segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Resenha: "Kill Switch" (Penelope Douglas)


Tradução: Marta Fagundes

Sinopse: WINTER

Mandá-lo para a cadeia foi a pior coisa que já fiz. Não importava se ele havia cometido o crime ou que eu desejava que ele estivesse morto. Talvez eu tenha pensado que teria tempo suficiente para desaparecer antes que ele fosse solto, ou então que ele teria tomado jeito e se tornado alguém melhor.

Mas estava errada. Três anos se passaram rápido demais, e agora ele parecia pior do que nunca. A prisão apenas serviu para que ele tivesse tempo para elaborar um plano. E por mais que eu tenha previsto sua vingança, não esperava por isso. Ele não queria só me machucar. Ele queria acabar com tudo.

DAMON

Em primeiro lugar, eu acabaria com o pai dela. Foi ele quem afirmou a todos que eu a obriguei. Ele disse que sua garotinha havia sido uma vítima, mas eu era um garoto também, e ela quis tanto quanto eu.

Segundo... acabar com qualquer possibilidade de fuga para ela, sua irmã e sua mãe. As mulheres Ashby estavam sozinhas agora, e desesperadas por um cavaleiro em uma armadura brilhante. Mas não era isso que elas encontrariam.

Não, já era hora de dar ouvidos ao meu pai e assumir o controle do meu futuro. Era hora de mostrar a todos eles – minha família, a dela, aos meus amigos –, que eu nunca mudaria e que minha única ambição era me tornar o pesadelo de suas vidas. Começando com ela.

Ela ficaria tão apavorada, que nem mesmo sua mente seria um lugar seguro quando eu a destruísse. E a melhor parte de tudo é que eu não precisaria invadir sua residência para fazer isso. Como o novo homem da casa, agora teria livre acesso a ela.

 

Por Jayne Cordeiro: “Kill Switch” é o terceiro livro da série “Devil`s Night”. Nosso protagonista da vez é Damon Torrance, a ovelha negra do grupo, que se afastou de todos, após compactuar contra os amigos. Com seu comportamento cruel e sempre inesperado, Damon decidiu por completar sua vingança contra Winter e sua família. Na época em que foi preso, ele foi acusado de abuso sexual, quando todos sabiam que não foi isso que aconteceu. Agora é hora de todos pagarem.

Winter tem uma longa história com Damon. Essa história já lhe causou muito sofrimento, e hoje ela só quer construir sua carreira com a dança, independente das suas limitações. Mas um fantasma do passado retorna, quando Damon leva sua família a perder tudo, e agora todos estão na mão dele. E fica claro o que ele quer em troca: Winter e acabar com toda a sanidade dela.

Esse livro é simplesmente espetacular. Adoro os livros da Penelope Douglas, e sou apaixonada por essa série. E Damon é, com certeza, o personagem mais intrigante. Você nunca sabe o que vai vir dele, com o seu passado extremamente difícil, e que ajudou a moldar o tipo de pessoa que ele é.  Caminhando entre passado e presente, vamos ver sua história de vida, e como ele e Winter encontraram no decorrer dos anos, criando um laço que nem mesmo a vingança ou o ódio podem quebrar.

A escrita da autora é envolvente. O livro tem mais de 500 páginas, mas a leitura flui tão bem, que nem dá para perceber.  Vemos aqui personagens complexos, em que certo e errado, é uma linha muito tênue. Novamente temos um “plot” secundário que une todos os personagens, e é ótimo poder ver todos eles interagindo. Há temas sendo abordados no livro como: abuso sexual,  cegueira,  família e amizade. É um livro muito completo, com vários diálogos e cenas importantes, e com certeza foi o melhor livro da série até agora. 


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terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Resenha: "Querida Ava" (Ilsa Madden - Mills)

 

Tradução: Debora Isidoro

Sinopse: Os ricos e populares Sharks governam a prestigiada e caríssima Escola Preparatória Camden. Houve um tempo em que eu queria fazer parte daquele mundo. Até ser destruída por um deles.

A última coisa que eu esperava era receber uma carta de amor anônima.
É sério! Eu odeio cada um daqueles idiotas ricos pelo que fizeram comigo. Mas a pergunta que não quer calar é: qual Shark é o meu admirador secreto?

Knox, o quarterback da cicatriz.
Dane, seu irmão gêmeo.
Ou Chance, o meu ex-namorado que terminou comigo?


Por Jayne Cordeiro: "Querida Ava" trás com protagonista Ava, uma jovem sem nenhuma família além do irmão com deficiência, que tem uma bolsa de estudos em uma escola rica da cidade. Meses após uma festa de alunos, que acabou com ela vítima de abuso sexual, e sem lembrar do que aconteceu, Ava está de volta a escola, na busca por um futuro melhor para ela e o irmão caçula. Atacada por todos, acusada de mentir e entregar a festa clandestina onde tudo aconteceu, ela precisa ser forte para lidar com os ataques que recebe dos colegas, enquanto tenta lembrar de respostas para várias perguntas sobre aquela noite.

