Como ser feliz gostando do seu corpo como ele é |
Tal
qual um ted talk, “Gorda não é Palavrão” é um breve relato da modelo plus size Fluvia sobre gordofobia –
discriminação essa que menospreza, marginaliza e negligencia pessoas pelo fato
de serem gordas. Fluvia fala um pouco sobre a vida, e como e quando a
gordofobia a atingiu em cheio, em uma visita ao Brasil. Mas isso fez com que
ela apostasse mais no empoderamento de mulheres, algo que ela sempre teve referência
desde cedo, mas a grande maioria não.
Ser gorda nunca foi um problema na minha vida. [...] quando comecei a trabalhar com moda plus size, ninguém questionava os padrões de beleza impostos. Mas essa ideia já estava em mim. Sempre fui a menina para quem diziam: “Nossa, você é tão bonita! Se emagrecer, vai ficar perfeita!”. Só que, ao contrário do que acontece com a maioria das mulheres que ouve isso, eu não ficava triste ou encabulada. Não corria para chorar escondida ou malhar em uma academia qualquer. Para desespero da minha mãe, que sempre quis que fôssemos muito educados, eu respondia na lata: “Quem pediu a sua opinião?”.
Fiquei
surpresa com como a modelo retrata o assunto, sempre muito positiva. Sua
empatia e seu tom de “ué, qual o problema, não tô entendendo qual é a questão
aqui, afinal, somos todos gente” fazem totalmente a diferença.
Embora
seja uma leitura curtinha, Fluvia fala
de diversas situações desse universo tóxico. Temos, por exemplo, a
preocupação excessiva que mascara preconceitos, a moda que resiste em largar o
osso de uma imagem não natural, pessoas que creem que são menos ou não estão
vivendo até conquistarem um corpo que não seus.
Sou gorda e não desrespeito ninguém. Por que preciso explicar que minha saúde está bem? Por que preciso justificar coisas que nenhuma modelo magra precisa? Ninguém pergunta a elas sobre o consumo de drogas para emagrecimento.
Temos
também luz sobre o machismo, inseguranças que dão lucros às indústrias,
preconceitos dentro da comunidade plus size e a força do ódio para atacar pessoas simplesmente por seus corpos. Fluvia não
se aprofunda muito nos temas, mas deixa claro o suficiente o que é preciso ser
dito e encarado sobre o assunto.
Claro que o desafio é enorme. Por gerações, aprendemos a seguir condicionamentos machistas sobre como viver e que aparência ter. Esses conceitos são repassados de mãe para filha como algo normal e desejável. O resultado é que muitas mulheres com quem converso têm dificuldade em lidar com essas crenças enraizadas. Mesmo quem sabe que peso não é indicativo de beleza, saúde ou caráter, ainda tem dificuldade em superar valores associados às palavras “gorda” e “magra”.
Ler
o livro só me faz pensar que muitos de seus pensamentos demorei séculos para
abraçar (e ainda bem que abracei), e que gostaria de ter visto essa
representatividade desde cedo. Sofrer
pressão estética e gordofobia são coisas diferentes, mas intimamente ligadas.
Muitos corpos sequer são gordos e são encarados como fora do padrão (além de
motivo de paranoia constante), o que demonstra muita falta de noção – e
amor-próprio, empatia, compaixão, autoaceitação.
Como é possível que algo como o meu peso revele meus sonhos e tudo aquilo que almejo para minha vida? Como ele poderia definir meu caráter ou minha capacidade profissional? Como revelaria minha capacidade de amar? De ser uma boa mãe, amiga, filha, parceira?
Fato
é: ninguém deve se sentir menor ou maior por seus corpos. Corpos não resumem
ninguém e corpos diferentes não devem ser abominados. Lembro aqui de um post do perfil @naosouexposicao que dizia:
“quando alguém quer emagrecer, o que ela realmente quer ser é aceita, amada, respeitada,
ter sucesso, ser vista e ser livre. E isso é o que a cultura da dieta não pode
dar a ninguém”.
Como alguém pode se aceitar gorda? Como pode viver bem assim? Como pode se sentir bonita? Fomos adestrados a acreditar que ser gorda é o fundo do poço.
Levei
um tempo para ler, um tanto receosa de haver situações gatilho quanto minha
relação com a pressão estética/gordofobia, e fiquei muito feliz de ter encontrado uma leitura tranquila. É,
aliás, um livro válido de revisitar quando velhas questões retornarem. Os
destaques de texto da própria edição vão super ajudar!
Vale
ainda ter esse livríneo em bibliotecas, escolas, na estante, e principalmente
perto de garotas em desenvolvimento – amigas, irmãs, primas, filhas, netas, etc.
Fluvia é aquela fada sensata que dá tapa de luva e pisa com bondade. Seu livro é simples e ao mesmo tempo,
essencial.
Se tem algo que gostaria de conseguir transmitir para mulheres do mundo inteiro é como meu relacionamento com meu corpo é simples. Nunca consegui enxergar nada de errado nele. Por mais que pessoas insistissem em me fazer acreditar que não poderia ser feliz comigo mesma, que eu deveria devotar minhas energias, meu dinheiro e meu emocional a essa loucura desenfreada da busca de ser magra, jamais consegui aderir.
Uma palavra não pode fazer tanto mal assim a alguém. Ou, pelo menos, não deveria fazer.
Se
recomendo? Com toda a certeza e para todos os corpos!
Para conhecer mais a Fluvia, acompanhe ela pelas redes
sociais:
Até!
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