sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Resenha: "Maus - A História de um Sobrevivente" (Art Spiegelman)

Tradução: Antonio de Macedo Soares

Sinopse: Maus ("rato", em alemão) é a história de Vladek Spiegelman, judeu polonês que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art. O livro é considerado um clássico contemporâneo das histórias em quadrinhos. Foi publicado em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. No ano seguinte, o livro ganhou o prestigioso Prêmio Pulitzer de literatura. 

A obra é um sucesso estrondoso de público e de crítica. Desde que foi lançada, tem sido objeto de estudos e análises de especialistas de diversas áreas - história, literatura, artes e psicologia. Em nova tradução, o livro é agora relançado com as duas partes reunidas num só volume. 

Nas tiras, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas ganham feições de gatos; poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. Esse recurso, aliado à ausência de cor dos quadrinhos, reflete o espírito do livro: trata-se de um relato incisivo e perturbador, que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto. Spiegelman, porém, evita o sentimentalismo e interrompe algumas vezes a narrativa para dar espaço a dúvidas e inquietações. É implacável com o protagonista, seu próprio pai, retratado como valoroso e destemido, mas também como sovina, racista e mesquinho. 

De vários pontos de vista, uma obra sem equivalente no universo dos quadrinhos e um relato histórico de valor inestimável. 

"Maus é um livro que ninguém consegue largar. Quando os dois ratos falam de amor, você se emociona; quando eles sofrem, você chora." - Umberto Eco 

"Um triunfo modesto, emocionante e simples - impossível descrevê-lo com precisão. Impossível realizá-lo em qualquer outro meio que não os quadrinhos." - Washington Post 

"Uma história épica contada em minúsculos desenhos." - New York Times 

"Uma obra de arte brutalmente tocante." - Boston Globe 

"A narrativa mais comovente e incisiva já feita sobre o Holocausto." - Wall Street Journal 

"Maus é uma obra-prima. Como todas as grandes histórias, diz mais sobre nós mesmos do que poderíamos imaginar." - The Guardian

Fonte: Amazon

Por Eliel: No dia 16 de Dezembro assisti uma adaptação teatral baseada nesse livro e eis que me despertou a vontade de conhecer a obra original. A história do Holocausto eu já conheço, porém não se compara ao relato de alguém que vivenciou um dos momentos mais sangrentos do século passado e que marcou gerações.

"Maus" significa Rato em alemão. Durante a Campanha Nazista os judeus foram duramente atacados pela publicidade política e até mesmo representados como ratos, o mamífero que mais transmite doenças. Provavelmente por causa desse fato histórico, Art Spiegelman faz uso antropomorfismo para representar as nacionalidades das pessoas e assim representar o clima de racismo e segregação que pairava no ar.

Art conta a história de seu pai, Vladek Spiegelman, um dos sobreviventes do Campo de Auschwitz. Uma reaproximação entre Art e seu pai e o projeto desse livro garantiram um narrativa emocionalmente tocante. Além de ser a primeira obra em quadrinhos a receber o Prêmio Pulitzer.

Nessas páginas são feitos retratos reais dos envolvidos. Vladek é um sobrevivente cheio de histórias para contar e também um mesquinho muquirana cheio de preconceitos. Art não tem uma relação muito boa com seu pai e alguns problemas psicológicos para resolver, mas é um artista incrível que produziu essa graphic novel.

As memórias de Vladek estão registradas nessas páginas como uma biografia sem meias verdades, a vida na Polônia, o casamento com Anja, o período da guerra e após. Na peça em que assisti as passagens entre Vladek e Anja eram as mais emocionantes e as que me arrancaram algumas lágrimas.

Já no livro a riqueza de detalhes do dia a dia dos prisioneiros de campos de concentração é impressionante. Os atos cruéis cometidos com seres humanos são inimagináveis. Os fracos não tinha muita chance de sobrevivência, o que salvou Vladek foi sua inteligência e sua força de vontade.

Vou recomendar fortemente a leitura desse livro que pode ser uma porta de entrada para o mundo dos quadrinhos e também, se você tiver a oportunidade de assistir a adaptação teatral (essa dica é para os da capital de São Paulo). Impossível não se emocionar e diria até mesmo se envergonhar da capacidade humana de lidar com seu próximo de uma forma tão cruel. Uma obra para pensar e repensar.

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Ana Liberato