sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Resenha: "Um Outro País para Azzi" (Sarah Garland)

Tradução: Érico Assis

Sinopse: Azzi e seus pais correm perigo e precisam fugir às pressas, deixando para trás sua casa, seus parentes, seus amigos, seus trabalhos e sua cultura. Ao embarcarem rumo a um país desconhecido, levam, além da pouca bagagem, a esperança de uma vida mais segura. Azzi terá de enfrentar a saudade que sente da avó e muitos desafios: aprender outra língua, compartilhar a preocupação dos pais, adaptar-se à nova casa e cidade, frequentar a nova escola e fazer novas amizades.

Por Eliel: Como a maioria dos livros infanto-juvenis a leitura é rápida e de fácil compreensão para todas as idades. A história de Azzi é de uma simplicidade e carregada de sentimento. Vale a pena apresentar aos pequenos essa história de tolerância e adaptação.

Não sabemos de que país Azzi saiu com seus pais e suspeitamos de que após a fuga eles chegam à Inglaterra (apenas uma suspeita porque a autora é de lá). Isso faz com que ela se aplique à qualquer povo que se vê frente a frente com a guerra e precisa fugir deixando tudo para trás.

Com "tudo", me refiro não só aos bens materiais, mas também familiares, costumes, cultura. Isso tudo é tratado com muito cuidado pelas mãos de Sarah Garland, que escreveu e ilustrou essa obra após o contato que teve com famílias refugiadas na Nova Zelândia. As expressões de angustia e falta de esperança estampada nos rostos dessas pessoas chamou muito a atenção de Sarah, principalmente ao reparar nas crianças. Como uma forma de auxiliar ela procurou por livros que contassem histórias parecidas com a que essas crianças viviam.

Bem sabemos a importância que a representatividade é para ajudar a lidar com situações de fragilidade emocional, social e psicológica. Porém, Sarah não encontrou nada. Após muito estudo junto à esses povos e suas memórias, ela percebeu que, não importa a nacionalidade ou a cultura, a maior dificuldade era em relação à adaptação à outra cultura ou língua e a saudade de tudo o que fica para trás.

Um livro simples, fruto de grande pesquisa diante de uma necessidade faz de Um Outro País para Azzi uma obra primorosa e de uma profundidade única, sem sombra de dúvida é um livro para qualquer idade.

Arrisco a dizer que é um ótimo material para se trabalhar em escolas e outras instituições que acabam por ter contato com povos de culturas diferentes da nossa. Aqui na minha cidade, Itu-SP, tem uma pequena comunidade de haitianos. Sinceramente, não sei qual é a real situação econômica e social nesse país, mas mas seria interessante fazer a intenção que esse livro desperta chegar à grupos como esses espalhados pelo Brasil perto de onde vivemos. Como brasileiros somos conhecidos por sermos um povo hospitaleiro.

Às vezes, não temos muito o que fazer para ajudar. No entanto, fazermos algo que seja do nosso alcance para tornar a transição menos difícil já é uma grande ajuda para quem a recebe. Óbvio que não queremos que essas pessoas esqueçam suas raízes, podemos aprender com o que eles trazem como experiência.

Gostei da experiência que tive com a história de Azzi e deixo aqui minha recomendação.

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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Resenha: "A Metade Sombria" (Stephen King)

Tradução de Regiane Winarski

Por Stephanie: Quando li a sinopse de A Metade Sombria, logo fiquei interessada. Não sei por que eu havia esquecido que o livro tinha uma pegada sobrenatural, por isso fui surpreendida desde o começo. O clima sombrio já é notável nos primeiros capítulos, e a escrita característica de King consegue nos deixar imersos e curiosos para ver o que virá pela frente.

Não é novidade que Stephen King gosta de escrever sobre escritores. Eu adoro ler sobre esse tipo de personagem porque sempre acabo me identificando muito com seus pensamentos (afinal, um dia ainda quero publicar meu livro). Ver Thad, o protagonista, refletindo sobre seus trabalhos e sobre sua relação com o pseudônimo George Stark foi fascinante e me despertou grande empatia.

(...) afinal,  ele era escritor de ficção… e um escritor de ficção no fundo não passava de um sujeito pago para contar mentiras. Quanto maiores as mentiras, melhor o pagamento.

