sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Resenha: "A Criança no Tempo" (Ian McEwan)


Sinopse: Numa ida rotineira ao supermercado, Stephen Lewis, escritor bem-sucedido de livros infantis, se depara com a maior agonia de um pai: Kate, sua filha de três anos, desaparece sem deixar rastros. Numa imagem terrível que se repete ao longo dos anos seguintes, ele percebe que a garota não vai voltar.

Com ternura e sensibilidade, Ian McEwan nos leva ao território sombrio de um casamento devastado pela perda de um filho. A ausência de Kate coloca a relação de Stephen e de sua esposa Julie em xeque, enquanto cada um deles enfrenta à sua maneira uma dor que só parece se intensificar com o passar do tempo. Vencedor do Whitbread Award, A criança no tempo discute temas como ausência, luto, culpa e as marcas indeléveis que um acontecimento pode deixar em uma família. Um romance surpreendente de um dos melhores escritores de sua geração.


Por Jayne Cordeiro: A Criança no Tempo é um drama, que trás como base o retrato de como um pai lida com o desaparecimento da filha pequena. O que por si só é algo bem profundo e dramático. Em muitos momentos da obra, acompanhamos os pensamentos do protagonista, e como ele passa por cada etapa de emoções que essa perda envolve. Vemos também como a relação dele com a esposa fica abalada e se quebra com o esse acontecimento tão devastador.

Ao tirar o salmão do carrinho, Stephen deu uma olhada para baixo, na direção de Kate, e piscou o olho. Ela o imitou, mas desajeitadamente, enrugando o nariz e fechando os dois olhos. Ele pôs o peixe na esteira e pediu à moça um saquinho. Ela meteu a mão debaixo de uma prateleira e lhe entregou o saquinho. Ele pegou e olhou para trás. Kate havia desaparecido. Não havia ninguém na fila atrás dele.

Achei a temática super interessante e em muitos momentos o leitor se emociona com o que lê. O autor consegue mostrar de forma madura e realista os sentimentos e atitudes que que um pai que perde uma filha deve passar. O desespero, a raiva e o luto. E tudo isso torna o livro riquíssimo, até porque o autor tem uma ótima escrita. A ambientação da história é interessante, e de certa forma atemporal, porque não dá para ter certeza sobre qual é o momento histórico em que se passa. Mesmo que saibamos que o livro foi escrito na década de 80.

Mas apesar de toda as qualidades na escrita, no drama central, o livro tem alguns pontos que a mim incomodou. Por mais que o livro cumpra a missão proposta pela sinopse de mostrar o sofrimento e a recuperação de um pai que perdeu a filha, para mim, o livro passa muito tempo com foco em outra situações, que acabam não tendo propósito nenhum. Particularmente, gosto de pensar, que todas as situações e diálogos em um livro ou filme, servem como uma ponte para algo na frente. Seja para levar o personagem a entender algo psicológico ou de uma situação. Mas isso não acontece aqui.

Devia haver algo carinhoso a dizer que não fosse nem frívolo nem o expusesse ainda mais. Mas só restava a conversa fiada. Só conseguia pensar em pegar a mão dela, e no entanto não o fez. Tinham exaurido as possibilidades, a tensão do toque, haviam chegado ao limite. Por ora, tudo estava neutralizado.

O protagonista visita familiares, amigos, frequenta reuniões que a longo prazo não acrescentam nada ao enredo ou continuidade da história. Essa ligação era muito mais visível quando ele visitava a esposa, e aí sim, conseguia ver um motivo, uma consequência daquele encontro. Então isso me incomodou, e me pareceu muito mais um desperdício de espaço no livro. A forma como o protagonista vai e volta em lembranças dele ou de histórias de outros personagens também deixou a leitura um pouco maçante em alguns momentos, o que fez a leitura ficar mai lenta.

Houve dias péssimos, quando quis morrer. Cada vez que aquela coisa voltava era mais forte e mais tentador. Sabia o que tinha de fazer. Tinha de parar de correr atrás dela em minha mente. Precisava parar de ansiar por ela, esperando vê-la na porta da frente. visualizando-a num bosque ou ouvindo sua voz quando fervia a água para o chá. Precisava continuar a amá-la, mas precisava também parar de desejá-la.