Devido a uma das aulas, ela é obrigada a se aproximar de Knox Grayson, líder dos jogadores da escola, e suspeito, como todos os outros rapazes, de ter sido o seu agressor. Mas os dois já tem uma história antiga, onde a atração entre os dois é inexplicável, mesmo quando nenhum deles quer se envolver. E Ava ainda começa a receber mensagens de um admirador secreto. Será mais uma pegadinha dos colegas da escola? Ou quem sabe do seu ex-namorado Chance? Knox? Ou seu irmão gêmeo Fane, que não parece o mesmo desde aquele dia?

Nunca tinha lido nada dessa autora, mas o livro me conquistou com poucas páginas. Como a sinopse já diz, temos um tema bem sério sendo abordado, e isso pode ser um gatilho para algumas pessoas. Mas deixo claro, que o abuso não é mostrado em nenhum momento, só menções a ele. Gostei muito da protagonista, por ser uma mulher forte e equilibrar o trauma do que passou com a sua força de superar e ser alguém na vida. Sua ligação com o seu irmão caçula, apesar de todas as faltas familiares é muito bonita.

A história apresenta dois mistérios. O primeiro sobre quem foi o agressor da Ava, quando se sabe que foi algum aluno da escola, que estava na festa, mas que ela não consegue lembrar. E temos o admirador secreto, que o título faz até referência, mas que pra mim não foi um tópico muito explorado. Acabou sumindo um pouco em todo o resto. Mas a história ainda continua incrível, e conseguiu abordar vários temas de uma forma maravilhosa.

Temos a questão do abuso sexual, bullying, apoio familiar, diferenças de classe, transtornos mentais e empoderamento, porque a Ava é um exemplo a ser seguido.. A história é muito bem dirigida, e me apaixonei por alguns mocinhos dessa história. O leitor vai se surpreender sobre como determinado personagem pode sair do alpha cínico, para o príncipe protetor. A leitura é rápida e prende o leitor até o fim. Para quem adoro um romance Young Adult, esse aqui é o livro certo.


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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Resenha: "Black para sempre" (Sandi Lynn)

 

Tradução: Kenya Costa

Sinopse: Um homem marcado por uma tragédia e decidido a nunca se apaixonar. Uma mulher que vive cada dia como se não houvesse amanhã. Apesar da fama de devasso insensível de Connor Black, Ellery não consegue resistir à atração daquele mulherengo irritante que parece ser a sua alma gêmea. Quando Ellery se mudou com o namorado, Kyle, para Nova York, achou que pela primeira vez seria feliz, enterrando para sempre os dramas do passado. Ledo engano: um belo dia, o sujeito arruma as coisas e vai embora, alegando “precisar de espaço”. Sozinha e deprimida, ela mergulha de cabeça na pintura, sua grande vocação, até que uma noite ajuda um belo e misterioso bêbado a voltar para casa de uma boate. Mal sabe ela que o homem é ninguém menos do que o cobiçado milionário Connor Black. Ao encontrar Ellery em sua cozinha na manhã seguinte, presumindo que ela infringiu sua regra número um e passou a noite lá, ele fica furioso, mas ela o enfrenta como nenhuma mulher jamais enfrentou, deixando-o intrigado não apenas com sua coragem e independência, mas também com sua bondade. Entretanto, há uma tempestade a caminho. Ambos guardam segredos terríveis que podem destruir a relação tão rara e preciosa que construíram. Qual dos dois terá coragem de abrir o jogo primeiro – ou será que a própria vida fará isso de forma totalmente inesperada?


Por Jayne Cordeiro:  Em "Black para sempre" somos apresentado a Ellery, uma mulher que acabou de ser abandonada pelo namorado, e que ao sair com uma amiga para uma boate, acaba conhecendo Connor Black. O atraente homem estava muito bêbado, e ela decide ajudá-lo a chegar em casa. Na hora ela não sabia, mas Connor é um empresário muito rico, e com a inflexível ideia de não se envolver com ninguém, e muito menos deixar uma mulher passar a noite na sua casa.

Por isso ele não é nada simpático com Ellery quando a encontra na sua cozinha, no dia seguinte. Mas ele vai logo perceber que Ellery não é como as mulheres que está acostumado, e ela não tem receio de colocá-lo em seu devido lugar. Os dois vão acabar desenvolvendo uma amizade inesperada, e sentimentos que vão chocar com  seus planos para o futuro e traumas do passado.

Este livro foi lançado já algum tempo (2015), mas só agora tive a chance de ler. Ele trás elementos que fazem parte do clichê básico do CEO jovem e rico, que controla tudo, e da mocinha mais humilde, que não liga para o status dele. Mas aqui eu acho que a autora acertou em aproveitar um bom tempo para desenvolver o relacionamento dos dois. Eles não se envolvem de repente, e dá pra ver uma amizade surgir antes de tudo. O problema foi só que do meio para o final, ela acaba correndo demais para colocar tudo o que ela queria até o final do livro.

Gostei dos protagonistas, apesar de achar que a Ellery as vezes era intempestiva demais, onde fugia por tudo e jogava as coisas na parede. Mas ainda assim é uma personagem forte, que sofre bastante na vida, mas continua seguindo em frente. Connor também tem seu passado conturbado, que acaba não sendo tão explorado, mas sei que há um segundo livro que é o primeiro pelo ponto de vista dele, o que deve completar algumas coisas importantes.

