sexta-feira, 29 de junho de 2018

Resenha: "O Assassino do Rei - Saga do Assassino II" (Robin Hobb)

Tradução: Orlando Moreira

Sinopse: Segundo volume da saga fantástica de Robin Hobb! Fitz sobreviveu à sua primeira missão como assassino a serviço do rei, mas foi por pouco. Amargurado e sofrendo, ele pretende abandonar seu juramento ao Rei Sagaz e permanecer nas montanhas distantes. Porém o amor e acontecimentos terríveis o atraem de volta à corte em Torre do Cervo para as intrigas mortais da família real. Renovando seus violentos ataques ao litoral, os Salteadores dos Navios Vermelhos deixam um rastro de vilarejos queimados e vítimas ensandecidas. O reino também sofre agressões internas: a traição ameaça o trono do rei doente. Neste momento de grande perigo, o destino do reino talvez resida nas mãos de Fitz – e seu papel na salvação dele pode exigir seu sacrifício supremo.

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Trago a vocês hoje resenha do segundo livro da Saga do Assassino. O livro um, O Aprendiz de Assassino, já foi resenhado.

Como eu sempre costumo avisar, inicio as resenhas de séries/sagas com um  pequeno resumo do livro anterior, então se você não gosta de spoilers talvez você deva ficar por aqui até conseguir ler o primeiro livro.

Mas, voltando ao livro I, vemos que Fitz foi enviado para a sua primeira grande missão oficial como assassino, e que as coisas não saíram nem um pouco como o planejado.

Majestoso arquitetou as coisas de uma forma que deixava Fitz sem escolha: assim como Majestoso induziu o Rei Sagaz a enviar Fitz como assassino, alertou aos príncipes de sua vinda, fazendo com que qualquer atitude de Fitz acabasse em execução, seja por obedecer seu rei, seja por traí-lo.

Apesar de tomar a resolução mais nobre, Fitz acaba de qualquer forma servindo de instrumento à Majestoso, além de ser envenenado, o que quase culmina em sua morte. Não fosse a Manha, sua habilidade em conectar-se a animais, considerada por muitos abominável, com certeza não teria sobrevivido. No início deste segundo livro encontraremos um Fitz doente, alquebrado, quase desistindo da vida e com muita, mas muita pena de si mesmo. 


Havia um espelho no quarto. Primeiro, sorri para o meu reflexo. Nem mesmo o bobo da corte do Rei Sagaz se vestia de modo tão chamativo. Mas, por cima do vestuário colorido, o meu rosto estava magro e pálido, fazendo os meus olhos escuros parecer grandes demais, enquanto o meu cabelo preto e arrepiado, raspado por causa da febre, mantinha-se em pé como os pelos da cernelha de um cão. A doença tinha acabado comigo.  
- Estou incapacitado, Bronco. Não posso voltar assim para Torre do Cervo! Sou um inútil. Sou pior que inútil, sou uma vítima à espera. Se eu pudesse voltar e espancar Majestoso até esmagá-lo, talvez valesse a pena. Mas, em vez disso, vou ter de me sentar à mesa com o Príncipe Majestoso, ser educado e respeitoso com um homem que conspirou para derrubar Veracidade e, como toque final, tentou me matar. 

Preso nas montanhas, e desejando de lá nunca mais sair, Fitz acaba no entanto sendo transportado através do Talento, outro de seus poderes, para uma aldeia do Reino onde o que vê, finalmente, o faz retornar à vida.

- Uma maré enchente – ofeguei. – Trazendo navios. Navios de quilhas vermelhas… Os olhos do Bobo esbugalharam-se de alarme. – Nesta estação, Majestade? Certamente que não! No inverno, não! Sentia a respiração apertada no peito. Lutei para falar. – O inverno chegou com demasiada brandura. Poupou-nos tanto de suas tempestades como de sua proteção. Olhe. Olhe para ali, por sobre as águas. Vê? Eles vêm . Eles vêm do nevoeiro.

Tendo em mente descobrir se seu amor de infância sobreviveu, Fitz não percebe que o fez por intermédio de seu Rei Sagaz, e do quanto sua saúde está abalada. Encontra na volta para casa um príncipe Majestoso cada vez mais no controle dos Seis Ducados, um Príncipe Veracidade cada vez mais exaurido em sua tentativa de repelir os Salteadores e seus Navios Vermelhos, um Bobo com cada vez mais enigmas e uma vida que as vezes parece um tanto errática.

Mas servir ao Rei, ser seu assassino faz com que Fitz precise cada vez mais contornar seus inimigos, principalmente quando o príncipe Veracidade parte em busca dos Antigos para pedir ajuda, além de abdicar de seu coração em detrimento do dever por inúmeras vezes, o que lhe coloca em conflito constante.

No que diz respeito ao uso de seus atributos mágicos, o Talento ainda é um grande mistério para Fitz, mas a Manha é algo que ele se vê usando cada vez com mais frequência, ainda mais agora que, por compaixão, acabou por salvar um pequeno lobo de um futuro terrível.

É arrogante, Lobito. E ignorante. Então me ensine (responde o lobo). Virou a cabeça para o lado para permitir que os dentes de trás cortassem a carne e os tendões do osso que tinha entre as patas. É o seu dever de alcateia. Nós não somos alcateia. Eu não tenho alcateia. Minha fidelidade pertence ao meu rei. Se ele é seu líder, então também é meu. Somos alcateia. À medida que sua barriga ia ficando cheia, ele ia ficando cada vez mais complacente a respeito daquilo. Mudei de tática. Friamente, disse: Eu pertenço a uma alcateia da qual você não pode fazer parte. Na minha alcateia todos são humanos. Você não é humano. É um lobo. Não somos alcateia. Uma quietude cresceu dentro dele. Não tentou responder. Mas sentiu, e o que ele sentiu me congelou. Isolamento e traição. Solidão. Virei-me e deixei-o ali. Mas não consegui esconder dele como foi difícil abandoná-lo assim, nem esconder a profunda vergonha que senti por renegá-lo. Tive esperança de que ele também sentisse que eu acreditava que aquilo era o melhor para ele. À semelhança, refleti, do que Bronco sentira quando me tirara Narigudo porque eu me vinculara ao cachorro. Aquela ideia ardia, e eu não consegui me limitar a me afastar apressadamente; fugi. 