Acredito que A Criança no Tempo tem uma mensagem muito legal, e uma proposta boa. O autor mostra que tem um poder de escrita, mas pecou um pouco na forma como escolheu contar a história. Tudo acabou sendo um pouco decepcionante para mim, mas acho que esse é um daqueles livros, que gostar ou não vai depender muito do gosto pessoal do leitor, até porque Ian McEwan não é um autor consagrado sem motivo. Então cabe a você, leitor, decidir dar uma chance ou não a essa obra que já foi premiada internacionalmente. Boa leitura! Abraços.









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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

[Cineclube]: Vidas à Deriva







Cineclube é uma coluna semanal que tem como objetivo trazer para os leitores do Dear Book, críticas sobre filmes (do retrô até os últimos lançamentos), além de alguns especiais sobre temas do universo cinematográfico, passando eventualmente pelas séries que tocam nossos corações (seja por amor ou total aversão mesmo). Qualquer assunto da sétima arte que mereça ser discutido você vai ver por aqui, no Cineclube.





Titulo: Vidas à Deriva
Data de lançamento (Brasil): 09 de agosto de 2018
Diretor:  Baltasar Kormákur
Elenco principal: Shailene Woodley, Sam Claflin, Jeffrey Thomas, Elizabeth Hawthorne
Gênero: Drama, Romance, aventura

Apaixonados, os noivos Tami Oldham (Shailene Woodley) e Richard Sharp (Sam Claflin) velejam em mar aberto quando são atingidos por uma terrível tempestade. Passada a tormenta, ela se vê sozinha na embarcação em ruínas e tenta encontrar uma maneira de salvar a própria vida e a do parceiro debilitado.


Lembro quando vi o trailer desse filme pela primeira vez, e decidi que teria que vê-lo porque era com dois atores dos quais gosto muito. Finalmente consegui ver o filme, e trouxe para vocês as minhas impressões. No primeiro momento, Vidas à Deriva pode parecer uma daquelas histórias de drama/aventura em que o pessoas ficam presas em um situação, e precisam sobreviver a isso. Mas, apesar de existir essa parte no filme, sua história é muito mais um romance, e fiquei apaixonada por isso.


Ao mesmo tempo em que acompanhamos de cara, já as consequências de um trágico acidente em alto mar, vemos também cenas passadas, mostrando como o casal Tami e Richard se conheceram e acabaram parando naquela perigosa aventura. E achei bem interessante como decidiram mostrar essa história, não de forma completamente linear, mas de qualquer forma consegue fazer o telespectador se apaixonar por esses dois, como casal, mas também como personagens isolados.


Sam Claflin está encantador neste filme. Não tem um personagem tão destacado quando a da Shailene, que é um exemplo de força e superação, mas ainda assim, fundamental para o desenrolar do filme. A Shailene, como eu comentei, está espetacular aqui. Não só pela dedicação em perder de peso para o papel sofrido, mas por fazer uma personagem dramática, que precisa lutar batalhas a cada momento do dia para salvar ao homem que ama e a si mesma.


As cenas em alto mar foram muito bem feitas, principalmente a a cena envolvendo o acidente. O filme também trás cenário paradisíacos. Apesar de não ter um roteiro tão inovador, gostei de como o foco do filme é muito mais o romance do que a situação complicada que os personagens vivem. E o filme consegue até surpreender bastante no final. Vidas à Deriva é um daqueles romances carregados de drama, que fazem o telespectador se apaixonar, torcer pelos personagens, e ainda, talvez, derramar umas lágrimas no final. O que foi realmente o meu caso. Abraços!






Jayne Cordeiro é de Salvador-Bahia, e tem 26 anos. Enfermeira, com pós graduação em auditoria, sempre foi apaixonada por livros e filmes, e entrou no universo dos blogs em 2015, ao se tornar resenhista literária da página Maravilhosas Descobertas. Além disso, hoje ela também participa do blog O Clube da Meia Noite, como resenhista literária e esporadicamente na crítica de filmes. E agora faz parte do blog Dear Book com a nova coluna sobre filmes, Cineclube.

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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Resenha: "Solomon Kane - A Saga Completa" (Robert E. Howard)




Sinopse: 'Solomon Kane: A Saga Completa' é uma obra na qual o leitor terá oportunidade de conhecer diversas aventuras de Solomon Kane, o famoso puritano inglês. Histórias repletas de fantasia, seres demoníacos e misteriosos, além de batalhas épicas. 