Nesse livro temos romance, cenas hots, amizade, bastante drama, com um plot que foi bem inesperado, e que a autora desenvolve bem. Novamente, acho que alguns itens foram acontecendo muito rápido, o livro poderia ter mais páginas, e imagino que a autora não tinha pensado em fazer os dois livros que acabaram vindo depois. Mas ainda é um bom romance contemporâneo, que dá pra ler em um dia, se quiser. Que consegue prender o leitor e trazer uma boa diversão. 


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sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Resenha: "Fascínio da nobreza" (Lorraine Heath)

 

Tradução: Daniela Rigon

Sinopse: FANCY TREWLOVE sempre esteve determinada a cumprir o desejo de sua mãe de ver a filha casada com um nobre. Afinal, depois de todos os sacrifícios que a família fez por Fancy, era o mínimo que podiam esperar. Seu intelecto e sua formação a tornam a esposa perfeita para qualquer cavalheiro… desde que esteja disposto a ignorar sua origem escandalosa! Mas os planos da jovem são postos em xeque quando um plebeu misterioso começa a visitar sua livraria, e logo depois seus pensamentos, seus sonhos, seus planos para o futuro…

MATTHEW SOMMERSBY, o conde de Rosemont, está viúvo há um ano e vem sendo perseguido por praticamente todas as damas em idade de se casar. A última coisa que ele quer, porém, é uma nova esposa, ainda mais uma interessada apenas em seu título. Desesperado por um pouco de paz, ele foge de sua vida em meio à sociedade e acaba se tornando vizinho de uma certa livraria, cuja dona começa a lhe atrair mais do que qualquer título no catálogo.


Por Jayne Cordeiro: "Fascínio da Nobreza" é o quinto e penúltimo livro da série "Irmãos Trewlove", e é focado na caçula da família Fancy. Desde sempre, protegida pelos irmãos, que fizeram de tudo para dar a ela a melhor educação e oportunidades. Apaixonada por livros e dona de uma livraria e coração bondoso, ela deseja realizar o sonho de sua mãe de vê-la bem casada com um nobre, apesar de seu berço. O problema é que ao conhecer um lindo e encantador plebeu, ela precisará questionar o que realmente deseja para seu futuro.

Matthew é o conde de Rosemont, viúvo e pretendente ideal de todas damas da sociedade. Mas após um casamento que surgiu uma trapaça, a última coisa que quer é se casar com alguém que só deseja o seu título. Por isso ele decidiu morar em uma área mais afastada de Londres, onde ninguém sabe de seu título. Mas visitando uma livraria nas redondezas, ele conhece a cativante e doce Fancy, uma jovem que lhe atrai, mas que ele pretende ficar bem longe, quando descobre seu desejo de casar com um nobre. Mas parece difícil resistir ao convite que ela representa.

Eu gostei muito desse livro. Primeiro, porque me identifiquei muito com a Fancy, devido a sua paixão por livros. Com suas condições financeiras, naquela época, eu faria exatamente a mesma coisa. Ela é uma personagem com um ótimo coração, bondosa, altruísta, que sempre foi protegida, mas ensinada  como se defender, e que sabe como ir atrás do que quer. Matthew é um mocinho também encantador, atencioso, amante de livros, e que carrega uma desconfiança por todas as mulheres, mas não o deixa ser nada menos do que maravilhoso.

O romance dos dois se desenvolve bem, e eles combinam muito. É claro que a ideia de se fingir de plebeu não é bem uma novidade, e sabemos que não dá em coisa boa, mas o livro é muito gostoso de ler, e bem envolvente. Temos um gostinho dos personagens dos outros livros, e até da relação de alguns casais. A leitura é rápida, cativante, com a dose certa de romance e paixão. Estou curiosa para ver o que o último livro da série tem a oferecer, para encerrarmos com chave de ouro.


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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Resenha: "Hearstopper Vol. 2 - Minha pessoa Favorita" (Alice Oseman)

 

Tradução: Guilherme Miranda

Sinopse: Charlie e Nick são melhores amigos, mas tudo muda depois que eles se beijam em uma festa. Charlie acredita que cometeu um grande erro e arruinou a amizade dos dois para sempre, e Nick está mais confuso do que nunca.

Mas aos poucos Nick começa a enxergar o mundo sob uma nova perspectiva e, com a ajuda de Charlie, descobre muitas coisas sobre o mundo que o cerca, sobre seus amigos ― e, principalmente, sobre ele mesmo.


Por Jayne Cordeiro: Em "Hearstopper Vol. 2 - Minha pessoa favorita", continuamos exatamente de onde a primeira Graphic Novel acabou. Charlie tomou coragem e beijou Nick, mas este está ainda mais confuso. Charlie acredita que irá perder o grande amigo para sempre. Como será que Nick irá lidar com o que aconteceu, e com suas próprias emoções? Enquanto faz essa análise, ele vai começar a questionar as pessoas e o meio onde vive.

