Por
Kleris: A gente tenta não ter
nenhuma expectativa, mas ler uma ficção da Kéfera é algo bem curioso. Ela já
havia mostrado um pouco da sua escrita espevitada
no primeiro livro (reveja resenha aqui),
o que não apareceu muito no segundo (reveja resenha aqui),
e neste Kéfera surpreendeu.
— Você tem muito ódio no seu coraçãozinho, né?
JURA? SÉRIO MESMO? Gênia. Deveria ganhar um prêmio pela constatação.
Sara
não está no seu melhor da vida quanto queria – aliás, para ela o tempo está
correndo muito depressa, com prazos por ela determinados prestes a expirar sem
“conquista” alguma – no caso, chegar aos 30 sem um relacionamento ou emprego estável.
Pra piorar, seu namorado termina com ela do nada e assume outra garota, que
basicamente é a nova cliente de Sara, uma socialite para a qual ela que vai
produzir roupas exclusivas. É nessa bagunça toda que Sara tenta focar na
oportunidade de trabalho, seguir em frente sem estragar tudo e ainda tratar do
seu déficit de atenção.
Querido diário,
FODEU.
Minha terapeuta quer ler meu diário.
Uma
boa sacada do livro é sua narração. Kéfera nos apresenta a história como um
diário, onde a personagem escreve coisas que ela deve reconhecer como positivas
e negativas, proposta de sua terapeuta, o que acaba por virar uma jornada de
autoconhecimento – daquelas com muitas resistências no início, muitas
reviravoltas de recheio e grandes escolhas pelo caminho.
Sara,
como muitas pessoas, é uma pessoa de percepção frágil, que se entrega muito às
expectativas irreais. Por conta disso, decepciona-se muito. Mas está lá,
tentando mais uma vez, mesmo que isso envolva se meter nas mais loucas (e
perigosas) situações, mesmo que dê uns closes
errado bem errados. Quem equilibra essas doidices é sua amiga Denise, quem
tá “na guerra” pra tudo.
— Não. Se apaixonar é ótimo. Só lembra de não colocar todas as suas expectativas nesse cara! Você tem que conseguir ser feliz mesmo que as coisas não deem certo com ele também.
— Denise, para de querer cortar minha vibe! Você viu como o Tiago me trata, não viu? ele é superamoroso. Some de vez em quando, mas faz parte do jogo.
— Tá, pode ser. Mas lembra o que eu sempre digo? Para ser um bom par, você precisa saber ser um bom ímpar. Então, quando ele sumir, você tem que saber ficar bem consigo mesma. É isso que eu estou tentando...
Em
uma primeira impressão, o livro é bem clichê e não traz nada muito novo no meio
literário contemporâneo – é como a primeira temporada de Crazy Ex-Girlfriend,
misturado com filmes brasileiros babacas (como aquele S.O.S. Mulheres ao Mar),
umas romantizações e ganas dos anos 90 (em que mulheres precisam ou definem
quem são por ter um homem ao lado), e umas tiradas meio #fail. Mas esse ar
tragicômico exagerado é apenas um pano de fundo que vai tirar nossa personagem
das órbitas e, durante sua jornada, perceber o que é preciso fazer pelo seu
final feliz.
— Peraí. Se você é frustrado, o problema é seu. Não vem querer dizer que meus sonhos são impossíveis.
Esse
ponto de quebrar os tais ideais limitantes que torna o livro interessante.
Aliás, passei o livro inteiro torcendo por isso! Queria que Sara não tivesse a
Gio (a socialite), como inimiga e sim contasse a verdade sobre o pilantra que
só queria tirar vantagem delas #sororidade Queria que a Sara se libertasse
dessas noias que diminuem e prendem as mulheres por anos a fio e queria que ela
não se contentasse com um amor meio bosta
(ou com qualquer coisa mais) #yougogirl Nesse sentido, o livro traz sim algo
bom, algo novo, algo verdadeiro, e acho ótimo que isso seja reverberado pela
audiência que acompanha a autora.
Essa pergunta ainda me assombra. Tenho procurado muito de mim por aí.
É
um livro curto, super rápido e bem gostosinho de ler, excelente para aqueles
momentos de pausa ou quando a gente tá querendo pegar o ritmo de leitura após
uma ressaca. Não pense que por ser a Kéfera a autora, é um livro ruim ou sem
conteúdo – dê tchau a esse preconceito. Muito pelo
contrário, foi uma boa estreia da autora na ficção.
Recomendo!
Até a próxima o/
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