Após o lançamento de Conan, o bárbaro, a Generale traz para o público brasileiro uma coletânea de contos de Robert E. Howard sobre Solomon Kane. Neste livro, são também publicadas cartas do arquivo pessoal do autor, incluindo a correspondência enviada por seu pai a H. P. Lovecraft, um tocante relato sobre o suicídio de Howard. 

Conheça as histórias que inspiraram grandes autores e roteiristas e que serviram de base para o filme Solomon Kane - o caçador de demônios. Leitura obrigatória para fãs de leitura de fantasia e do gênero espada e feitiçaria.


Por Jayne Cordeiro: Quando peguei o livro Salomon Kane - A Saga Completa, eu não tinha nenhuma noção sobre o personagem ou como suas histórias tinham sido fundamentais na época para a criação desse universo de fantasia tão explorado hoje em dia. O livro, que visualmente parece ter sido feito com todo o cuidado, também tem toda uma preocupação em não apenas nos entregar os contos sobre esse personagem, mas também de ambientalizar o que eles foram para a época em que foram lançados e como influenciaram hoje.

Se este é o seu primeiro contato com uma obra desse impressionante escritor, há algumas coisas que você precisa saber, como o fato de ele ser considerado o "pai" do gênero espada e feitiçaria, tendo precedido em muitas décadas expoentes que são referências no gênero, como J. R. R. Tolkien, Michael Moorcock e, mais recentemente, George R. R. Martin.


Esse prefácio é fundamental para que o leitor chegue na obra com um olhar bem diferente, e perceba as técnicas das histórias, não como algo batido (clichê), mas como o ponto inicial do que vemos muito hoje em dia. O livro é composto de vários contos envolvendo o mesmo protagonista, e são de tamanhos variados, sempre tendo um ponto inicial e final na aventura daquela vez. São aventuras que envolvem sempre o protagonista combatendo algum mal, seja ele humano ou sobrenatural. São histórias bem desenvolvidas e bem condizentes com a época em que foram escritas, começando na década de 20, então é possível perceber certos pensamentos comuns da época, mas que não atrapalham a história.

Kane, movendo-se com a velocidade de um lobo esfomeado, disparou utilizando a segunda pistola com o mesmo resultado ineficaz, desembainhou seu longo florete e estocou o centro do atacante enevoado. A lâmina cantou ao atravessá-lo por completo, sem encontrar resistência sólida, mas o puritano sentiu dedos gelados apertarem seus membros e garras bestiais rasgarem suas vestes e até a pele debaixo delas.

Salomon Kane é personagem bem interessante e complexo. Um homem que vaga pela Terra lutando contra homens e criaturas cruéis, buscando ajudar os indefesos. Um conto por si só não possibilita que muito seja feito ou analisado na escrita, mas quando você pega uma obra completa, com todos esses contos reunidos, é fácil ver a evolução do personagem a cada ano. Na verdade é uma evolução tanto do personagem, quanto do autor, a cada conto escrito. A escrita dele é envolvente e bem detalhada, sendo perfeita para o tipo de história que foi criada.

A vila silenciosa com seu fardo de morte e mistério desaparecia atrás dele. A mais profunda quietude reinava em meio àquelas terras altas, de secretividade absoluta, onde os pássaros não cantavam, e apenas uma silenciosa arara planava entre as grandes árvores. Os únicos sons eram as passadas felinas de Kane e o murmurar da bria assombrada pelos tambores.

Para quem gosta desse estilo de fantasia, com um guerreiro em combates contra seres sobrenaturais, com certeza precisa ler este livro sobre Salomon Kane. Não é de nenhuma forma uma história romântica, com foco total na aventura, mas continua sendo uma leitura bem legal. A editora está de parabéns pelo cuidado que teve em toda a elaboração do projeto, com direito a presença de cartas escritas pelo autor e pelo seu pai, além de informações sobre o filme que foi feito baseado nessa obra, e que apesar de não ter feito sucesso, agradou bastante. Então espero que deem uma chance a essa história que apesar de antiga, ainda é bem atual. Abraços!







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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Resenha: "A Fúria do Assassino - Saga do Assassino" (Robin Hobb)

Tradução: Orlando Moreira

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Eu confesso que ADORO chegar ao fim de uma trilogia. Meso que as vezes o fim não me agrade muito, fico com uma grande sensação de dever cumprido, tanto comigo mesma e, claro, com vocês leitores.