Eu não consegui resistir para ler esse segundo volume. A história continua envolvente, doce e e fofa. Dá para ler em poucas horas e dá aquele quentinho no coração.  Os desenhos continuam seguindo o mesmo padrão, o que torna a história muito bonita visualmente. Apesar de curta, ela fala sobre romance, amizade, aceitação e comportamentos que aceitamos como normais, mas que não são. De forma simples e doce, esta graphic novel trás uma mensagem muito boa.

Os personagens secundário são também muito interessantes. principalmente os amigos de Charlie, e uma ex de Nick que ganhou direito a um conto no final. Temos aqui uma história curta, mas cheia de mensagens que devem ser semeadas. Tem momentos que você vai sorrir, comemorar e até chorar. É uma continuação perfeita para essa série, e já fico ansiosa para ler o volume 3, e pela série da Netflix.


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domingo, 9 de janeiro de 2022

Resenha: Romance gráfico "Grande Sertão: Veredas" (João Guimarães Rosa)

Por Thaís Inocêncio: Grande Sertão: Veredas é considerado uma das obras mais importantes da literatura brasileira. Publicado em 1956, o livro apresenta mais de 500 páginas sem capítulos e uma linguagem que, até hoje, é vista como inovadora, principalmente pela presença de neologismos (criação de palavras novas formadas por outras já existentes). 

Por isso, muita gente teme enfrentar esse clássico em sua forma original, cuja leitura, apesar de valer a pena, é desafiadora, não posso mentir. Para essas pessoas, a adaptação da obra em romance gráfico é uma excelente alternativa. Roteirizado por Guazzelli e com arte de Rodrigo Rosa, o livro em formato de quadrinhos é super fiel à obra original – isso porque não se pôde alterar nada da narrativa criada por Guimarães Rosa, apenas fazer cortes. 

Para quem não conhece a história, o romance é narrado em primeira pessoa por Riobaldo, um ex-jagunço que relembra suas lutas, seus medos, seus amores e suas dúvidas no sertão. E isso é tudo o que eu posso dizer. Aliás, aconselho àqueles que nunca tiveram contato com a obra e querem se aventurar por ela a não fazer nenhuma busca na internet para não dar de cara com revelações que fazem toda a diferença na experiência de leitura. 

O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.

O romance gráfico torna a leitura de Grande Sertão: Veredas mais fácil que a do texto original na íntegra. Isso acontece, sobretudo, pelo auxílio das imagens, que dão ao livro um caráter de obra cinematográfica. É como se o leitor pudesse ver os personagens em ação, o que facilita o entendimento de todo o enredo. As ilustrações são muito bonitas e condizentes com a ambientação da obra. Além disso, os personagens têm traços característicos, o que permite ao leitor diferenciá-los com facilidade. 

O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.

Outro ponto de destaque da adaptação são as cores utilizadas, com predominância de tons amarronzados, que remetem ao sertão, como se pode ver nestes exemplos:



Essa é uma obra riquíssima e inesgotável de sentidos. Sempre que se lê, se descobre um novo caminho, uma estrada não antes navegada. Cada vez que se encontra com esse texto, surge uma nova perspectiva das coisas. Conhecer Guimarães Rosa é conhecer uma parte importante da nossa cultura nacional. 

O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe pra gente é no meio da travessia.

Espero que tenham gostado e até a próxima!

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Resenha: "Blackout" (Nicola Yoon, Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk)


Tradução de Karine Ribeiro

Sinopse: Seis autoras extraordinárias. Seis histórias de amor entrelaçadas. Uma noite que tinha tudo para ser um desastre ― mas acaba sendo brilhante.

Uma onda de calor causa um apagão em Nova York. Multidões se formam nas ruas, o metrô para de funcionar e o trânsito fica congestionado. Conforme o sol se põe e a escuridão toma conta da cidade, seis jovens casais veem outro tipo de eletricidade surgir no ar…Um primeiro encontro ao acaso. Amigos de longa data. Ex-namorados ressentidos. Duas garotas feitas uma para a outra. Dois garotos escondidos sob máscaras. Um namoro repleto de dúvidas. Quando as luzes se apagam, os sentimentos se acendem. Relacionamentos se transformam, o amor desperta e novas possibilidades surgem ― até que a noite atinge seu ápice numa festa a céu aberto no Brooklyn.

Neste romance envolvente e apaixonante, composto de seis histórias interligadas, as aclamadas autoras Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon celebram o amor entre adolescentes negros e nos dão esperança mesmo quando já não há mais luz.

Por Stephanie: Blackout foi um livro que me surpreendeu. Eu comecei a leitura pensando que encontraria uma antologia de contos, mas o que encontrei na verdade foi uma história completa, com vários pontos de vista vindos de diversos personagens, cada um vivendo seu romance em alguma parte da cidade de Nova York durante um apagão. E essa foi uma surpresa mais do que bem-vinda.

O ponto principal da obra (que é também o mais positivo) com certeza é a representatividade racial e sexual. Todos os personagens principais são negros e há dois casais LGBT+ (inclusive, o casal formado por dois meninos foi o que achei mais fofo). São histórias clichês e simples, mas que ganham um brilho especial por serem protagonizadas por pessoas fora do padrão que sempre vemos por aí em romances adolescentes.

