sexta-feira, 29 de junho de 2018

Resenha: "O Assassino do Rei - Saga do Assassino II" (Robin Hobb)

Tradução: Orlando Moreira

Sinopse: Segundo volume da saga fantástica de Robin Hobb! Fitz sobreviveu à sua primeira missão como assassino a serviço do rei, mas foi por pouco. Amargurado e sofrendo, ele pretende abandonar seu juramento ao Rei Sagaz e permanecer nas montanhas distantes. Porém o amor e acontecimentos terríveis o atraem de volta à corte em Torre do Cervo para as intrigas mortais da família real. Renovando seus violentos ataques ao litoral, os Salteadores dos Navios Vermelhos deixam um rastro de vilarejos queimados e vítimas ensandecidas. O reino também sofre agressões internas: a traição ameaça o trono do rei doente. Neste momento de grande perigo, o destino do reino talvez resida nas mãos de Fitz – e seu papel na salvação dele pode exigir seu sacrifício supremo.

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Trago a vocês hoje resenha do segundo livro da Saga do Assassino. O livro um, O Aprendiz de Assassino, já foi resenhado.

Como eu sempre costumo avisar, inicio as resenhas de séries/sagas com um  pequeno resumo do livro anterior, então se você não gosta de spoilers talvez você deva ficar por aqui até conseguir ler o primeiro livro.

Mas, voltando ao livro I, vemos que Fitz foi enviado para a sua primeira grande missão oficial como assassino, e que as coisas não saíram nem um pouco como o planejado.

Majestoso arquitetou as coisas de uma forma que deixava Fitz sem escolha: assim como Majestoso induziu o Rei Sagaz a enviar Fitz como assassino, alertou aos príncipes de sua vinda, fazendo com que qualquer atitude de Fitz acabasse em execução, seja por obedecer seu rei, seja por traí-lo.

Apesar de tomar a resolução mais nobre, Fitz acaba de qualquer forma servindo de instrumento à Majestoso, além de ser envenenado, o que quase culmina em sua morte. Não fosse a Manha, sua habilidade em conectar-se a animais, considerada por muitos abominável, com certeza não teria sobrevivido. No início deste segundo livro encontraremos um Fitz doente, alquebrado, quase desistindo da vida e com muita, mas muita pena de si mesmo. 


Havia um espelho no quarto. Primeiro, sorri para o meu reflexo. Nem mesmo o bobo da corte do Rei Sagaz se vestia de modo tão chamativo. Mas, por cima do vestuário colorido, o meu rosto estava magro e pálido, fazendo os meus olhos escuros parecer grandes demais, enquanto o meu cabelo preto e arrepiado, raspado por causa da febre, mantinha-se em pé como os pelos da cernelha de um cão. A doença tinha acabado comigo.  
- Estou incapacitado, Bronco. Não posso voltar assim para Torre do Cervo! Sou um inútil. Sou pior que inútil, sou uma vítima à espera. Se eu pudesse voltar e espancar Majestoso até esmagá-lo, talvez valesse a pena. Mas, em vez disso, vou ter de me sentar à mesa com o Príncipe Majestoso, ser educado e respeitoso com um homem que conspirou para derrubar Veracidade e, como toque final, tentou me matar. 

Preso nas montanhas, e desejando de lá nunca mais sair, Fitz acaba no entanto sendo transportado através do Talento, outro de seus poderes, para uma aldeia do Reino onde o que vê, finalmente, o faz retornar à vida.

- Uma maré enchente – ofeguei. – Trazendo navios. Navios de quilhas vermelhas… Os olhos do Bobo esbugalharam-se de alarme. – Nesta estação, Majestade? Certamente que não! No inverno, não! Sentia a respiração apertada no peito. Lutei para falar. – O inverno chegou com demasiada brandura. Poupou-nos tanto de suas tempestades como de sua proteção. Olhe. Olhe para ali, por sobre as águas. Vê? Eles vêm . Eles vêm do nevoeiro.

Tendo em mente descobrir se seu amor de infância sobreviveu, Fitz não percebe que o fez por intermédio de seu Rei Sagaz, e do quanto sua saúde está abalada. Encontra na volta para casa um príncipe Majestoso cada vez mais no controle dos Seis Ducados, um Príncipe Veracidade cada vez mais exaurido em sua tentativa de repelir os Salteadores e seus Navios Vermelhos, um Bobo com cada vez mais enigmas e uma vida que as vezes parece um tanto errática.

Mas servir ao Rei, ser seu assassino faz com que Fitz precise cada vez mais contornar seus inimigos, principalmente quando o príncipe Veracidade parte em busca dos Antigos para pedir ajuda, além de abdicar de seu coração em detrimento do dever por inúmeras vezes, o que lhe coloca em conflito constante.

No que diz respeito ao uso de seus atributos mágicos, o Talento ainda é um grande mistério para Fitz, mas a Manha é algo que ele se vê usando cada vez com mais frequência, ainda mais agora que, por compaixão, acabou por salvar um pequeno lobo de um futuro terrível.

É arrogante, Lobito. E ignorante. Então me ensine (responde o lobo). Virou a cabeça para o lado para permitir que os dentes de trás cortassem a carne e os tendões do osso que tinha entre as patas. É o seu dever de alcateia. Nós não somos alcateia. Eu não tenho alcateia. Minha fidelidade pertence ao meu rei. Se ele é seu líder, então também é meu. Somos alcateia. À medida que sua barriga ia ficando cheia, ele ia ficando cada vez mais complacente a respeito daquilo. Mudei de tática. Friamente, disse: Eu pertenço a uma alcateia da qual você não pode fazer parte. Na minha alcateia todos são humanos. Você não é humano. É um lobo. Não somos alcateia. Uma quietude cresceu dentro dele. Não tentou responder. Mas sentiu, e o que ele sentiu me congelou. Isolamento e traição. Solidão. Virei-me e deixei-o ali. Mas não consegui esconder dele como foi difícil abandoná-lo assim, nem esconder a profunda vergonha que senti por renegá-lo. Tive esperança de que ele também sentisse que eu acreditava que aquilo era o melhor para ele. À semelhança, refleti, do que Bronco sentira quando me tirara Narigudo porque eu me vinculara ao cachorro. Aquela ideia ardia, e eu não consegui me limitar a me afastar apressadamente; fugi. 

Este segundo volume segue a narrativa lenta do primeiro. Não é uma leitura para quem gosta de muita ação, movimento e reviravoltas. Há muitas descrições dos acontecimentos que são acompanhados muito de perto, que faz com que todo o livro abarque uma quantia relativamente curta de tempo.

A narrativa se acelera para o final que - confesso - foi de uma angústia avassaladora e de partir o coração! Se o livro já não tivesse sido publicado há bastante tempo, o que me deu a oportunidade de ir direto para a leitura do próximo, para saber como as coisas continuariam, teria passado uma raiva muito grande com certeza.

No próximo mês irei resenhar o terceiro e último volume da trilogia, mas já adianto que toda a leitura valeu muito a pena. Se você não leu ainda, leia. Se você gosta de épicos com fantasia, com certeza não irá se arrepender.

Abraços.

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Ana Liberato