Você pode ler as resenhas do primeiro livro, O Aprendiz de Assassino aqui e do segundo O Assassino do Rei aqui. Como em toda resenha de livros que são continuações, é inevitável que hajam alguns spoilers a respeito dos livros anteriores então, se você ainda nãos os leu, recomendo ler somente a primeira resenha.

O final do livro dois foi de partir o coração. O Bastardo do Cavalaria morreu... só para voltar a andar entre os vivos novamente, após dividir parte de sua consciência com seu Lobo, através da manha. Mas ao final de O Assassino do Rei, já não parece restar muito de humano em Fitz.

Acusado de perpetrar a morte de seu Rei, Fitz fica escondido em uma cabana com Bronco, que começa a fazê-lo, lentamente, a retornar a sua condição de ser humano, deixando de lado sua ligação profunda com o lobo.

O quarto estava quente demais. E era demasiado pequeno. Arquejar já não me esfriava. Levantei-me da mesa e fui até o barril de água que estava no canto. Tirei a tampa e bebi longamente. O Coração da Matilha ergueu os olhos com um quase-rosnado. — Use um copo, Fitz. A água escorreu pelo meu queixo. Olhei-o com firmeza, observando-o. — Limpe a cara. — O Coração da Matilha afastou os olhos de mim, de volta às suas mãos. Tinha nelas gordura, que esfregava numas correias. Senti o cheiro. Lambi os lábios. — Estou com fome — disse-lhe. — Sente-se e termine o trabalho. Depois comeremos. Tentei me lembrar do que ele queria de mim. Ele moveu a mão na direção da mesa e eu me lembrei. Mais correias de couro na minha ponta da mesa. Voltei e me sentei na cadeira dura. — Estou com fome agora — expliquei-lhe. Ele voltou a me olhar daquela maneira que não mostrava os dentes, mas que ainda era um rosnado. O Coração da Matilha era capaz de rosnar com os olhos. Suspirei. 

Mas Fitz não quer voltar. O príncipe Majestoso, verdadeiro responsável pela morte do Rei Sagaz, saiu impune de seu parricídio ao culpá-lo. Sua vida precisa ser abandonada, pois foi acusado de magia negra antes de ser morto. Ou seja, retornar dos mortos seria justamente a confirmação de que todos precisavam de que de fato estava associado a coisas nefastas como a manha.

No reino, Majestoso ao invés de enfrentar o perigo que assola os Seis Ducados, retira-se para a terra natal de sua mãe, deixando os Ducados da região fronteiriça à sua própria sorte.  A Princesa Kettricken também fugiu para as montanhas, em sua terra natal, mas não por covardia: mas por esse ser a única forma de proteger o filho de Veracidade, próximo sucessor na linhagem e uma ameaça direta ao príncipe Majestoso.

Veracidade ainda se encontra desaparecido, em sua viagem em busca do poder dos antigos, que venham ajudá-los na grande guerra que se aproxima. Moli, o grande amor de Fitz, foi embora grávida de um filho seu, sem que o mesmo possa agora procurá-la sem pô-la em risco e ao seu filho por nascer.
— Rei Veracidade — lembrou com suavidade a Bronco. — Se estivesse aqui. — Desviou o olhar para longe. — Se fosse regressar, acho que já estaria aqui a esta altura — disse ele em voz baixa. — Mais alguns dias calmos como este e haverá Salteadores dos Navios Vermelhos em todas as baías. Já não acredito que Veracidade regresse. — Então Majestoso é verdadeiramente rei — disse Bronco com amargura. — Pelo menos até que o filho de Kettricken nasça e chegue à maioridade. E depois podemos esperar uma guerra civil se a criança tentar reivindicar a coroa. Caso ainda restem Seis Ducados para governar. Veracidade. Agora gostaria que ele não tivesse partido em busca dos Antigos. Pelo menos enquanto estivesse vivo teríamos alguma proteção contra os Salteadores. Agora, com Veracidade longe e a primavera ganhando força, não há nada entre nós e os Navios Vermelhos… 
Recobrando parte de sua humanidade, Fitz não quer mais estar preso a deveres com nenhum Rei, Ducado, amigo ou parente. Fitz quer somente uma coisa: vingança. E irá embarcar em uma grande jornada em busca de Majestoso, quem acredita ser o responsável por sua desdita, num desfecho que finalmente o fará de ser um menino, e o tornará um homem.