É isso o que acontece quando encontramos a pessoa certa para amar. Quando alguém te ama, nenhum problema importa tanto. Porque amar é uma escolha que a gente precisa fazer todos os dias, mesmo quando o dia não sai como o planejado.

A escrita, ainda difira devido à cada autora responsável por um ponto de vista, consegue ser extremamente fluida e homogênea. Alguns capítulos são um pouco grandes demais, mas fora isso, eu achei uma leitura bem rápida, que é possível de se fazer até em um dia tranquilamente.

Fica a recomendação para todo mundo que quer um livro leve, gostoso de ler e que deixa aquela sensação de coração quentinho no final. Ah, e o livro físico brilha no escuro :)

Até a próxima, pessoal!

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Resenha: "Pequena coreografia do adeus" (Aline Bei)


Sinopse: Julia é filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem escritora tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares.

Entre lembranças da infância e da adolescência, e sonhos para o futuro, Julia encontra personagens essenciais para enfrentar a solidão ao mesmo tempo que ensaia sua própria coreografia, numa sequência de movimentos de aproximação e afastamento de seus pais que lhe traz marcas indeléveis.

Escrito com a prosa original que fez de Aline Bei uma das grandes revelações da literatura brasileira contemporânea, Pequena coreografia do adeus é um romance emocionante que mostra como nossas relações moldam quem somos.

Por Stephanie: Pequena coreografia do adeus é o segundo livro da autora Aline Bei, que conquistou crítica e público com seu primeiro trabalho, O peso do pássaro morto. Eu já estava completamente convencida do talento de Aline quando li O peso, mas, ao finalizar Pequena coreografia, tive ainda mais certeza de que essa autora é uma das vozes literárias mais importantes de sua geração.

Escrevo esta resenha ouvindo Spit of you, de Sam Fender, um cantor pelo qual sou apaixonada e estou obcecada nos últimos dias. A canção fala sobre a dificuldade que o eu lírico tem de se comunicar com seu pai, ainda que o ame muito. E, por mais que o foco de Aline não seja exatamente essa relação em sua obra, e sim a de mãe e filha, acho que esse livro tem a mesma melancolia da música e ambos se complementam de alguma forma. Recomendo ouvirem e assistirem ao clipe, que é maravilhoso.

Agora, focando mais na minha opinião sobre a obra de Aline, é impossível não destacar a sensibilidade que permeia as páginas do começo ao fim. Em O peso, me lembro de sentir cada parágrafo como um soco, pesado e seco. Aqui, mesmo ainda abordando temas difíceis como abandono parental e violência doméstica, Aline parece quase fazer um carinho no leitor com sua prosa (que é quase verso, devido à sua estrutura diferenciada). E esse mesmo carinho se estende, de alguma forma, à protagonista Julia, uma jovem que está passando pelo momento mais conturbado de sua vida enquanto tenta se encontrar num mundo que também não é muito gentil com ela.

Em vários momentos eu me vi em Julia. Assim como ela, sou filha de pais separados, e por mais que eu (felizmente) nunca tenha passado pela maioria das situações que ela passou e tenha uma relação saudável com os meus pais, consegui entender perfeitamente suas dúvidas e anseios ao longo da leitura. A sensação de abandono emocional, as tentativas de aproximação, os dilemas… todas as reflexões dela me soaram muito críveis e condizentes com o que ela estava vivenciando.

A mãe de Julia certamente é a personagem mais enigmática e tridimensional da obra: uma mulher fria que definitivamente não deveria ter se tornado esposa e nem muito menos mãe, mas que mesmo com tantas atitudes odiosas acaba nos despertando empatia em certos momentos. Eu senti tanta raiva e desprezo por ela, mas ainda assim consegui entender um pouco como ela se tornou aquela pessoa.

Já o pai foi um personagem que me causou muita raiva também, mas por motivos diferentes. A apatia dele em relação à Julia me deu vontade de gritar em diversos momentos e mostrou como muitos homens ainda não se sentem tão responsáveis por seus filhos como as mulheres/mães. E esse pensamento claramente é fruto de uma sociedade sexista que sempre coloca nos ombros das mulheres um peso muito maior do que o considerado justo.

Acho que deu pra perceber o quanto eu gostei desse livro, né? Tanto que se tornou um dos meus livros favoritos de 2021. Recomendo muito, desde que o leitor se atente aos gatilhos. Não vejo a hora de poder ler mais trabalhos da Aline.

a gente pensa que conhece as pessoas

a gente se apega ao que imaginamos que conhecemos delas

mas no fim o que cada um constrói com o outro

 quando não estamos no recinto

é um Mistério.

Confira também a resenha da Thaís, colaboradora do DB que também adorou o livro, clicando aqui!

Até a próxima, pessoal!

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sábado, 8 de janeiro de 2022

Resenha: "Por que escrevo" (George Orwell)


Tradução de Claudio Marcondes

Sinopse: Breve coletânea de um dos maiores ensaístas contemporâneos, Por que escrevo traz textos sobre o poder dos livros e da leitura, a importância da linguagem e a necessidade de se escrever. Tudo isso com a habilidade característica do autor de 1984.