Por falar em Stark… que personagem aterrorizante! Toda vez que ele surgia, eu sabia que algo terrível estava para acontecer. O aspecto vilanesco dele poderia ter soado caricato ou forçado, mas acho que combinou com essa obra em específico. Talvez seja graças a escrita densa de King, que consegue transmitir toda a maldade de maneira crua. Porém, é bom lembrar que o autor tem como característica a prolixidade, ou seja, não espere um livro super fluido (o que não o desmerece de forma alguma).

(...) Mas, quando estava escrevendo como George Stark, e particularmente sobre Alexis Machine, Thad não era o mesmo. Quando ele… abria a porta, talvez seja a melhor forma de dizer… quando ele fazia isso e convidava Stark pra entrar, ficava distante. Não frio, nem mesmo morno, só distante. (...)

Como um bom livro de King, é preciso avisar: há cenas pesadas, que chegam a embrulhar o estômago. Se você for muito sensível, não recomendo. A parte policial e de investigação é bem empolgante, mas achei um pouco inverossímil em algumas passagens (parece que a polícia é meio burra, às vezes…).

O desfecho é bem satisfatório. Acho que dentro das possibilidades, King soube fechar os arcos com maestria e ainda deixar aquela pulguinha atrás da orelha da gente, hehe. Recomendo muito essa leitura pra quem está atrás de uma boa história sobrenatural com doses de drama e investigação!

Até a próxima, pessoal!

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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Resenha: "Daisy Jones & The Six" (Taylor Jenkins Reid)


Tradução de Alexandre Boide

Por Stephanie: Não faz muito tempo que saiu a minha resenha de Evelyn Hugo aqui no blog, e quem leu deve se lembrar que eu rasguei muita seda para aquele livro – que inclusive está entre as minhas melhores leituras de 2019. Desde então, eu li um outro livro da autora (que achei apenas bom), até me deparar com Daisy Jones & The Six, lançado recentemente pela Cia das Letras e que está bombando lá fora há uns bons meses. É dele que irei falar um pouquinho hoje.

A obra de Taylor Jenkins Reid é uma ficção histórica que se propõe a contar a história da banda sensação dos anos 1970, Daisy Jones & The Six, desde seu início até a fatídica separação, que o público nunca soube bem por que ocorreu – até agora. Por meio de entrevistas, temos os diversos pontos de vista de membros e ex-membros da banda, além de outros depoimentos de pessoas que estiveram envolvidas com ela ao longo dos anos.

Muitas vezes a verdade não está nem de um lado nem de outro, e sim escondida num meio-termo.

Apesar de amar música, principalmente rock, confesso que não sou muito ligada nas bandas e músicas que fizeram sucesso antes da década de 80. Por isso, quando soube que a autora havia se inspirado em Fleetwood Mac para criar a história contada nesse livro, corri para ouvir a banda e conhecer um pouco mais do rock e pop daquela época. Foi uma ótima escolha, que inclusive recomendo muito para quem quiser se ambientar ainda mais durante a leitura.

Não que a ambientação de Daisy Jones seja ruim, muito pelo contrário; é uma das melhores coisas da obra. A gente consegue visualizar com muita facilidade os cenários, as roupas e o estilo de vida que são narrados ao longo do enredo. Taylor tem uma capacidade sensacional de imergir o leitor em suas obras, e é uma das características que mais admiro nela.

Os personagens, mesmo que expressos apenas em suas falas durante as entrevistas, são muito tridimensionais e fáceis de imaginar. Não nego que no começo foi um pouco difícil de acompanhar e entender quem era quem, mas é algo que dá pra se acostumar fácil depois de poucos capítulos.

O mais óbvio seria dizer que a protagonista do livro é a personagem que tem seu nome em destaque: Daisy Jones. Porém, eu sinto que a importância de cada um foi bem dividida, ainda que em alguns momentos a narrativa de Daisy seja a mais presente. Não acho que ninguém ficou apagado, pois a autora soube trazer verossimilhança e mostrar que cada pessoa tem seu papel em uma história, e que, ainda que pareça pequeno, faz diferença.