Este segundo volume segue a narrativa lenta do primeiro. Não é uma leitura para quem gosta de muita ação, movimento e reviravoltas. Há muitas descrições dos acontecimentos que são acompanhados muito de perto, que faz com que todo o livro abarque uma quantia relativamente curta de tempo.

A narrativa se acelera para o final que - confesso - foi de uma angústia avassaladora e de partir o coração! Se o livro já não tivesse sido publicado há bastante tempo, o que me deu a oportunidade de ir direto para a leitura do próximo, para saber como as coisas continuariam, teria passado uma raiva muito grande com certeza.

No próximo mês irei resenhar o terceiro e último volume da trilogia, mas já adianto que toda a leitura valeu muito a pena. Se você não leu ainda, leia. Se você gosta de épicos com fantasia, com certeza não irá se arrepender.

Abraços.

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quinta-feira, 28 de junho de 2018

[Cineclube]: Sexy Por Acidente




Cineclube é uma coluna semanal que tem como objetivo trazer para os leitores do Dear Book, críticas sobre filmes (do retrô até os últimos lançamentos), além de alguns especiais sobre temas do universo cinematográfico, passando eventualmente pelas séries que tocam nossos corações (seja por amor ou total aversão mesmo). Qualquer assunto da sétima arte que mereça ser discutido você vai ver por aqui, no Cineclube.






Titulo: Sexy Por Acidente
Data de lançamento (Brasil): 28 de junho de 2018
Diretor: Abby KohnMarc Silverstein
Elenco principal: Amy Schumer, Michelle Williams, Rory Scovel, Busy Philipps, Aidy Bryant, Tom Hopper, Emily Ratajkowski e Naomi Campbell.
Gênero: Comédia

Renee (Amy Schumer), uma mulher comum, luta diariamente com sua insegurança. Depois de cair de bicicleta e bater a cabeça, ela de repente acorda acreditando ser a mulher mais capaz e bonita do mundo. E com isso Renee começa a viver a vida mais confiante e sem medo das falhas.



Sexy Por Acidente é uma comédia sobre uma mulher insatisfeita e desconfortável com ela mesma, achando que seu corpo não se encaixa no estereótipo perfeito. E consequentemente com uma enorme falta de confiança nela mesma. Mas inesperadamente ela acorda de um acidente se enxergando completamente transformada e dentro do padrão de beleza que ela sempre quis e nunca conseguiu. Com isso, ela passa a acreditar que é capaz de tudo e passa a ter um comportamento completamente diferente, e que altera a sua vida.

Em um primeiro momento ao ler sobre o que se trata o filme pode existir uma ideia de que ele vem para menosprezar a mulher comum e fora do padrão "modelo" de beleza, querendo mostrar que a mulher bonita pode conseguir tudo. Mas o filme é muito diferente disso. Ele na verdade usa esse preconceito de que a beleza consegue tudo, para mostrar que as coisas não funcionam assim. De que ser bonita pode abrir portas, mas é a atitude que importa, além de que nem sempre ser bonita é sinônimo de felicidade.

A personagem Renee cria rapidamente uma ligação com a telespectadora por que é muito fácil se enxergar nela. Ela faz a mesmas coisas que muitas mulheres fazem pra tentar ficar daquele jeito sonhado. O filme é uma comédia divertida, com diversas situações em que você vai rir e sentir vergonha alheia pelas atitudes de Renee, que por se enxergar de outra forma, tem atitudes que você sabe que ela nunca teria naturalmente. 

O enredo é bem interessante, trazendo a comédia, mas também trazendo um lado mais maduro ao colocar como as atitudes de Renee mudam devido a tudo e como o fato de dar valor demais a algo, pode acabar afastando coisas que eram importantes para ela. O que acaba passando uma mensagem legal no final do filme. E para mim é algo que valoriza o filme muito mais do que apena a comédia desmedida.

Sobre o elenco, a Michelle Williams está em um papel que nunca imaginei que a veria e é impossível não rir quando ela aparece em cena com sua personagem com uma voz vem incomum. O resto do elenco tem um papel legal, mas realmente fica tudo por conta da Amy Schumer, que cria dá papel a uma personagem simpática e divertida, que se coloca em situações que são a graça do filme. 

No final das contas, Sexy Por Acidente é uma boa comédia, e também trás um tema legal e por que não, uma mensagem em sua história. Não é lá uma história inovadora, mas a escolha da atriz principal foi decisiva para entregar uma comédia que vai cumprir o que promete e ainda criar um laço com quem assiste. Lembrando que esse filme foi escrito pelos mesmos roteiristas de Como Ser Solteira e Nunca Fui Beijada. Vale a pena dar uma conferida nesse filme, se você gosta de uma boa comédia para se divertir.






Jayne Cordeiro é de Salvador-Bahia, e tem 26 anos. Enfermeira, com pós graduação em auditoria, sempre foi apaixonada por livros e filmes, e entrou no universo dos blogs em 2015, ao se tornar resenhista literária da página Maravilhosas Descobertas. Além disso, hoje ela também participa do blog O Clube da Meia Noite, como resenhista literária e esporadicamente na crítica de filmes. E agora faz parte do blog Dear Book com a nova coluna sobre filmes, Cineclube.