Seja demonstrando a falácia da linguagem política, dissecando o preço real dos livros ou proclamando verdades dolorosas sobre a guerra, os ensaios de George Orwell são atemporais e mostram sua relevância para qualquer período, país ou leitor.

Ao falar sobre o poder da escrita, o autor de A fazenda dos animais e 1984 analisa não só a própria produção, como também o papel que a literatura ― em seu sentido mais amplo ― exerce tanto na formação política do indivíduo quanto em sua forma de enxergar o mundo.

Incluindo os ensaios Por que escrevo, Política e a língua inglesa, Livros vs. cigarros e O leão e o unicórnio, esta edição traz uma seleta dos ensaios mais emblemáticos de um dos principais pensadores modernos.

Por Stephanie: Eu adoro a escrita do George Orwell. Admiro muito como ele consegue transmitir ideias com uma prosa simples. E neste pequeno livro de ensaios, intitulado Por que escrevo (assim como o primeiro dos quatro textos da obra), é possível ver essa característica do autor em sua forma mais pura.

Todas as linhas das obras sérias que escrevi a partir de 1936 foram escritas, direta ou indiretamente, contra o totalitarismo e a favor do socialismo democrático [...].

Eu havia me interessado por esse livro pois acreditava que falaria a fundo sobre o processo de escrita, mas na verdade é uma obra muito mais política. Orwell discorre bastante sobre seus pensamentos a respeito da guerra, do capitalismo, socialismo, fascismo… e no meio de tudo isso, também fala um pouco sobre escrita, dando inclusive algumas (poucas) dicas para aspirantes a escritor.

Como eu já imaginava, foi muito fácil me deixar levar pela escrita do autor. Marquei diversas passagens ao longo da leitura, pois vários momentos foram impactantes e reflexivos para mim. Percebi que concordo muito com as visões de Orwell, e por esse motivo eu devo gostar tanto de suas obras de ficção.

Revolução não significa bandeiras vermelhas e confronto nas ruas; significa uma mudança fundamental no poder.

Porém, ainda que tenha sido uma experiência positiva, tenho que confessar que o primeiro ensaio foi o meu favorito, e o último, o mais difícil de ler pra mim. Acredito que Orwell foi me perdendo conforme se aprofundava demais em aspectos muito políticos, e talvez isso se deva pelo meu conhecimento que não é tão vasto assim no que tange a esses assuntos.

[...] Tudo o que sei é que os homens certos vão surgir quando o povo realmente os quiser, pois são os movimentos que fazem os líderes, e não o contrário.

Se você procura um livro sobre política com uma linguagem acessível, fica a recomendação!

Até a próxima, pessoal :)

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sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Resenha: "Belo mundo, onde você está" (Sally Rooney)

Tradução de Débora Landsberg.

Por Thaís Inocêncio: Eu nunca gostei muito de filmes ou livros "parados", aquelas histórias sem muitas ações ou reviravoltas, porque esse tipo de narrativa não costuma prender a minha atenção. Encontrei uma exceção no meio do meu caminho: as obras da escritora Sally Rooney.

Depois de ter lido Pessoas normais e gostado do estilo peculiar de escrita e da construção dos personagens, eu estava ansiosa por mais uma história da autora. E ela não me decepcionou; pelo contrário: esse foi um dos meus livros favoritos de 2021. 

É até difícil de construir uma sinopse, porque nesse livro não acontece nada, mas ele fala sobre tudo. A história se passa na Irlanda e relata, principalmente, a vida de três amigos: Alice, Eileen e Simon. Alice é uma romancista que se mudou de Dublin para uma cidadezinha irlandesa litorânea. Lá, por meio do Tinder, ela conhece Félix, com quem passa a se relacionar. Eillen e Simon, amigos de Alice, vivem em Dublin e se conhecem desde crianças. Eles nutrem fortes sentimentos um pelo outro, mas, por muito tempo, não têm coragem suficiente para deixá-los florescer (se você leu Pessoas normais, talvez veja um pouquinho de Marianne e Connell aqui). 
Talvez a gente tenha nascido para amar e se preocupar com quem a gente conhece, para continuar amando e se preocupando mesmo quando temos coisas mais importantes para fazer. [...] E amo esse aspecto da humanidade, e de fato é por esse exato motivo que torço para que sobrevivamos – porque somos uns idiotas em relação aos outros.
O livro é isso: o cotidiano, as relações e os pensamentos dessas quatro pessoas. A beleza e a grandiosidade da história estão no fato de a autora conseguir universalizar esses personagens. É como se eles passassem pelos dilemas e questionamentos que atravessam quase todo ser humano contemporâneo na casa dos trinta anos. Talvez por isso eu tenha gostado tanto – porque eu me identifiquei muito. 