Gostei muito da representação feminina no livro. Temos mulheres à frente do seu tempo, com personalidades fortes e opiniões que com certeza soavam pouco ortodoxas para a época. E isso está diretamente ligado ao machismo, que também é mostrado (e denunciado) ao longo da obra.

Eu não tinha o menor interesse em ser a porra da musa de alguém. Eu não sou a musa. Eu sou esse alguém. E assunto encerrado.

Os homens parecem achar que merecem um prêmio quando tratam as mulheres como seres humanos.

Outros assuntos pesados e relevantes também são abordados no livro, como alcoolismo, abuso de drogas e relacionamentos abusivos. Tudo é muito crível e faz bastante sentido dentro do contexto da história. Mas há também a presença forte de romance, então, nem tudo se resume a “sexo, drogas e rock n’ roll”. Por mais bagunçados que sejam, os casais da obra foram uma das partes mais interessantes para mim, porque são mostrados com muita complexidade e verossimilhança, sem floreios.

É difícil não comparar Daisy Jones e Evelyn Hugo; ambas são obras de ficção histórica com mulheres intrigantes entre os protagonistas. Ainda que tenham sido experiências ótimas, eu ainda prefiro Evelyn, porque achei que a autora conseguiu transmitir mais sentimento na história. Em Daisy Jones eu me senti mais como uma espectadora, mas ainda assim fiquei bastante entretida, portanto, recomendo muito essa leitura!

Agora espero ansiosamente pela série que será lançada pela Amazon, com produção de Reese Witherspoon. Quero muito ouvir todas as músicas da banda (principalmente Aurora). Preciso que essa banda exista em carne e osso, ainda que somente na ficção.

Até a próxima, pessoal!

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sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Resenha: "Espere por mim" (Carol Dias)


Sinopse: Quebrado. Irritado. Abandonado.

Era assim que Toni se sentia por dentro. Todos os dias ele lutava contra o monstro que vivia dentro de si, para não repetir as cenas que aconteceram naquela noite de Ano Novo.
Na noite em que tudo mudou.
Na noite em que ele perdeu Pâmela, o grande amor da sua vida.
Não por estar morta, mas desaparecida. Suas atitudes fizeram com que ela corresse dele como o diabo foge da cruz. No momento em que ele mais precisava, teve que assistir aquela que amou e protegeu dar as costas a tudo por medo.
Mas não pararia por ali. Toni disputaria a luta mais importante da sua vida para provar ao mundo quem era de verdade.
Bastava que Pâmela aceitasse seu único pedido: o de esperar por ele.


Por Jayne Cordeiro: Acabei chegando a este livro através de um clube do livro que participo aqui na minha cidade. Tenho outros dois livros da autora, Clichê e Inversos, os quais gostei bastante. Então fiquei curiosa para ler Espere por mim, e que também é um livro curtinho, então dava para ler rápido. E posso dizer que apesar de ter uma ideia bem legal, ele teve algumas coisas que não gostei muito. Achei bem interessante a história trazer o universo do MMA e um personagem que traz problemas de controle de raiva, e que precisa lidar com isso, quando acaba sofrendo as consequência dos seus atos, como a perda do trabalho e da mulher que ama. Até aí eu achei tudo bem legal, mas acho que há certo pontos que poderiam ter sido trabalhados diferentes, e tornariam a história melhor.

Eu me perdi, eu te perdi. Eu te encontrei e eu fui me encontrar.

Primeiro, eu achei o livro um pouco corrido. E por isso, não temos praticamente chance nenhuma de ver o casal unido e de nos apegarmos a eles. Algumas cenas mostrando os dois interagindo como um casal dariam uma razão para torcermos por eles juntos. No final das contas não ligamos muito se eles ficam ou não juntos, por causa disso. Outra coisa, foi algumas atitudes que os dois tiveram, principalmente a protagonista Mel, que decide logo no começo ir embora, sem discutir nada e ainda grávida (não é spoiler). Era preciso uma conversa, e não cabia a ela a decisão de afastar Toni da criação dos filhos.

Pâmela foi minha. Eu mudaria a parte do foi. Porque não posso me contentar com não ter essa mulher ao meu lado. Ela será minha novamente. É uma promessa.