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                         E você, o que achou da coluna? Deixe seu comentário!


Até o próximo Cineclube!
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Resenha: "Ele - Quando Ryan conheceu James" (Elle Kennedy & Sarina Bowen)

Tradução: Lígia Azevedo

Sinopse: James Canning nunca descobriu como perdeu seu melhor e mais próximo amigo. Quatro anos atrás, seu tatuado, destemido e impulsivo companheiro desde a infância simplesmente cortou contato. O que aconteceu na última noite daquele acampamento de verão, quando tinham apenas 18 anos, não muda uma verdade simples: Jamie sente saudade de Wes.
O maior arrependimento de Ryan Wesley é ter convencido seu amigo extremamente hétero a participar de uma aposta que testou os limites da amizade deles. Agora, prestes a se enfrentarem nos times de hóquei da faculdade, ele finalmente terá a oportunidade de se desculpar. Mas, só de olhar para o seu antigo crush, Wes percebe que ainda não conseguiu superar sua paixão adolescente. 

Jamie esperou bastante tempo pelas respostas sobre o que aconteceu com seu relacionamento com Wes, mas, ao se reencontrarem, surgem ainda mais dúvidas. Uma noite de sexo pode estragar uma amizade? Essa e outras questões sobre si mesmos vão ter que ser respondidas quando Wesley e Jamie se veem como treinadores no mesmo acampamento de hóquei.



“Li este livro em uma sentada só — é tão bom! Se eu tivesse que selecionar duas autoras para colaborarem, não vejo dupla melhor que Bowen e Kennedy.” — Colleen Hoover, autora best-seller do New York Times
“A maneira como Sarina Bowen e Elle Kennedy desenvolvem o romance destes dois homens é atemporal e maravilhosamente real.” — Audrey Carlan, autora best-seller do New York Times




CONTEÚDO ADULTO
Fonte: Companhia das Letras

Por Eliel: Fiquei muito feliz em receber uma prova antecipada desse livro.Um pouco ansioso também, por esse ser o meu primeiro romance erótico. E comecei logo com um romance LGBTI. Com certeza, esse foi um livro completamente fora da minha zona de conforto que é basicamente constituído de distopias, fantasias e ficções.

Além de isso tudo ser novo para mim, é novo para a Editora Paralela também. Esse é o primeiro da temática no Brasil trazido pela editora.  Esse livro será lançado dia 29 de Junho e já está em pré-venda, só clicar no banner no final desse post e garantir já o seu!

Esse romance é uma parceria das autoras Elle Kennedy e Sarina Bowen. Elle já é bem conhecida pela série Amores Improváveis, ela tem experiência com livros de conteúdo adulto. Sarina também tem bastante experiência com esse tema e em com parcerias, principalmente de Elle. O que esperar dessas duas feras de romances hot quando os protagonistas são dois homens másculos jogadores de hóquei? Eu fiquei bem surpreso de como elas desenrolaram a trama.

É engraçado - tenho certeza de que todo mundo se arrepende de algo que já disse. Um insulto que dirigiram a alguém. Uma confissão que preferiam não ter feito. Talvez, não sei, uma piada insensível que gostariam de não ter contado.
A frase de que eu me arrependo? Vamos ver um pornô.

Iremos acompanhar a história de Wesley Ryan, um grande atacante de um time de hóquei na faculdade e promissor atleta profissional, e James Canning, um ótimo goleiro de hóquei e com futuro tão promissor quanto o do seu melhor amigo na adolescência. Cada capítulo é contado do ponto de vista de uma das personagens (ao melhor estilo Martin que eu curto muito hahaha).

Ryan Wesley (Wes) é um gay assumido e isso não é um grande problema para ele, seus colegas de time não tocam no assunto e nem se importam com quem ele dorme. A sua relação familiar não é a mais perfeita, mas eles também não influenciam sua vida. Ele já é um homem crescido e sabe se virar sozinho. 

Jamie Canningn não tem ideia do tipo de poder que exerce sobre mim.

James Canning (Jamie) é o caçula de uma família de seis irmãos fissurados em futebol americano e o hóquei foi a única maneira que encontrou para se destacar. Uma família muito unida que sempre estão se comunicando e fortalecendo os laços. Jamie tem um futuro promissor como goleiro profissional de hóquei. Devo dizer que ele é hétero, porque isso fará bastante sentido nesse romance.

Depois da tarde que tive, tenho certeza de que sua perplexidade não chega nem perto da minha.

Os dois se conheceram quando eram apenas meninos em um acampamento de hóquei e se tornaram melhores amigos desde então. Todos os verões passaram juntos até que a amizade ficou abalada por um acontecimento no último verão. Quatro anos depois do que aconteceu (só não conto porque é spoiler) eles se reencontram em um campeonato e tem muita coisa para resolver.

Mas não posso. Só posso agir como homem, apertar a mão dele e dizer que é bom vê-lo de novo. Posso encarar aqueles olhos castanhos que me desarmam e pedir desculpas por ser um imbecil. Depois posso pagar uma bebida e tentar puxar um papo sobre esportes ou qualquer outro assunto seguro.

O fato de Jamie ter sido o primeiro cara que amei e que fez com que eu encarasse verdades assustadoras relacionadas a mim mesmo... Bom, nesse assunto não vou tocar.
E então meu time vai acabar com o dele na final. E é assim que deve ser.

Entre muitos altos e baixos nessa relação de amizade, (muitos mesmo!) eles irão coisas descobrir sobre sua sexualidade, família, preconceito e perdão. Apesar das cenas hot, é um romance muito sincero. As autoras conseguem trazer muito da realidade para as páginas. Uma coisa que gostei muito foi que as personagens não são esteriótipos e sim pessoas que podemos encontram no dia-a-dia, são pessoas comuns com desejos comuns e reações comuns. Embora a história não seja nada comum.