Como Alice e Eileen não moram mais tão perto desde que a escritora se mudou de Dublin, as duas se comunicam bastante por e-mail – e eles são a melhor parte do romance. Nessas conversas, que são como monólogos, já que não há uma resposta imediata, elas refletem sobre amizade, sexo, religião, política, consumismo, relações de poder e de trabalho, mudanças climáticas e outras questões ambientais e o futuro do planeta de modo geral. Por meio desses e-mails, Sally Rooney consegue traduzir muitos dos nossos pensamentos a respeito do mundo (em diversos momentos eu me vi gritando "É ISSO" enquanto lia essas mensagens). A compreensão da autora sobre o universo que nos cerca na atualidade é o que mais me impressiona.
E se o sentido da vida na terra não for o progresso eterno rumo a um objetivo indefinido – a engenharia e a produção de tecnologias cada vez mais poderosas; o desenvolvimento de formas culturais cada vez mais elaboradas e abstrusas? E se essas coisas ascendem e recuam naturalmente, como marés, enquanto o sentido da vida continua sempre o mesmo – só viver e estar com outras pessoas?
Mas a história fala, sobretudo, de relacionamentos. Convenhamos que, embora o ser humano seja um ser social, não é simples se relacionar com as pessoas. Uma boa relação demanda diálogo e transparência, o que às vezes falta na dinâmica desses personagens, acarretando mágoas, ressentimentos, arrependimentos e frustrações. Mas os relacionamentos também envolvem compreensão, parceria e amor, o que faz com que eles valham a pena. E eu gosto muito da mistura de melancolia e otimismo que esse livro proporciona. 
Se Deus queria que eu abrisse mão de você, ele não teria feito de mim quem eu sou.
É importante destacar, porém, que o estilo de escrita da autora se mantém aqui, com parágrafos longos e diálogos sem nenhuma diferenciação, o que exige muita atenção do leitor. Mas, depois de mais essa história, Sally Rooney tem toda a minha atenção. Eu ainda preciso ler o primeiro romance da autora, Conversa entre amigos, mas ele já está à minha espera na estante.

Espero que tenham gostado e até a próxima!

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quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Resenha: "Mordida" (Sarah Andersen)


Tradução de Sofia Soter

Sinopse: Em seu novo livro, Sarah Andersen traz uma história de amor inusitada entre uma vampira e um lobisomem, com a linguagem em quadrinhos que já conquistou milhares de fãs na internet e nas livrarias.

Em seus trezentos anos de vida, a vampira Elsie nunca encontrou um par perfeito. Tudo muda quando ela conhece Jimmy, um lobisomem encantador, com uma forte tendência a sair correndo por aí na lua cheia. Cada qual com seus hábitos incomuns, juntos eles levam uma vida de casal deliciosamente macabra, curtindo filmes de terror e livros de suspense, fazendo passeios à sombra e saciando seu apetite voraz em jantares refinados (sem alho!).

Com traço gótico, humor ácido e repleto de romantismo, Mordida retrata os dramas reais de se apaixonar por alguém perfeito para você – mas ao mesmo tempo muito diferente. Em edição de luxo, com capa dura de tecido e laterais pintadas de preto, este é um livro de morrer.

Por Stephanie: O que falar desse livrinho que eu li em minutos e mesmo assim se tornou um dos meus favoritos de 2021? Eu já conhecia o trabalho da Sarah Andersen pelas redes sociais dela, mas nunca havia lido nenhum de seus livros. E fico muito feliz de ter começado por esse, que tem uma temática que eu amo (vampiros/lobisomens), com um humor mórbido na medida certa.

Eu fiquei encantada por esse casal, pois mesmo sendo seres sobrenaturais, eles têm alguns dilemas parecidos com casais humanos (sim, é possível). Como o livro é extremamente curto, é muito difícil falar sem mostrar nada, então abaixo vocês podem ver algumas das páginas dessa edição lindíssima da Editora Seguinte:



Seja para quem já conhece ou para quem nunca teve contato com os trabalhos de Sarah, Mordida é uma ótima pedida para quando precisamos de uma leitura rápida e que nos deixará com um sorriso no rosto ao final. Eu com certeza farei várias releituras nos próximos anos! E claro que não vejo a hora de ler as outras obras da autora, que não duvido que sejam tão boas como essa.

Até a próxima, pessoal!

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Resenha: "Amor, mentiras e rock & roll" (David Yoon)

 

Tradução: Lígia Azevedo

Sinopse: Sunny Dae é nerd ― e com orgulho. Essa é a fama que ele e seus dois melhores amigos conquistaram na escola, onde curtir RPG definitivamente não é visto com bons olhos. E estava tudo bem, até Sunny conhecer Cirrus Soh, a garota mais descolada e confiante que ele já viu. Quando Cirrus acha que o quarto do irmão de Sunny é na verdade o dele, o garoto não consegue corrigir o engano. Com os olhos dela brilhando ao ver as guitarras e os pôsteres de rock na parede, ele acaba dizendo que tem uma banda ― embora não saiba nem segurar uma guitarra, ops.