Mais uma vez, os livros da autora não são livros feitos para quem gosta de cenas rápidas, batalhas épicas, grandes reviravoltas. O passo utilizado para chegar-se até algumas conclusões é bem lento. Algumas das muitas críticas da autora chegam a dizer que este é um passo lento até demais.

No entanto, no fim, mas bem no fim mesmo, entendemos que cada palavra fez parte da construção dos personagens, de suas personalidades, a fim de torná-los quem são e explicar algumas passagens. Da mesma forma, a autora criou um universo muito rico, e que não se esgota nas páginas deste três volumes, tendo já escrito uma continuação para esta saga.

O final é bonito. Quase lírico. Mas não é de todo feliz, o que também é bom. Esta não é uma saga onde no final tudo da certo e todas as pessoas conseguem o que queriam e tudo fica bem. Para se alcançar determinados fins, há de se fazer enormes sacrifícios. E a recompensa não vem sem dor.

Recomendo.





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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

[Cineclube]: Para Todos os Garotos que Já Amei





Cineclube é uma coluna semanal que tem como objetivo trazer para os leitores do Dear Book, críticas sobre filmes (do retrô até os últimos lançamentos), além de alguns especiais sobre temas do universo cinematográfico, passando eventualmente pelas séries que tocam nossos corações (seja por amor ou total aversão mesmo). Qualquer assunto da sétima arte que mereça ser discutido você vai ver por aqui, no Cineclube.






Titulo: Para Todos os Garotos que já amei
Data de lançamento (Brasil): 17 de agosto de 2018
Diretor:  Susan Johnson
Elenco principal: Lana Condor, John Corbett, Noah Centineo, Janel Parrish, Israel Broussard, Andrew Bachelor, Emilija Baranac, Mafeleine Arthur, Anna Cathcart
Gênero: Comédia dramática, Romance

Lara Jean Song Covey (Lana Condor) escreve cartas de amor secretas para todos os seus antigos paqueras. Um dia, essas cartas são misteriosamente enviadas para os meninos sobre os quem ela escreve, virando sua vida de cabeça para baixo.

Temos aqui mais uma adaptação de um livro para filme, e dessa vez produzida pela Netflix. As expectativas dos fãs (e de quem não leu também) eram altas, depois do trailer que o canal lançou, trazendo essa história juvenil e divertida, sobre uma jovem que vê suas cartas de amor secretas, serem enviadas para todos os garotos que ela já se apaixonou. Como algumas foram escritas quando bem mais nova, isso não seria um problema, se no meio dessas cartas não estivesse uma para o namorado da irmã, e para o namorado de sua rival de escola. É então que a coisa se complica.

Apesar de a Netflix nem sempre acertar, não dá para duvidar que, quando eles querem, sabem fazer um filme com toda a qualidade. E dá pra ver que cada detalhe foi pensado em "Para todos os garotos que já amei". Visualmente o filme é muito bonito, e percebe-se o cuidado nos figurinos, cenários, e tudo o que gira em torno da protagonista. Na medida em que o filme passa, a personagem vai se desenvolvendo, e utilizam até a forma como ela prende o cabelo pra isso.


Sobre o enredo, é uma história bem interessante. Como reagir quando todas as suas paixões descobrem que você já gostou deles? E de uma forma bem vergonhosa? Um filme sobre o universo colegial, envolvendo romance e questões familiares, pode ser considerado um tema meio batido, mas não se engane. Não estão falando tanto sobre esse filme a toa. Ele consegue trazer esse tema com uma roupagem bem legal e divertida. A protagonista é divertida, dramática (de forma legal) e os outros personagens são absolutamente encantadores. Todos eles. Assim, a escolha de elenco foi muito bem feita. As atuações podem até não ser dignas de um Oscar, mas se encaixam perfeitamente aqui, e a química é rápida.


 Além de o filme ser contado de forma bem divertida, com direito a romance, o filme também trás uma parte dramática bem interessante, contada de um jeito doce e natural. Sem grandes exageros. Em pouco tempo a Netflix já teve a prova de que toda a sua atenção a produção deu certo, e o filme tem arrancado elogios de todos. É bem provável que a continuação (os livros são uma trilogia) venha logo, e devemos ter noticias em breve sobre isso. Para Todos os Garotos que Já Amei, é uma promessa de diversão e romance que você que é fã do gênero não vai querer perder. Espero que gote tanto quanto eu! Abraços.