A leitura é bem fluída e leve. Se prepare que as cenas hot são bem detalhadas. Em resumo, é um livro bem interessante que eu recomendo, mas apenas para os maiores de 18.

A data de publicação desse post (28 de Junho) é muito importante para a comunidade, pois:

"é o Dia do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex), data celebrada e lembrada mundialmente, que marca um episódio ocorrido em Nova Iorque, em 1969. Naquele dia, as pessoas que frequentavam o bar Stonewall Inn, até hoje um local de frequência de gays, lésbicas e trans, reagiram a uma série de batidas policiais que eram realizadas ali com frequência.O levante contra a perseguição da polícia às pessoas LGBTI durou mais duas noites e, no ano seguinte, resultou na organização na 1° parada do orgulho LGBT, realizada no dia 1° de julho de 1970, para lembrar o episódio. Hoje, as Paradas do Orgulho LGBT acontecem em quase todos os países do mundo e em muitas cidades do Brasil ao longo do ano". (Anistia Internacional)
E amanhã, 29 de junho de 2018, esse livro que chegou às minhas mãos será lançado! Garanta já o seu!

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segunda-feira, 25 de junho de 2018

Resenha: "A Heroína da Alvorada" (Alwyn Hamilton)

Tradução: Eric Novello


Sinopse: Quando a atiradora Amani Al-Hiza escapou da cidadezinha em que morava, jamais imaginava se envolver numa rebelião, muito menos ter de comandá-la. Depois que o cruel sultão de Miraji capturou as principais lideranças da revolta, a garota se vê obrigada a tomar as rédeas da situação e seguir até Eremot, uma cidade que não existe em nenhum mapa, apenas nas lendas — e onde seus amigos estariam aprisionados.

Armada com sua pistola, sua inteligência e seus poderes, ela vai atravessar as areias impiedosas para concluir essa missão de resgate, acompanhada do que restou da rebelião. Enquanto assiste àqueles que ama perderem a vida para soldados inimigos e criaturas do deserto, Amani se pergunta se pode ser a líder de que precisam ou se está conduzindo todos para a morte certa.

Fonte: Grupo Companhia das Letras

Por Eliel: Antes de começar a ler esse post eu sugiro dar uma olhada nos outros volumes da Trilogia do Deserto, e assim evitar qualquer possível spoiler que possa aparecer nesse texto.

Armani e o o que sobrou do exercito rebelde estão presos por uma muralha de fogo dentro do território inimigo. Os inimigos do sultão estão nos portões enquanto o sultão cria suas máquinas demoníacas com a ajuda de sua filha Leyla, uma traidora da rebelião. Houveram muitas mortes no último volume, A Traidora do Trono, e até o final dessa guerra terão muitas outras.



Ela havia morrido para que outros pudessem viver. Para que pudéssemos salvá-los. Para que outras garotas não morressem enquanto estivéssemos fora da cidade. Talvez até tivesse entrado ali sabendo que uma de nós morreria e decidira que seria ela. Para que pudéssemos viver. Escapar.Ela havia morrido para que pudéssemos fugir. Então fugimos.

Esse foi um dos volumes mais emocionantes e intensos para mim. Amani amadureceu muito e agora é a líder de uma rebelião e tem que fazer escolhas extremamente difíceis. Por vários momentos simplesmente precisei fechar o livro, respirar fundo e preparar um chá. 



Amani terá que lidar com as consequências de suas escolhas, com os seus desejos e com forças primordiais de seres míticos. Será que ela está preparada para tudo o que acontecerá até o clímax dessa aventura que chega ao fim nesse volume?

Tive a impressão de se tratar de um livro sobre encontros e desencontros, digo isso porque muitas personagens que nos foram apresentados em volumes anteriores estarão de volta. Bem ao estilo final de novela para dar desfecho aos seus arcos. Alguns desses encontros mais marcantes para mim foi entre Amani e seu irmão desaparecido, Noorsham; e quase no final de tudo - ao menos era o que parecia -, entre Amani e seu pai djinni, Bahadur.

Amani narrou a história dela em meio a uma guerra onde ela deixou de ser aquela garota egoísta da Vila da Poeira para se tornar uma das principais apoiadoras da causa do príncipe rebelde, Ahmed. Uma coisa que mais deixa curioso ao longo da leitura é se ele conseguirá cumprir sua promessa: Uma Nova Alvorada. Um Novo Deserto. E assim se tornar um governante que o sultão, seu pai, jamais fora para o povo.

O príncipe rebelde é o verdadeiro herdeiro. Ele deve governar Miraji, ou nenhum outro sultão reinará. O país será destruído pela guerra e pela conquista, consumido por exércitos à espreita em nossos portões. Será dividido e sangrará até a morte nas mãos de nossos inimigos.Este sultão só pode trazer escuridão e morte. Apenas o verdadeiro herdeiro de Miraji pode trazer paz e prosperidade.Então, um grito aflorou na multidão. Mesmo assim, todos ouviram as palavras que se seguiram.O príncipe rebelde renascerá.Trazendo uma nova alvorada. Um novo deserto.

Fugir da cidade de Izman, libertar o restante dos rebeldes de sua prisão em Eremot e acabar com o sultão são alguns dos maiores arcos desse livro, entre muitos outros que vão se solucionando, é um livro com muitas outras narrativas amarradas. Enxergo essas páginas como aquelas tapeçarias que tinham a mesma função de transmitir as histórias de um povo ao longo dos anos. 