Agora sua única esperança para sustentar a história e conquistar Cirrus é fazer com que seus amigos nerds topem participar de seu plano maluco de tornar essa banda realidade, vestindo as roupas que o irmão mais velho deixou para trás quando se mudou para Hollywood e ensaiando na sala de música da escola. O problema é que logo Sunny descobre que a vida de um rockstar mentiroso não é só fama e glória…


Por Jayne Cordeiro: Em "Amor, mentiras e rock & roll", somos apresentados a Sunny, um rapaz que carrega todo o estereótipo de ser nerd, do tipo que joga RPG, e é o excluído da escola. Mas ele está acostumado com isso e é feliz assim, junto com seus dois melhores amigos, Milo e Jamal. Mas um dia ele acaba conhecendo Cirrus, uma garota descolada e fã de rock, que confunde o quarto do irmão de Sunny, um verdadeiro cantor de banda de rock, com o dele.

Sunny não consegue desfazer o engano, quando percebe o interesse de Cirrus, e agora ele está preso na mentira em que tem uma banda de rock com os dois amigos, e que é uma pessoa bem descolada. É claro que a mentira vai ganhando proporções cada vez maiores, mas Sunny não quer perder a garota que conquistou seu coração. Mas ele vai acabar percebendo que no mundo do rock e das mentiras, nada é tão fácil...

Para começar, eu gostei muito da capa desse livro,  e adoro a ideia da editora de trazer uma legenda, e gráfico, no fundo livro, comentando que veremos nele. Aqui temos um protagonista com ascendência não americana, que sofre um pouco com o preconceito, mas o foco do livro não é esse. Partindo para os pontos que me incomodaram um pouco, um deles foi que eu acreditava que o livro seria mais divertido, do que realmente foi. Na verdade, eu acabei não gostando de toda a mentira que o Sunny inventou. Jogar os amigos na enrascada, colocar em risco um outro projeto do trio, por uma garota, é algo que um adolescente faria, mas mesmo assim, foi algo que me fez não gostar tanto do protagonista.

E o pior, é que a mocinha não me comprou. Se o casal fosse fofo, maravilhoso junto, eu até aceitaria a justificativa para toda a encenação, e ficaria ansiosa para o casal sobreviver a tudo. Mas para mim, Cirrus foi a personagem mais fraca de todo o livro. Sem profundidade, até quando o autor tentou mostrar seu drama de ficar sempre se mudando. Na verdade, meus personagens favoritos foram os amigos Jamal e Milo, que seriam os responsáveis por dar um ar mais leve e divertido ao livro, os pais do Sunny (que nem aparecem tanto) e o irmão dele Gray, que adoraria um livro só para ele.

Mas o livro também tem ótimas qualidades. A escrita é boa, os diálogos são interessantes. Temos aquele cinismo que é presente em muitas produções com adolescentes. Referências populares, temas bem emocionais sobre aceitação, formação de identidade, duelo entre sonhos x sucesso x estabilidade. Como o título do livro já diz, há muitas referencias ao rock, quando a artistas, ritmos, manipulação de instrumentos musicais, formação de banda. Foi um livro que eu li muito rápido, e que gostei. Não virou um favorito para mim, mas acredito que seja um caso de gosto particular de cada. Mas com certeza vale a tentativa, para quem gosta do gênero YA.


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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Resenha: "Heartstopper - Dois Garotos, um encontro" (Alice Oseman)

 

Tradução: Guilherme Miranda

Sinopse: Charlie Spring e Nick Nelson não têm quase nada em comum. Charlie é um aluno dedicado e bastante inseguro por conta do bullying que sofre no colégio desde que se assumiu gay. Já Nick é superpopular, especialmente querido por ser um ótimo jogador de rúgbi. Quando os dois passam a sentar um ao lado do outro toda manhã, uma amizade intensa se desenvolve, e eles ficam cada vez mais próximos.

Charlie logo começa a se sentir diferente a respeito do novo amigo, apesar de saber que se apaixonar por um garoto hétero só vai gerar frustrações. Mas o próprio Nick está em dúvida sobre o que sente ― e talvez os garotos estejam prestes a descobrir que, quando menos se espera, o amor pode funcionar das formas mais incríveis e surpreendentes.

Por Jayne Cordeiro: "Heartstopper - Dois garotos, um encontro" é uma história em quadrinhos, onde conhecemos Charlie Spring, um adolescente que já sofreu muito bullying por ter se assumido gay. Hoje ele leva uma vida mais tranquila, focada nos estudos. E em uma das aulas, ele acaba sentando com Nick Nelson, um popular jogador de rúgbi da escola, e hétero.

Mas da convivência surge uma bela amizade. E cada um deles vai precisar lidar com as consequências de seus sentimentos. Charlie, que está apaixonado por um garoto aparentemente hétero, e Nick que nunca se imaginou gostando de outro menino, mas não consegue tirar o amigo da cabeça.

Faz muito tempo que eu não leio nada em quadrinhos, mas decidi dar uma chance para essa história, e não me arrependo. Adorei a forma como os quadrinhos são colocados, fugindo um pouco daquela regra de um quadrinho do lado do outro. O uso de poucas cores dá um ar doce e simples a história, o que também foi outro ponto positivo. Na verdade, eu só posso definir essa história como doce e fofa. Ela se desenvolve de um jeito bem construído, e dá pra ler em uma tarde. Já existe o volume 2 aqui no Brasil, e estou ansiosa para ler.

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Ana Liberato