Sinopse: Diego espera tudo de ruim dos próprios parentes, mas tudo mesmo. Que o pai tenha uma segunda família. Que a mãe comande um esquema de tráfico humano. Que o irmão lave dinheiro. Por serem versados em todos os crimes do manual da família tóxica, Diego decidiu ser gay bem longe deles. E tudo vai muitíssimo bem, obrigado.
Porém, às vésperas de uma viagem aguardadíssima com amigos, seu irmão aparece implorando por um favor: que Diego seja babá dos três sobrinhos por um final de semana, crianças com as quais ele nunca conviveu. De olho na grana que o irmão promete pagar e acreditando piamente no seu potencial como tio, ele aceita a proposta sem imaginar que os pequenos são, no mínimo, peculiares.
O que a princípio parece moleza, mesmo envolvendo uma gata demoníaca, um amigo imaginário e um porteiro potencialmente sádico, acaba se revelando um desafio quando Diego percebe que terá que revirar seus sentimentos e provar que pode dar conta do recado, sem perder o rebolado que apenas um tio gay é capaz de manter.
Por Stephanie: Gay de família já era um título bem conhecido por mim, muito antes de eu iniciar a leitura. A história foi lançada, inicialmente, em formato de conto, que se expandiu e se tornou um romance depois de ter ganhado um certo hype pelos leitores. Vários amigos meus tinham lido o conto, e foram eles que me fizeram ter vontade de conhecer essa versão “estendida”.
Vou ser bem sincera com vocês: no começo, eu tive muita dificuldade de gostar do Diego. Na verdade, arrisco dizer que o achei bem insuportável, haha. Ele me lembrou de algumas pessoas que eu conheço na vida real, que são meio vazias, fúteis e sem muita personalidade. Até as piadas dele me deixavam desconfortável. Eu não sou o tipo de pessoa que espera sempre se identificar com os protagonistas dos livros, mas poxa, quando a pessoa é tão oposta assim, é puxado, né?
Felizmente, o melhor estava por vir. A chegada das crianças fez tudo valer a pena! Que personagens mais carismáticas, fofas e verossímeis. Já lidei com muita criança na vida e digo que praticamente todas as situações apresentadas pelo autor são totalmente possíveis de acontecer (ainda que com alguns exageros). Me diverti muito com o tom “Sessão da Tarde” das cenas com os sobrinhos de Diego, até porque o autor incluiu até uma pitadinha de mistério sobre um certo assunto que tem tudo a ver com esse tipo de história.
Outra coisa que gostei bastante foi a mensagem/crítica com relação às pessoas que dizem odiar crianças. Quando paramos para pensar, é realmente absurdo vivermos em uma sociedade em que crianças não são vistas como pessoas, a ponto de alguém se achar no direito de odiá-las só por existirem. Felipe Fagundes acertou demais aqui.
O humor de Gay de família sempre foi muito elogiado pelos leitores, e eu até tive momentos de risos sinceros, mas achei que em alguns momentos o tom humorístico se perdia um pouco e beirava o exagero. As referências, apesar de não serem excessivas, ficaram um pouco datadas, na minha opinião. Mas nada que traga um grande impacto para a experiência como um todo.
Os personagens como um todo são bem escritos e suas relações, muito críveis. Consegui imaginar o grupo de amigos de Diego com perfeição, bem como sua (complicada) família. O desfecho também soou muito real pra mim; é uma mistura muito bem feita de final feliz com uma pitada de pé no chão que fez todo o sentido para essa jornada.
Com certeza recomendo essa leitura, principalmente para quem não teve contato com o conto. Felipe Fagundes com certeza é um autor que ficarei de olho e acompanharei seus próximos lançamentos!