Eu devia saber melhor do que ninguém a distância que separava as lendas da verdade. As histórias nem sempre eram contadas inteiras. Os monstros das histórias eram menos ferozes no mundo real; os heróis menos puros; os djinnis mais complicados. Mas havia certas coisas que não deveriam ser cutucadas só para ver se os dentes eram mesmo tão afiados quantos as histórias diziam. Porque, considerando a mínima possibilidade de as histórias estarem certas, você acabarias perdendo um dedo. 

A trilogia, como um todo, é super rica em relação ao folclore árabe. Isso fica muito nítido ao revelar o dia-a-dia das personagens, sua cultura e suas relações. E por se tratar de uma ficção fantástica, muitos dos mitos e lendas são mais vivos do que se pode imaginar.


Intercalado com a narrativa há pequenos contos relacionados às personagens, esses capítulos são os únicos que têm título. Alwyn conseguiu dar um final épico para essa trilogia arrebatadora e seguiu de perto o exemplo de Sherazade como uma contadora de histórias árabes.


A guerra tomava vidas e mudava as dos sobreviventes.

Bônus: Um e-book grátis com contos extras no mesmo universo de A Rebelde do Deserto. Confiram os Contos de Areia e Mar

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sexta-feira, 22 de junho de 2018

Resenha: "Oposição - Série Stellium" (Thaísa Lixa)

Por Sheila: Oi Pessoas! Como estão? Trago a vocês hoje a primeira resenha de nossa nova editora parceira, a Chiado que, segundo o site da mesma "é especializada na publicação de autores portugueses e brasileiros contemporâneos, sendo a maior empresa em Portugal e no Brasil neste segmento." Legal né? Para quem quiser saber um pouquinho mais e dar uma olhada no catálogo, pode clicar aqui para acessar o site.

Bom, contrariando minhas resoluções de 2018 de NÃO ler mais séries/sagas/trilogias até que estas já estivessem concluídas, a fim de não morrer de ansiedade e aflição, acabei pedindo esse livro para editora. Mas também com essa sinopse, quem não o faria?

A oposição acontece quando dois ou mais planetas estão opostos em um ângulo de aproximadamente 180 graus, e tal ocasiona em conflitos internos, tensões, desgastes e o grande desafio é conseguir manter o equilíbrio entre essas energias.
Em uma dimensão chamada Constelação, são os supremos Deuses do Inferno que controlam e ditam as regras da sociedade, amedrontando os humanos e os deixando dóceis perante seus poderes nessa e em todas as outras dimensões que existem pelo universo. Entretanto, por conta de uma traição, o Deus principal e líder, Ahriman, decretou uma lei que jamais poderia ser quebrada: Ele definiu que as diversidades genéticas não existiriam; o que faria a população ter uma aparência padronizada de olhos e cabelo castanho-escuros ou negros.
E assim era, até o nascimento da jovem Lilith, uma menina de cabelo loiro e olhos azuis, acompanhada de uma beleza estonteante e que atraía olhares de todos à sua volta, por sua singularidade e magnetismo pessoal. Tratada desde perfeição até aberração pelas pessoas de seu mundo, Lilith tenta sobreviver em meio a tanta gente intolerante. De uma coisa ela não tinha dúvida: havia sido amaldiçoada. Só mesmo este fato explicaria o motivo de ter nascido com a aparência proibida e de ter macabros pesadelos todas as vezes que dormia. Lilith pensava isso consigo mesma, não tendo a real dimensão do quanto suas suposições eram verdadeiras.

Já de início somos apresentados ao nascimento dos Deuses do Inferno que, na verdade, nada mais são que pedaços de alma do grande Deus Principal, Ahriman, que acabou por entediar-se de ser uma divindade única, vendo nessa repartição uma forma de mudar, mas permanecer o mesmo, só que em partes. Assim surgiram os Deuses do Inferno.

O primeiro a tomar forma humana foi Ahriman, o líder dos cinco Deuses e Supremo Senhor do Inferno.(...)A segunda foi Satria, a Deusa dos Prazeres da Luxúria.O terceiro foi Gunab, o Deus da ira e da Virilidade. O quarto foi Thymr, o Deus da Avareza e da Pobreza . E o quinto, o menos poderoso de todos, por ter sido o último a nascer, foi Lothur, o Deus da Inveja e da Intriga.

Depois disso, passaremos a conhecer o mundo de Constelação, onde nasceu uma criança com aspecto singular: Lilith tem cabelos loiros e olhos azuis, uma genética que foi há muito tempo banida pelos Deuses. Lilith tem apenas sete anos quando começa a ser assombrada por inúmeros pesadelos com os Deuses onde se vê sendo levada ao inferno.

Apoiada por sua irmã mais velha, Alice, e sua mãe Helena - que foi abandonada pelo pai das meninas quando Lilith nasceu por considerá-la uma "aberração" -, Lilith consegue uma medicação que interrompe seus pesadelos, que eram diários tornando-os esporádicos, enquanto vai crescendo e se tornando uma bela jovem.

Também vamos ser apresentados a uma outra dimensão e aos seres chamados demnos, que, apesar de serem descritos como seres formados de pura maldade, possuem integrantes para lá de bonzinhos. Nessa dimensão, os humanos são escravizados pelos demnos, mas existem aqueles que se "rebelam" contra os deuses ao tratarem "bem" seus escravos. É o caso dos irmãos Collet e Brunott e sua amiga Isabelle.

Claro que nem todos os demnos são bonzinhos. Iremos ser apresentados também ao demno Seth, que parece ter um prazer sádico em estripar humanos (com algumas cenas bastante explicitas) e Nathan, seu melhor amigo humano (pois é, HUMANO) que aparenta ser uma pessoa boa para todos, mas, na verdade, é tão perverso quanto Seth.

