemporâneos atuais. É difícil exigir representatividade e diversidade em uma época em que isso era pouco debatido em livros para jovens. Não estou dizendo que é motivo para perdoarmos qualquer preconceito, mas eu tive que relevar algumas coisinhas em relação aos conflitos do livro para que a experiência fosse a mais positiva possível.
(...) Talvez os jovens de gerações anteriores se rebelassem por algum motivo mais óbvio, mas hoje sabemos que estamos simplesmente nos rebelando. Entre filmes para adolescentes e livros de educação sexual, estamos tão ansiosos pela nossa fase rebelde que é inevitável sentir que ela é segura, controlada. Tudo vai acabar bem, apesar dos riscos, aconchegados dentro da proteção da narrativa rebelde. (...)
Explicando melhor o que eu quis dizer no parágrafo anterior: Flannery é uma garota extremamente preocupada com sua aparência; ela afirma diversas vezes que é gorda (o que provavelmente é mentira, visto os comentários de seus amigos) e chega a ficar sem comer em várias passagens do livro, mesmo sentindo fome. Ela também xinga outras garotas de coisas como “vaca gorda”, que é algo bem gordofóbico. Não consegui entender até que ponto esses eram pensamentos apenas da personagem ou que também refletem a opinião do autor. Por isso foi um pouco difícil analisar de maneira neutra.

A rivalidade feminina também existe em grande quantidade em O Clube dos Oito. As meninas brigam bastante por conta de ciúmes de seus pretendentes, e chega até a ser cansativo. Mais uma vez, esse tipo de conflito pode até ser aceitável lá em 1999, mas hoje em dia é algo pouco verossímil.

O Clube dos Oito também debate a liberdade e rebeldia de adolescentes ricos e com pouca supervisão de adultos, algo que até mesmo nos dias de hoje é um assunto relevante. É fácil perceber a ironia do autor em representar a ausência dos pais de todos os adolescentes, tal como a presença constante e às vezes um pouco invasiva da escola e de seus professores.

Por fim, outro assunto importante que ganha destaque na obra é a distorção dos fatos pela mídia. Vemos diversas passagens de programas de TV, livros e jornais que fizeram a cobertura do caso e como é fácil canonizar a vítima e demonizar o criminoso da forma mais exagerada possível. Lendo o relato de Flannery é possível enxergar a discrepância entre os fatos e o que é exposto para o público.

O desfecho de O Clube dos Oito tem uma reviravolta que me pegou de surpresa; Daniel Handler não fez muito esforço para esconder a revelação mas acho que eu estava tão curiosa pra saber como o assassinato tinha acontecido que deixei passar várias dicas. Os mais atentos vão conseguir sacar com muita facilidade.
(...) A verdade se escondia em mim como um peixe cauteloso, suspeitando que qualquer sombra é uma rede que vai capturá-lo e trazê-lo à luz. (...)
Recomendo a leitura para quem curte humor negro, sarcasmo e personagens repletos de defeitos. Depois da metade é uma leitura bem fluida e que entretém o leitor, e que com sorte, pode conseguir surpreender no final.

Até a próxima, pessoal!
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Ana Liberato