terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Resenha: "Os sete maridos de Evelyn Hugo" (Taylor Jenkins Reid)

Tradução de Alexandre Boide

Por Thaís Inocêncio: Evelyn Hugo foi uma das mais belas e famosas atrizes de Hollywood na segunda metade do século XX. Iniciou sua carreira na década de 1950 e permaneceu em evidência até o início dos anos 1990, fosse por sua atuação em alguma produção de sucesso ou pelas fofocas envolvendo seus sete casamentos. Agora, chegando aos 80 anos de idade e reclusa em uma mansão de Nova York, ela decide contar sua verdadeira história, mas com uma condição: a de que a escritora de sua biografia seja a jornalista Monique Grant. 

A princípio, não há ligação alguma entre essas personagens. Apesar de trabalhar em uma grande revista, Monique é iniciante e não entende a exigência da atriz. Mas quem é que perderia a chance de revelar ao mundo a trajetória dessa lenda do cinema? Assim, elas passam a se encontrar diariamente para que Evelyn Hugo conte, com detalhes, tudo o que fez para alcançar o sucesso e, sobretudo, para manter a fama. Ao final, ela promete, Monique entenderá porque foi escolhida para essa missão.
"A vida em Hollywood tem uma curva de subida acentuada e queda brusca. Fiz tudo o que pude para continuar no topo o máximo possível." 
No livro, há uma parte reservada para cada marido, iniciada com seu respectivo nome, como se fosse a abertura de um capítulo. Porém, essa estrutura e até o título do livro enganam: ambos dão a entender que o tema central são os casamentos da protagonista, quando, na verdade, eles só determinaram fases diferentes da vida de Evelyn Hugo – o foco é a personalidade dela.

A trajetória da atriz é narrada por ela em 1ª pessoa, como se fosse uma autobiografia, nos fazendo mergulhar nos detalhes do seu passado. As descrições, tanto de ambientes quanto de sentimentos, são tão precisas que nos colocam dentro da história e nos fazem questionar se Hollywood, no século passado, não era exatamente como é retratada no livro. À medida que os acontecimentos da vida de Evelyn Hugo são revelados por ela, também somos apresentados a reportagens da época, evidenciando o quanto a mídia de entretenimento sempre teve um caráter invasivo e pouco comprometido com a verdade.
"Obviamente, as pessoas entenderam tudo errado. E nunca se preocuparam em esclarecer. A mídia só conta aquilo que quer contar. Sempre foi assim. E sempre vai ser."   
Intercalando-se com a narração de Evelyn, temos o ponto de vista de Monique. Ao descrever, no tempo presente, como tem sido sua relação com a atriz, ela também revela informações sobre a própria vida profissional, amorosa e familiar e, aos poucos, percebemos o quanto esses campos passam a ser influenciados pela história da protagonista, principalmente quando ela descobre porque foi escolhida para escrever essa biografia.

Esse livro tem sido muito elogiado, e com razão! Para mim, o sucesso da obra está ancorado em três fatos principais: a escrita da autora, que é bastante fluida; o modo como ela consegue inserir na obra assuntos polêmicos e necessários, como violência doméstica, homossexualidade e suicídio, nos fazendo refletir sobre eles; e a construção dos personagens, especialmente de Evelyn Hugo, que é complexa e real, com defeitos, incertezas, mágoas, qualidades, desejos e sonhos. 

A atriz é ambiciosa e manipuladora, mas também é determinada, inteligente e sensível. Ao mesmo tempo em que discorda de normas e padrões estabelecidos pela sociedade da época, tem medo de não ser socialmente aceita e busca caminhos para, ao menos, fingir que é adequada, ainda que a realidade por trás da fama seja outra. Em diversas ocasiões, ela toma atitudes consideradas imorais em nome das aparências e do sucesso. Mas, em determinado momento, ela percebe que nem toda a aprovação do mundo pode suprir a falta de amor. E é aí que ela decide se abrir para o mundo. 
"Eu não sou uma boa pessoa, Monique. Mostre isso claramente no livro. Não tenho a menor intenção de dizer que sou boa. Fiz uma porção de coisas que magoaram muita gente, e faria de novo se fosse necessário." 
A Stephanie já fez uma resenha desse mesmo livro para o Dear Book. Se você quiser uma segunda opinião sobre a obra (não tão diferente da minha), clique aqui.

Até a próxima, galera!

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Ana Liberato