Entender isso tudo é importante porque em uma noite específica as duas irmãs, Alice e Lilith, caem por um portal na terra dos Demnos e parece ser aí que a história propriamente dita de fato começa a ser contada pela autora, apesar de que bem pouco do mistério é revelado e muitas coisas serão explicadas nos volumes subsequentes.

Oposição é um livro muito bem escrito, ortográfica e gramaticalmente falando. A ideia por detrás da história também é bastante original e o universo muito bem construído. Porém, achei algumas passagens um tanto quanto forçadas e difíceis de aceitar. Demnos bonzinhos? As meninas caem em outra dimensão, descobrem que provavelmente nunca vão voltar para casa e cinco minutos depois estão brincando de adivinhar o signo das demnos?

Fora isso, fiquei bastante curiosa com a continuação, principalmente após a revelação final, que obviamente não vou estragar a surpresa de vocês! Mais alguém leu? O que achou? Abraços e até a próxima!

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quinta-feira, 21 de junho de 2018

[Cineclube]: Jurassic World - Reino Ameaçado




Cineclube é uma coluna semanal que tem como objetivo trazer para os leitores do Dear Book, críticas sobre filmes (do retrô até os últimos lançamentos), além de alguns especiais sobre temas do universo cinematográfico, passando eventualmente pelas séries que tocam nossos corações (seja por amor ou total aversão mesmo). Qualquer assunto da sétima arte que mereça ser discutido você vai ver por aqui, no Cineclube.






Titulo: Jurassic World - Reino Ameaçado
Data de lançamento (Brasil): 21 de junho de 2018
Diretor: Juan Antonio Bayona
Elenco principal: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Rafe Spall, James Cromwell, Daniella Pineda, Justice Smith, e Isabella Sermon.
Gênero: AventuraFicção científica

Três anos após o fechamento do Jurassic Park, um vulcão prestes a entrar em erupção põe em risco a vida na ilha Nublar. No local não há mais qualquer presença humana, com os dinossauros vivendo livremente. Diante da situação, é preciso tomar uma decisão: deve-se retornar à ilha para salvar os animais ou abandoná-los para uma nova extinção? Decidida a resgatá-los, Claire (Bryce Dallas Howard) convoca Owen (Chris Pratt) a retornar à ilha com ela.



Agora em 2018 a franquia Jurassic Park completa 25 anos de lançada, exatamente no mesmo mês que o primeiro filme estreou em 1993. Depois do sucesso do retorno da série com Jurasssic World em 2015, esse universo interessante retorna com o novo filme Jurassic World - Reino Ameaçado, que se passa alguns anos após o fechamento do park. Temos o retorno dos atores Chris Pratt e Bryce Dallas Howard, que para mim, conseguem ser perfeitos juntos. A química entre os dois e as características de seus personagens são uma parte importante do filme, e a personagem Claire está ainda melhor nesse filme, sem aquele ar metido que a personagem dela trazia no primeiro filme.



O filme também apresenta outros novos personagens (destaque para a jovem Isabella Sermon) e trás de presente o aparecimento do ator Jeff Goldblum, que participou da franquia original. Ele é o responsável em apresentar nas telas o dilema principal do filme, sobre o que deve ser feito com os dinossauros que correm risco na ilha que será dizimada pelo vulcão. Será que o ser humano deve resgatar uma espécie que já foi naturalmente extinta séculos atrás, ou deve deixar novamente a vida seguir seu curso? E ainda analisando como o ser humano pode coabitar com algo que ele nunca precisou ou que pode trazer riscos pra ele?


Em relação a qualidade visual do filme, não se pode fazer menos que elogiar. Ele mantém o alto padrão de seus efeitos visuais, associado a uma trilha sonora boa e uma fotografia excelente. A história em si é boa, e apesar de ser um filme longo, ele não desperdiça nenhuma cena, e o filme consegue ter uma dinâmica ótima, sempre deixando o telespectador ansioso e se divertindo. Em alguns momentos dá pra perceber que eles mantiveram algumas coisas na estrutura do filme que lembram muito o anterior e até mesmo a franquia original. No caso do primeiro Jurassic World, era muito legal, porque fazia referencia aos antigos, e servia para causar aquela nostalgia especial. Agora com esse segundo Jurassic World já fica parecendo algo repetitivo, e você pensa: será que vão fazer isso em todos os filmes?

Mas posso dizer que isso é algo pontual e não altera o filme no geral. Ele cumpre exatamente o que promete, e apresenta uma obra cheia de aventura, ação, cenas divertidas, e muitos dinossauros extremamente bem feitos. É um filme muito importante para a franquia, porque ele abre as portas para uma expansão de novas possibilidades, saindo daquele esquema tradicional de um parque em uma ilha fechada. Então isso promete muita coisa para o próximo filme que já foi confirmado para 2021, e que deve ser ainda melhor que os filmes já lançados, se eles conseguirem manter essa ideia e cuidado que tem envolvido a franquia. Então Jurassic World - Reino ameaçado é garantia certa de diversão no cinema para toda a família, e um belo presente de aniversário para a série, não trazendo aquele declínio que muitas vezes acontece quando as séries são esticadas demais. Espero que se divirtam!










Jayne Cordeiro é de Salvador-Bahia, e tem 26 anos. Enfermeira, com pós graduação em auditoria, sempre foi apaixonada por livros e filmes, e entrou no universo dos blogs em 2015, ao se tornar resenhista literária da página Maravilhosas Descobertas. Além disso, hoje ela também participa do blog O Clube da Meia Noite, como resenhista literária e esporadicamente na crítica de filmes. E agora faz parte do blog Dear Book com a nova coluna sobre filmes, Cineclube.