Aí você pode dizer, mas se ele tinha problemas de controle da raiva, ela ter ido embora era a coisa certa. Não tiro dela o direito de acabar o relacionamento e se afastar. Mas ele nunca fez nenhum mal a ela, e o filho é dele também. Fora que ele é deixado sozinho para passar por uma situação bem difícil. Então eu acabei não gostando muito da protagonista. E isso não vai mudar durante o livro, mesmo no final.

Cansei de deixar alguém narrar a minha vida. Eu sou o protagonista, vou narrar em primeira pessoa. 

Apesar disso, o livro não é ruim. Não é o melhor livro dela para mim. O livro é curto, então poderiam ter colocados mais páginas, e desenvolvido um pouco mais a história. É um livro que prende, e você lê muito rápido. Então não dá para dizer que é um péssimo livro. Porque ele entretêm. Mas poderia ser ainda melhor. O livro tem um conto chamado Te Quiero, sobre dois personagens que aparecem no livro, e ele é muito bom. Pode sair dali um livro bem legal.

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segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Resenha: "Nightflyers" (George R. R. Martin)


Tradução: Alexandre Martins

Sinopse: Nas fronteiras do universo, uma expedição científica composta de nove acadêmicos dá início à missão de estudar os volcryn, uma misteriosa raça alienígena. Existem, no entanto, mistérios mais perigosos a bordo da própria nave. A Nightflyer, única embarcação que se dispôs à missão, é uma maravilha tecnológica: completamente automatizada e pilotada por uma única pessoa. O capitão Royd Eris, porém, não se mistura com a tripulação – conversando apenas através de comunicadores e se apresentando somente por holograma, ele mais parece um fantasma do que um líder. 

Quando Thale Lassamer, o telepata do grupo, começa a detectar uma presença desconhecida e ameaçadora por perto, a tripulação se agita e as desconfianças aumentam. E a garantia de Royd sobre a segurança de todos é posta à prova quando uma entidade malévola começa uma sangrenta onda de assassinatos.


Por Jayne Cordeiro: Este livro do autor de Game of Thrones não é um lançamento, afinal o livro é antigo, mas essa é uma edição nova lançada pela Editora Suma. A edição é muito bonita, de capa dura, e com ilustrações em alguns pontos. É um livro curto e que consegue prender o leitor até o final. Em um primeiro momento a história segue um pouco devagar, apresentando os personagens. Não sei se a ideia é fazer o leitor se apegar a eles, porque isso não acontece. A escrita do autor é muito impessoal, e eu senti como se estivesse vendo tudo de fora, o que não é tão legal, como quando o leitor se sente vivenciando aquilo.

Não sei quem ou o que ele é, não sei se aquela história que nos contou é verdade, e não ligo. Talvez ele seja uma mente hrangan, o anjo vingador dos volcryn ou o segundo advento de Jesus Cristo. Que diferença isso faz, porra? Ele está nos matando! — Ele olhou para cada um deles. — Qualquer um de nós pode ser o próximo. Qualquer um de nós. A não ser… Temos que fazer planos, fazer alguma coisa, acabar com isso definitivamente.

Apesar dessa questão, a história se desenvolve bem, e um mistério vai surgindo, incentivando a leitura. Dá para perceber que a história vai tendo uma crescente, e consegue surpreender o leitor no final. Adoro uma história de ficção cientifica, e esse livro cumpre todos os requisitos. Tem conversas sobre temas espaciais e sobre um povo misterioso, tem personagens cibernéticos, acidentes e mortes suspeitas, ação e mistérios para resolver. É uma obra bem interessante. O livro já virou um filme, e tem previsão de se transformar em outro. Uma série estava sendo planejada, mas parece ter sido deixada de lado.

— Entende o quê? — perguntou D’Branin, perplexo.— Você não entende — disse Royd com firmeza. — Não finja que sim, Melantha Jhirl. Não! Não é sábio nem seguro estar lances demais à frente.

Como disse, a história é bem escrita e coesa. Apresenta vários personagens, e apesar da forma como a história é contada, é possível simpatizar com alguns personagens e torcer por eles no final. A história é bem entendível, e o autor procura deixar as informações claras para o leitor que é novato nesse universo. Nunca tinha lido nada do autor, e para um primeiro contato, foi uma boa experiência. E a Suma está de parabéns pela edição que está linda.

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Ana Liberato