Jayne Cordeiro é de Salvador-Bahia, e tem 26 anos. Enfermeira, com pós graduação em auditoria, sempre foi apaixonada por livros e filmes, e entrou no universo dos blogs em 2015, ao se tornar resenhista literária da página Maravilhosas Descobertas. Além disso, hoje ela também participa do blog O Clube da Meia Noite, como resenhista literária e esporadicamente na crítica de filmes. E agora faz parte do blog Dear Book com a nova coluna sobre filmes, Cineclube.

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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Resenha: "Cicatrizes" (Eva Zooks)



Sinopse: Perdida em um mar de ilusão. Afogando-se em uma onda de solidão, entregando-se as pequenas chances e esperanças de enfim recomeçar, Cassie luta contra o mar bravio e revolto que está sua vida, caminhando em direção ao farol, seu porto seguro. 

Hawke. Um homem bem sucedido que vê sua vida virada as avessas com a entrada desse furacão. Uma batalha será travada, de um lado o amor, quase obsessivo de Cassie e de outro a força centrada e resoluta de Hawke. Princípios serão quebrados, lágrimas derramadas, corações dilacerados. Tudo em nome do amor.

Um amor que transcende os limites da sanidade. Regado pela dor, pela entrega e a submissão. Um amor que nada conseguirá apagar.



Por Jayne Cordeiro: Eva Zooks é uma autora nacional que possui diversos livros publicados, mas que nunca tive a chance de ler. Mas finalmente a oportunidade chegou e aqui está a resenha de Cicatrizes. Temos aqui um romance que no começo ele parece que vai girar ao redor de uma temática BDSM, já que a protagonista Cassie tem esse desejo de ser uma submissa e achar um Dom, mas apesar de isso ser colocado algumas vezes durante o livro, acaba ficando mais na conversa do que na ação. Existem algumas cenas sexuais, mas nada fora do comum, então fiquei com aquela sensação de que prometeram algo que não foi apresentando.

Em uma relação D/S o que prevalece é a confiança, sem ela nada nunca funcionará. Você confia a ponto de colocar sua vida nas mãos do outro. Nada te amedronta se tem a certeza de que está sendo cuidada, conduzida por aquele que é DONO de sua confiança, de sua submissão.

Mas durante o livro existem algumas conversas sobre esse tema e é preciso ter a mente aberta para aceitar algumas atitudes do casal, principalmente do Hawke, que tem bem essa característica de Dom e aquele ar de mandão. Mas o livro em sí é bem gostoso de ler. É bem escrito e a história não se estende muito, acabando na medida certa. A protagonista Cassie começa o livro como uma mulher insatisfeita, procurando algo diferente em um relacionamento. Ela tem alguns encontros, mas não deseja um relacionamento com nenhum deles. até que conhece Hawke. Então ela muda completamente, virando uma mulher apaixonada, que se apega rapidamente, e que não consegue lidar emocionalmente com as coisas que acontecem.

O futuro não existe. Do que eu quero, do que eu preciso é do agora. E nesse agora, você me tem aos seus pés.

No começo você pode até estranhar essa personalidade da personagem, mas na verdade a autora está mostrando a Cassie dessa forma, para apresentar um problema bem interessante que é o transtorno de Borderline, uma instabilidade no humor, no comportamento e etc, que que tem diversos sintomas, mas que no caso dela, vem muito demonstrado pela necessidade de se cortar, para que a dor física seja maior e se sobreponha a dor emocional. Em nenhum momento é utilizado algum termo médico, e o tema é pouco discutido entre os personagem. O que pra mim foi uma bela oportunidade perdida. Mas ainda assim, é legal e inovador ver um personagem com um problema assim.


O estômago ainda doía e a respiração seguia difícil. Tirando as calças, dobrou-a e a colocou em cima do vaso sanitário. Pegou o kit e sentou-se no chão. O coração estava acelerado, um frio na barriga que fazia seu estômago revirar, mas a dor estava indo embora e a respiração estava voltando aos poucos. O sentimento de antecipação agia como uma onda de adrenalina por seu corpo, a dor que estava por vir era bem mais fácil de ser suportada do que o transtorno emocional que a estava atormentando há dias. 


Quanto a Hawke, ele se mostra um homem maduro, concentrado, mas também muito passional em relação a Cassie, e que apesar de ter um jeito mais autoritário (muito ligado ao relacionamento Dom/Submissa), ele sempre respeita as decisões e desejos de Cassie, e tenta lidar de forma racional com as variações de humor dela.