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segunda-feira, 18 de junho de 2018

Resenha: "A Incendiária" (Stephen King)

Tradução: Regiane Winarski

Sinopse: Após anos esgotado no Brasil, A incendiária volta às livrarias como parte da Biblioteca Stephen King, coleção de clássicos do mestre do terror em edição especial com capa dura e conteúdo extra. No livro, Andy e Vicky eram apenas universitários precisando de uma grana extra quando se voluntariaram para um experimento científico comandado por uma organização governamental clandestina conhecida como “a Oficina”. As consequências foram o surgimento de estranhos poderes psíquicos — que tomaram efeitos ainda mais perigosos quando os dois se apaixonaram e tiveram uma filha.
Desde pequena, Charlie demonstra ter herdado um poder absoluto e incontrolável. Pirocinética, a garota é capaz de criar fogo com a mente. Agora o governo está à caça da garotinha, tentando capturá-la e utilizar seu poder como arma militar. Impotentes e cada vez mais acuados, pai e filha percorrem o país em uma fuga desesperada, e percebem que o poder de Charlie pode ser sua única chance de escapar.

Por Sheila: Oi pessoas!!!! Vários pontos de exclamação por que eu sempre fico super, hiper, ultra MEGA empolgada quando o assunto é Stephen King. Juntamos o querido King com a Suma (sua linda!) + edição em capa dura + relançamento de livro esgotado e o que acontece? Eu SURTO, obviamente.

Lançado em 1980, estava esgotado há vários anos, e era um dos pedidos constantes de inclusão na Biblioteca Stephen King - Inclusive por mim! E a nossa querida Suma, mais uma vez, conseguiu se superar na escolha e no capricho!

Para quem ainda não leu, vamos ao livro: no melhor estilo sci-fi, King irá nos apresentar aos jovens Andy e Vicky McGee, que foram usados em uma experiência secreta ainda adolescentes. Enquanto Andy consegue "empurrar" as pessoas e levá-las a pensar o que ele deseja, sua filha Charlene (Charlie) herda os genes modificados dos pais e parece ter poderes muito mais proeminentes. Enquanto Andy fica esgotado ao usar seus poderes, Charlie consegue fazê-lo sem nenhum efeito colateral.

Andy pegou a carteira, que tinha só uma nota de um dólar. Agradeceu a Deus por não ser um daqueles táxis com divisória à prova de balas, que não permitia contato entre passageiro e motorista, exceto por uma abertura para o dinheiro. Contato direto sempre facilitava o impulso. Nunca conseguiu descobrir se eraalgo psicológico ou não, e agora não importava.
— Vou dar a você quinhentos dólares — informou Andy, baixinho —, para você levar a minha filha e eu até Albany. Certo?
— Jeee-sus, moço… Andy colocou a nota na mão do taxista, e quando o sujeito olhou, Andy deu outro impulso… com força.
O motorista estava satisfeito. Não estava pensando na história enrolada do passageiro. Não estava questionando o que uma garotinha de sete anos estava fazendo visitando o pai por duas semanas em outubro, época de aulas. Não estava pensando no fato de que nenhum dos dois possuía bagagem . Não estava preocupado com nada. Ele tinha sido impulsionado. Agora, Andy pagaria o preço.

Acontece que os McGee nunca deixaram de ser vigiados pela Oficina, uma sociedade secreta que investiga e explora pessoas que apresentem qualquer tipo de poder especial. E assim, quando a pequena Charlie herda de seus pais a capacidade de produzir fogo, conhecida como pirocinesia, o casal faz de tudo para evitar que a mesma se exponha, ou exponha seus poderes especiais.

O início do livro é muito rápido, já começa com a fuga de pai e filha. Infelizmente, como Charlie tinha dificuldade em controlar seus poderes por causa de sua pouca idade, a Oficina descobriu seu dom, e tentou tirá-la de Andy e Vicky. Em meio a fuga, descobrimos que Vicky não os acompanha por que foi assassinada pela Oficina em sua tentativa de proteger a filha.

Papai, estou cansada — disse com agitação a garotinha de calça vermelha e blusa verde . — A gente não pode parar? — Ainda não, querida. Ele era um homem grande de ombros largos, vestindo um paletó de veludo gasto e puído e uma calça marrom de sarja. Ele e a garotinha estavam de mãos dadas, andando pela Terceira Avenida em Nova York. Caminhavam rápido, quase correndo. Ele olhou para trás, e o carro verde ainda estava lá, seguindo lentamente junto ao meio-fio. — Por favor, papai. Por favor. Ele olhou para ela e viu como seu rosto estava pálido. Havia círculos escuros embaixo dos olhos da menina. Ele a pegou no colo e a apoiou na dobra do braço, mas não sabia por quanto tempo conseguiria seguir assim. Também estava cansado , e Charlie não era mais tão leve. 

Um dos grandes antagonistas desta trama é o agente da Oficina, Rainbird, um indígena que persegue  a menina não pelos ideiais da organização que representa, mas por um motivo muito mais bizarro: Rainbird acredita que, ao matar Charlie, precisa olhar em seus olhos para receber uma grande revelação espiritual.

Adaptado para as telonas em 1984, chegou ao Brasil com o título Chamas da Vingança e tinha Drew Barrymore, ainda muito pequena, como Charlie e David Keith como Andy McGee, o pai. Infelizmente à época foi considerado um fracasso de bilheteria, mas ainda tenho a esperança de um remake.


Repleto de cenas de fuga desesperada, amizades desfeitas, dúvidas horrendas e muita ação nas mãos da pequena Charlie, que precisa usar seu dom para se defender, A Incendiária é um livro maravilhoso, que irá nos prender do início ao fim, não só por sua escrita, mas por nos fazer questionar a ética por trás da existência de diferenças que impactem a vida de outras pessoas.

