Por Stephanie: Eu acompanho a Iris Figueiredo há alguns anos, desde quando ela tinha um blog chamado Literalmente Falando. À época, não cheguei a ler seus livros lançados até então, mas quando soube do lançamento de Céu Sem Estrelas, esse ano, fiquei na ansiedade para poder conhecer logo essa história. E a recompensa pela espera valeu a pena.
Céu Sem Estrelas nos apresenta a história de Cecília, uma menina de 18 anos que acabou de entrar na faculdade e está passando por alguns problemas em sua vida: a relação com a mãe não anda boa, ela não sabe se escolheu o curso certo e ainda precisa lidar com a sua mente, que ultimamente parece não estar em seus melhores dias. Lidar com tudo isso já não seria fácil, mas e quando envolve uma paixonite de infância que parece estar virando algo a mais? As coisas podem ficar ainda mais complicadas.
Desde o início do livro, fui fisgada pela escrita da Iris. Ela tem um jeito tão simples e gostoso de descrever as cenas e os sentimentos dos personagens que não dá vontade de largar a leitura nunca.
E por falar em personagens, eu amei cada um deles (tirando os propositalmente babacas, claro). Cecília é uma linda que dá vontade de colocar num potinho, Yasmin e Rachel são amigas incríveis e Bernardo é um fofo; nenhum deles é perfeito, são pessoas reais que fazem e dizem coisas erradas de vez em quando, mas que sabem admitir seus erros e buscam melhorar sempre que possível.
Pela primeira vez em dezoito anos, me senti completamente sozinha. Então lembrei que não precisava ser assim. Ainda tinha algumas pessoas que sempre estariam ali por mim.
A obra aborda diversos temas relevantes e até pesados, como saúde mental, relações familiares, preconceito (de diversas formas), relacionamento abusivo e machismo. Mais uma vez, a escrita da autora foi o que conseguiu dar um tom um pouco mais leve para os acontecimentos, mesmo aqueles mais difíceis e tristes. Iris me deu vários tapas durante a leitura, mas mesmo assim eu não me senti angustiada em nenhum momento, só impactada com a força das palavras dela.
A ambientação de Céu Sem Estrelas é um de seus pontos mais altos; a história se passa no Rio de Janeiro, e as características da paisagem são tipicamente brasileiras, sem parecer regionalistas ao extremo. É possível se identificar com os locais mesmo sem nunca ter ido ao Rio. Isso também ocorre com os conflitos de alguns personagens, principalmente em relação à escolha de curso e às expectativas que temos no começo da vida adulta. É tudo tipicamente brasileiro.
Agora, sobre o romance: meu Deus, que fofura! Eu simplesmente amei tudo em relação ao casal protagonista. Amei como a Cecília, que é gorda, é representada como uma menina bonita e atraente pelo seu par romântico. Ela é uma garota comum, com uma característica física marcante, mas que não a define. Iris claramente quis transmitir a mensagem de que todos nós merecemos ser amados, e que nossa beleza não depende do formato do nosso corpo.
Para encerrar, já que a resenha está ficando imensa: a representação de homens babacas nesse livro foi certeira. Eu consegui enxergar perfeitamente cada personagem masculino dizendo exatamente as frases descritas pela autora. Inclusive, identifiquei alguns conhecidos meus que agem da mesma maneira que alguns deles. É lamentável.
Eu poderia falar muito mais desse livro; poderia dizer o quão incríveis são as relações de amizade representadas nele, ou como a família de Cecília tem mulheres maravilhosas e fortes (com algumas exceções), ou poderia falar até mesmo da perfeita imagem que temos de uma pessoa que convive diariamente com algum transtorno mental. Mas eu vou deixar para você, leitor, conhecer e aproveitar tudo isso e muito mais que o livro tem para oferecer.
— Não existe um céu sem estrelas, Cecília. Mesmo quando estão cobertas pelas nuvens, ainda estão lá. A gente só não consegue enxergar.
Obrigada, Iris, por nos presentear com uma história tão linda e tocante. Que ela fale com todos os jovens que precisam reconhecer sua importância no mundo, mesmo quando tudo à volta deles apontar o contrário.
Até a próxima, pessoal!
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