Faça de mim sua morada, seu guia. Faça de minhas ordens seu mantra.

Apesar de ter uma ou duas questões que eu faria diferente nessa história, Cicatrizes é um bom romance erótico, com uma escrita atraente, personagens bem escritos e com um romance forte, passional e que consome os protagonistas. É um livro que atrai o leitor com diálogos fortes e até poéticos, e que para mim, já criou uma curiosidade por ler outros livros da autora. Então cabe a vocês darem uma chance a Cicatrizes e tirar suas próprias conclusões. Espero que gostem! Até a próxima.





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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Resenha: "Dom - Trilogia Protetores: livro 1" (Anne Marck)



Sinopse: Dominic carrega uma história de superação de uma infância miserável lutando para proteger a si e seus irmãos mais novos dos perigos de viver nas ruas. Boas oportunidades apareceram, ele se tornou um grande cara e tomou para si a missão de fazer com que outros não passem pelo que ele passou.

Luna é jovem, estudiosa, que se viu arrancada de sua vida estável e encontra-se sob a mira de um padrasto ganancioso. Ela teve que fugir e agora precisa lutar por sua sobrevivência. 
Revirando o lixo do Centro Comunitário administrado por Dominic, em busca de comida, Luna é pega em flagrante por ele. 
Ela quer fugir. Ele quer protegê-la.
O que Dom não esperava é que a menina se enraizasse sob sua pele. Ela é jovem demais para seu gosto e ele tem sua própria demanda de satisfação. Resistir a forte atração pela garota inocente possivelmente será o seu maior desafio.


Por Jayne Cordeiro: Já ouvi diversos elogios a Trilogia Protetores, e decidi conferir pessoalmente se a história era tão boa assim. Cada livro da trilogia leva o nome do protagonista masculino, e são histórias separadas, apesar de todas se entrelaçarem. Neste primeiro livro, temos Dominic, um homem que passou por muita coisa na juventude, e por causa disso quis dedicar o seu trabalho a ajudar pessoas que passaram pela mesma coisa que ele. Por isso ele administra o centro comunitário para pessoas carentes e em situação de rua. Ele é um personagem muito interessante, protetor como a série já diz, e que não pensa duas vezes em ajudar Luna apesar de todos os riscos.

Assim que seus olhos dilatados recuperam o foco e encontram os meus, sinto que acabei de entrar em algo muito maior do que sou capaz de administrar.

Já Luna, é uma jovem que passa por muita coisa em pouco tempo. Ela se mostra muito guerreira e determinada a provar quem é o culpado da morte da mãe e de tentar matá-la. Apesar de essa determinação de fazer isso e de forma solitária tenha criado muitos problemas, e o leitor tenha vontade de sacudir a mocinha algumas vezes. Mas ela é uma personagem que a gente se aproxima rapidamente, e é muito legal ver como o relacionamento dela com Dominic vai crescendo e evoluindo.

A sensação é além do que eu esperava, é como o combustível flertando com uma fogueira, despertando faíscas perigosas.

Dom é um romance super bem escrito, com uma história que vai crescendo a cada página. Apesar de Luna ter chamado a atenção de Dominic desde o começo, a coisa entre os dois não acontece de repente, mas sim de forma madura e real. O livro apresenta algumas cenas de sexo, mas acontece bem mais para frente, e não tendo aquele problema de muitas vezes a história girar ao redor desses momentos. Foi um livro que me surpreendeu bastante e que li em pouco tempo.

Eu te amo pra caralho, Luna Saint'Clair. Não pretendo me mover uma polegada para longe de você.

Não tem um enredo muito diferente ou inovador, mas é bem construído e apresenta um romance encantador entre o casal. O livro já apresenta o casal do livro seguinte Damien, e que promete ser mais tenso, por causa das pessoas envolvidas: Jazmine, uma prostituta, e Damien, o irmão de Dominic e possuidor de um carácter bem mais duvidoso que o irmão. Mas que promete ser um livro que vai soltar muitas faíscas entre os personagens. Espero estar trazendo a resenha dele logo para vocês. Abraços!







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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

[Cineclube]: Mamma Mia - Lá Vamos Nós de Novo!






