Tradução de Guilherme Miranda
Por Stephanie: O Ceifador foi uma das minhas melhores leituras de 2017 (e se tornou uma das favoritas da vida), então não tinha como não ficar com as expectativas nas alturas pela continuação, A Nuvem, lançada em maio de 2018 pela Editora Seguinte. Lembro que quando o livro chegou pra mim, eu quase dei um grito de tanta felicidade e obviamente passei a leitura na frente de todas as outras que estavam em andamento.
A sequência se inicia um ano depois do final do primeiro livro. A competição acabou, Rowan e Citra estão seguindo suas vidas, cada um com suas responsabilidades e seus desafios. No início, achei que o foco estava muito na Citra, fiquei vários capítulos esperando uma aparição de Rowan, mas em certo momento percebi que este segundo livro não seria mais sobre estes dois protagonistas. A história estava se expandindo.
Um ditador presunçoso permite que seus súditos culpem aqueles menos capazes de se defender pelos males do mundo. Uma rainha altiva permite massacres em nome de Deus. Um chefe de Estado arrogante permite todas as formas de ódio desde que alimentem sua ambição. E a triste verdade é que as pessoas engolem isso. A sociedade se devora e apodrece. A permissividade é o cadáver inchado da liberdade.
Acho que essa expansão era inevitável neste universo criado por Neal Shusterman, que ainda continua sendo um dos mais bem construídos que já tive a oportunidade ler. O autor continua levantando ótimos questionamentos, que neste livro vão além de temas como o sentido da vida ou de que maneira encaramos a morte. Em A Nuvem temos religião, propósito, relações familiares, o poder da Natureza, entre outros assuntos que por mais que já houvessem aparecido em O Ceifador, foram bem mais aprofundados nesse segundo livro. E a inclusão de trechos do ponto de vista da Nimbo-Cúmulo não foi nada menos do que incrível, além de essencial para o desenvolvimento da história.
Toda vez que testemunho um ato cruel de um ceifador corrupto, semeio nuvens em alguma parte do mundo e lamento em forma de chuva. É o mais próximo que consigo chegar de lágrimas.
O livro introduz alguns personagens novos, que inicialmente podem até parecer insignificantes, mas que aos poucos vão ganhando seu espaço e mostrando a que vieram. Como eu já disse, consegui perceber que A Nuvem não teria mais o mesmo foco, e por mais que isso tenha me incomodado um pouco, eu entendi a intenção de Shusterman e no fim das contas, gostei bastante do rumo que as coisas tomaram.
Assim como no primeiro livro, o autor conseguiu inserir várias reviravoltas na história, uma melhor do que a outra. Essa é uma das minhas coisas favoritas nesta trilogia: por mais que a gente espere que certas coisas aconteçam, a maneira que elas acontecem sempre é surpreendente e consegue nos pegar de surpresa. Minha vontade era de bater palmas a cada plot twist da obra.
O final de A Nuvem é sensacional; não sou muito fã de cliffhangers (acho que ninguém é), mas gostei do caminho que as coisas tomaram e estou empolgadíssima pra ver o que Neal Shusterman vai aprontar na continuação (e possível conclusão) dessa história tão extraordinária.
E então, tá esperando o quê para dar uma chance?
Até a próxima!