Sinopse: Quando o gato de uma bruxa decide contar a história de sua dona, é bom parar para ouvir o que ele tem para nos revelar…
Campo Grande já teve uma bruxa. Ela existiu na região do atual bairro Taquarussu e ainda vive na memória daqueles que de alguma forma conviveram com ela, seja na forma do mito que se criou ou mesmo com a própria bruxa.
No final dos anos sessenta, quando a noite caía, os sapos, espalhados aos milhares pelas lagoas que formavam a Sapolândia, iniciavam o intenso coaxar que tomava conta da região. Podia ser ouvido de longe. Na casa de madeira escura da Rua Projetada, diversas crianças conviviam com Célia e seus feitiços. Ela prometia curas milagrosas e a volta dos amores perdidos. Para isso, usava os sapos, diversas magias e também as crianças, num ritual que causava assombros.
“Em nenhum momento pensei num texto biográfico. O que sempre realmente me importou foi manter viva a lenda.
O que eu sabia sobre a Célia eram os relatos dos parentes, especialmente os da minha avó, que combinavam e cresciam de maneira assustadora quando relatados por minha mãe, além da própria experiência de criança. Eu tinha medo dela e de toda a história que a envolvia. A bruxa da Sapolândia vai te pegar, todos diziam na intenção de amedrontar as crianças de minha época. Quando decidi escrever, busquei auxílio junto ao Tribunal de Justiça, que foram muito atenciosos e me entregaram todo o processo que culminou na prisão de Célia. Ela ficou presa entre os anos de 1969 até 1971, após denuncia sobre maltratados e assassinato de crianças, as quais ela própria enterrou no terreno lodoso da Sapolândia. Quando saiu, nada mais se soube dela, foi como se desaparecesse para sempre. Também nada se sabia sobre a sua origem. Fiz pesquisa, entrevistei várias pessoas que de alguma forma conviveram com a Bruxa, cada qual contava uma versão diferente. Concluí que eu tinha em mãos o núcleo de uma história e se fazia necessário criar um início e depois o final, totalmente fictícios.” Diz o autor André Alvez, que no processo de criação, deu voz a um gato que conta a história de sua dona.
Fonte: A Bruxa da Sapolândia
Por Eliel: Uma lenda urbana baseada em fatos reais assustadora. São quase 500 páginas repletas de sangue inocente, magia negra e sapos. Uma história real que aconteceu nos anos 60 em Campo Grande - Mato Grosso do Sul.
André teve acesso ao processo que levou Célia de Sousa, a mulher conhecida como a Bruxa de Sapolândia, à prisão entre os anos 1969 e 1971 acusada pela morte de crianças por fome e maus-trautos, além de participação de rituais de magia negra.
A polícia foi à casa de Célia, no quintal, ela indicou onde estavam enterrados duas crianças, um menino e uma menina: Jesus Aparecido Larson, que morreu em agosto de 1967, e Dirce Silva, falecida em maio de 1967. A retirada dos corpos, sepultados em covas rasas, foi acompanhada pela imprensa, que eternizou em fotos a mulher agachada ao lado de um caixão e fumando cigarro.
André romantizou esse processo depois de um amplo trabalho de pesquisa, além disso, ele criou uma origem, um passado, para essa mulher. Criou também um desfecho para essa história que permanece inexplicável até hoje, afinal ela sumiu.
A região que Célia morava era conhecida por Sapolândia, porque era recheada por diversos lagos de diferentes portes onde uma quantidade imensa de sapos infestavam o lugar. Perto dali existia uma casa de madeira escura, onde Célia morava e praticava seus atos de pura maldade, especialmente contra crianças.
Temos outras personagens interessantes, como Sofia, uma entidade misteriosa que está sempre presente na narrativa juntamente com o gato que conta essa história. Outra personagem misteriosa é Natanael, um menino que viaja no tempo levado pelas sombras amigas, tem hábitos peculiares e pinta quadros perturbadores.
As sete crianças que sofrem nas garras de Célia são um quadro fiel da maldade humana. Sem dúvida são os mais dramáticos dessa narrativa, não se admire ao derrubar algumas lágrimas, ficar enjoado diante das atrocidades que acontecem.
A escrita André Alvez para A Bruxa da Sapolândia é de perder o fôlego, um pouco de sono e um tempo para refletir sobre a crueldade humana contra seu igual. Com certeza é uma leitura irresistível, repleta de mistérios. Saber que tem aquele fundo de verdade torna o texto mais profundo.
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