Afinal, até onde podemos esperar que Charlie se torne uma pessoa "normal", ou que se torne uma incontrolável máquina de matar, incendiando tudo e todos em seu caminho? Teria tirado alguma vida se não tivesse sido tratada como um monstro? Seria seguro mantê-la em meio as ouras pessoas, sem poderes?

Um clássico obrigatório aos fãs de nosso querido King, e um trabalho mais que espetacular da nossa querida editora Suma, mais uma vez com capa dura em alto relevo, folhas amarelas, ótima revisão e diagramação que tornam a leitura um prazer. Recomendo!

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sexta-feira, 15 de junho de 2018

Resenha: "Pequenas Grandes Mentiras" (Liane Moriarty)

Tradução de Adalgisa Campos da Silva

Sinopse: Depois do sucesso de O Segredo do meu Marido, a autora australiana Liane Moriarty apresenta um livro ousado sobre as perigosas meias verdade que contamos a nós mesmos para sobreviver.

Com muita bebida e pouca comida, o encontro de pais dos alunos da Escola Pirriwee tem tudo para dar errado. Fantasiados de Audrey Hepburn e Elvis, os adultos começam a discutir já no portão de entrada, e, da varanda onde um pequeno grupo se juntou, alguém cai e morre.
Quem morreu? Foi acidente? Se foi homicídio, quem matou?
Pequenas grandes mentiras conta a história de três mulheres, cada uma delas diante de uma encruzilhada.
Madeline é forte e decidida. No segundo casamento, está muito chateada porque a filha do primeiro relacionamento quer morar com o pai e a jovem madrasta. Não bastasse isso, Skye, a filha do ex-marido com a nova mulher, está matriculada no mesmo jardim de infância da caçula de Madeline.
Celeste, mãe dos gêmeos Max e Josh, é uma mulher invejável. É magra, rica e bonita, e seu casamento com Perry parece perfeito demais para ser verdade.
Celeste e Madeleine ficam amigas de Jane, a jovem mãe solteira que se mudou para a cidade com o filho, Ziggy, fruto de uma noite malsucedida.
Quando Ziggy é acusado de bullying, as opiniões dos pais se dividem. As tensões nos pequenos grupos de mães vão aumentando até o fatídico dia em que alguém cai da varanda da escola e morre. Pais e professores têm impressões frequentemente contraditórias e a verdade fica difícil de ser alcançada.
Ao colocar em cena ex-maridos e segundas esposas, mãe e filhas, violência e escândalos familiares, Liane Moriarty escreveu um livro viciante, inteligente e bem-humorado, com observações perspicazes sobre a natureza humana.

Fonte: Skoob

Por Stephanie: Eu já tinha ouvido falar bastante das obras de Liane Moriarty, principalmente de O Segredo do Meu Marido. Mas acabou que a oportunidade (e a vontade) de ler Pequenas Grandes Mentiras apareceu e eu decidi começar por esta que agora é sua obra mais famosa, graças à série Big Little Lies da HBO, que estreou em 2017.

Vou ser bem claro: isso não é um circo. É uma investigação de assassinato.

Desde o início da história já sabemos que um crime - mais precisamente, uma morte - aconteceu. Não sabemos quem e nem como ocorreu, mas aos poucos o mistério vai sendo desenrolado e a expectativa vai aumentando para sabermos logo tudo o que se passou na fatídica “Noite de Perguntas”.

Os capítulos são no passado, quase como uma contagem regressiva que vai diminuindo de acordo com o passar dos dias. O começo da história serve para nos situar nas vidas dos personagens principais e nos apresentar aos primeiros dramas da obra (que não são poucos). Adorei o fato de a história se passar em Sidney, em meio a praias e paisagens incríveis. Dá um ótimo contraste com todas as situações complicadas apresentadas no livro.

A narrativa de Pequenas Grandes Mentiras é em terceira pessoa, alternando os pontos de vista principalmente entre Celeste, Jane e Madeline. Gostei das três personagens mas minha favorita foi Madeline. Ela se mostrou uma excelente amiga, esposa e mãe, mesmo sendo um pouco impulsiva às vezes.

A obra aborda três principais assuntos: violência doméstica, abuso sexual e bullying. A forma com que esses temas vão se entrelaçando é muito bem feita e nos mantém curiosos para saber como tudo se resolverá no final, e claro que esse é o maior destaque da obra.

Porém, mesmo com a curiosidade a mil, achei o livro um tanto arrastado. Liane Moriarty passa muito tempo descrevendo dias comuns nas vidas de seus personagens, que muitas vezes soaram bem monótonos e desinteressantes pra mim. Acho que o livro poderia ter facilmente umas 80 páginas a menos, sem perder sua força ou sua mensagem principal.

A revelação final é muito boa. Apesar de eu ter desconfiado de tudo lá pelos 60% do livro, fiquei feliz de ter acontecido como eu imaginei. Passa uma mensagem de sororidade, de apoiar outras mulheres sempre, apesar das diferenças que possamos ter umas com as outras.E também faz refletir sobre a maldade do ser humano; se é algo que se nasce ou se aprende. Eu já sei no que acredito, mas vou deixar o suspense para que você tire sua conclusão sozinho.

A origem de todos os conflitos é o momento em que alguém se sente ofendido.

Já tive a oportunidade de assistir à série e gostei, apesar das diferenças de roteiro. O final é um pouco diferente no desenvolvimento, mas o resultado é idêntico e a mensagem principal também. Palmas para o elenco super competente e para a produção impecável, com certeza mereceu todos os prêmios que levou!

Essa e outras resenhas vocês encontram no meu blog, o Devaneios de Papel!

Até a próxima, pessoal!
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Ana Liberato