Cineclube é uma coluna semanal que tem como objetivo trazer para os leitores do Dear Book, críticas sobre filmes (do retrô até os últimos lançamentos), além de alguns especiais sobre temas do universo cinematográfico, passando eventualmente pelas séries que tocam nossos corações (seja por amor ou total aversão mesmo). Qualquer assunto da sétima arte que mereça ser discutido você vai ver por aqui, no Cineclube.





Titulo: Mamma Mia - Lá Vamos Nós de Novo!
Data de lançamento (Brasil): 2 de agosto de 2018
Diretor:  Ol Parker
Elenco principal: Lily James, Amanda Seyfried, Meryl Streep, Pierce Brosnan, Colin Firth, Stellan Skarsgard, Cher, Julie Walters, Christine Baranski, Dominic Cooper
Gênero: Comédia, Musical


Um ano após a morte de Donna (Meryl Streep), sua filha Sophie (Amanda Seyfried) está prestes a reinaugurar o hotel da mãe, agora totalmente reformado. Para tanto convida seus três "pais", Harry (Colin Firth), Sam (Pierce Brosnan) e Bill (Stellan Skarsgard) e as eternas amigas da mãe, Rosie (Julie Walters) e Tanya (Christine Baranski), ao mesmo tempo em que precisa lidar com a distância do marido Sky (Dominic Cooper), que está fazendo um curso de hotelaria em Nova York. O reencontro serve para desenterrar memórias sobre a juventude de Donna (Lily James), no final dos anos 70, quando ela resolve se estabelecer na Grécia.



Foi com surpresa e animação que recebi tempos atrás a noticia do lançamento de um segundo Mamma Mia!, o musical que me encantou tanto anos atrás e me tornou fã do grupo ABBA. E finalmente tive a oportunidade de conferir como ficou a produção. E posso dizer que me diverti tanto quanto na primeira vez, se não mais. Mas vamos por partes. Primeiramente, a sinopse já menciona o fato de que a Donna morreu, então não temos nesse filme tanto da Meryl Streep quanto se queria. Na verdade isso faz com que comecemo o filme numa clima mais triste pela personagem ter morrido.


Apesar de Donna ser uma personagem muito presente emocionalmente, vamos ver muito mais dela em cenas do passado que revezam com o presente, mostrando como ela conheceu Bill, Harry e Sam, e como foi parar naquela linda ilha grega, onde montou seu hotel. E para mim, Lily James estava excepcional no papel da Donna jovem, e conseguiu segurar bem o filme. No primeiro filme sempre se falava do brilho e alegria que a Donna era, e a Lily conseguiu trazer exatamente isso. Ela estava estonteante em cada cena, e com certeza, a melhor voz da produção.


Sobre o resto do elenco, temos a volta de todos eles, incluindo de novo as versões mais novas dos antigos amores de Donna, que também estavam ótimos. Apesar de a trilha sonora trazer canções não tão conhecidas quanto as do primeiro filme, a produção ainda foi feita com todo o cuidado, e não há como não gostar de todas cenas, cheias de coreografias e com uma paisagem maravilhosa de fundo. Há o retorno de algumas canções da obra anterior, como Mamma Mia e Dancing Queen, que são hinos e não poderiam ficar de fora.


O filme tem muitas cenas divertidas, em que o telespectador vai dar boas risadas (principalmente as envolvendo as amigas de Donna), e também algumas cenas bem emocionais, que podem levar a lágrimas. O que torna o filme bem completo. Analisando friamente, o filme tem uma estrutura bem similar ao anterior, então não trás muitas novidades. Mas acredito que é exatamente isso que torna ele tão especial. Ele tem aquela magia, que segura o telespectador a cada minuto. Quem assistiu o primeiro e estava ansiosa por essa continuação, não vai ficar decepcionado. E se você nunca assistiu Mamma Mia!, precisa correr para ver o primeiro e ir conferir o segundo nos cinemas.














Jayne Cordeiro é de Salvador-Bahia, e tem 26 anos. Enfermeira, com pós graduação em auditoria, sempre foi apaixonada por livros e filmes, e entrou no universo dos blogs em 2015, ao se tornar resenhista literária da página Maravilhosas Descobertas. Além disso, hoje ela também participa do blog O Clube da Meia Noite, como resenhista literária e esporadicamente na crítica de filmes. E agora faz parte do blog Dear Book com a nova coluna sobre filmes, Cineclube.

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Ana Liberato