terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Resenha: "Gay de Família" (Felipe Fagundes)


Sinopse: Diego espera tudo de ruim dos próprios parentes, mas tudo mesmo. Que o pai tenha uma segunda família. Que a mãe comande um esquema de tráfico humano. Que o irmão lave dinheiro. Por serem versados em todos os crimes do manual da família tóxica, Diego decidiu ser gay bem longe deles. E tudo vai muitíssimo bem, obrigado.

Porém, às vésperas de uma viagem aguardadíssima com amigos, seu irmão aparece implorando por um favor: que Diego seja babá dos três sobrinhos por um final de semana, crianças com as quais ele nunca conviveu. De olho na grana que o irmão promete pagar e acreditando piamente no seu potencial como tio, ele aceita a proposta sem imaginar que os pequenos são, no mínimo, peculiares.


O que a princípio parece moleza, mesmo envolvendo uma gata demoníaca, um amigo imaginário e um porteiro potencialmente sádico, acaba se revelando um desafio quando Diego percebe que terá que revirar seus sentimentos e provar que pode dar conta do recado, sem perder o rebolado que apenas um tio gay é capaz de manter.


Por Stephanie: Gay de família já era um título bem conhecido por mim, muito antes de eu iniciar a leitura. A história foi lançada, inicialmente, em formato de conto, que se expandiu e se tornou um romance depois de ter ganhado um certo hype pelos leitores. Vários amigos meus tinham lido o conto, e foram eles que me fizeram ter vontade de conhecer essa versão “estendida”.


Vou ser bem sincera com vocês: no começo, eu tive muita dificuldade de gostar do Diego. Na verdade, arrisco dizer que o achei bem insuportável, haha. Ele me lembrou de algumas pessoas que eu conheço na vida real, que são meio vazias, fúteis e sem muita personalidade. Até as piadas dele me deixavam desconfortável. Eu não sou o tipo de pessoa que espera sempre se identificar com os protagonistas dos livros, mas poxa, quando a pessoa é tão oposta assim, é puxado, né?


Felizmente, o melhor estava por vir. A chegada das crianças fez tudo valer a pena! Que personagens mais carismáticas, fofas e verossímeis. Já lidei com muita criança na vida e digo que praticamente todas as situações apresentadas pelo autor são totalmente possíveis de acontecer (ainda que com alguns exageros). Me diverti muito com o tom “Sessão da Tarde” das cenas com os sobrinhos de Diego, até porque o autor incluiu até uma pitadinha de mistério sobre um certo assunto que tem tudo a ver com esse tipo de história.


Outra coisa que gostei bastante foi a mensagem/crítica com relação às pessoas que dizem odiar crianças. Quando paramos para pensar, é realmente absurdo vivermos em uma sociedade em que crianças não são vistas como pessoas, a ponto de alguém se achar no direito de odiá-las só por existirem. Felipe Fagundes acertou demais aqui.


O humor de Gay de família sempre foi muito elogiado pelos leitores, e eu até tive momentos de risos sinceros, mas achei que em alguns momentos o tom humorístico se perdia um pouco e beirava o exagero. As referências, apesar de não serem excessivas, ficaram um pouco datadas, na minha opinião. Mas nada que traga um grande impacto para a experiência como um todo.


Os personagens como um todo são bem escritos e suas relações, muito críveis. Consegui imaginar o grupo de amigos de Diego com perfeição, bem como sua (complicada) família. O desfecho também soou muito real pra mim; é uma mistura muito bem feita de final feliz com uma pitada de pé no chão que fez todo o sentido para essa jornada.


Com certeza recomendo essa leitura, principalmente para quem não teve contato com o conto. Felipe Fagundes com certeza é um autor que ficarei de olho e acompanharei seus próximos lançamentos!


Até a próxima, pessoal!

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Resenha: "Herdeiro Diabólico" (Rachel Leigh)

 

Tradução: Malu Garcez

Sinopse: Ele está me arrastando para o inferno. Algo tão errado não deveria causar uma sensação tão boa. Eu conheci o diabo aos 14 anos de idade. Mesmo ele sendo apenas uma criança, estava determinado a fazer da minha vida um inferno. Aos 15 anos, eu o odiava.

Quando fiz 16 anos, eu me mudei para o mais longe que pude. Desde que parti, minha vida tem sido simples – pacífica e tranquila. Eu não tinha a menor intenção de voltar à Skull Creek. Até que a tragédia aconteceu e eu fui chamada de volta. Faz dois anos desde que vi o filho do meu padrasto. Eu esperava que ele tivesse mudado. Mas o diabo continua o mesmo.

Ele é arrogante e implacável. Manda na cidade com mãos de ferro. Por onde ele passa, as pessoas dão passagem. Agora a culpa dele está voltada para mim, assim como seu olhar opaco e escurecido pelo ódio. É hora de eu mostrar a ele que não sou mais a menina de antes. Se ele forçar a barra, eu empurrarei mais forte. Onde eu me curvar, ele quebrará. Desde que ele não encontre minha fraqueza, eu conseguirei sobreviver a isso. Ainda que minha fraqueza tenha se tornado diabólico.


Por Jayne Cordeiro: Penny fugiu da cidade de Skull Creek aos 16 anos, após um acontecimento perturbador. Além disso, ela não guarda boas memórias da cidade, ou do tempo que estudou lá, em companhia de Blaise, o diabo encarnado.  Ele sempre fez questão de infernizar a sua vida na escola, junto com seu grupinho de amigos. E tudo era pior, porque ela morava com o rapaz, já que ele era filho de seu padrasto.

Agora, ela está de volta, mas não pretende ficar por muito tempo. Penny quer aproveitar e entender o que realmente aconteceu anos atrás, mas Blaise não está disposto a facilitar para ela. Tudo o que ele parece desejar é que Penny desapareça novamente, mas ela está mais velha agora, e não está pensando em facilitar para ninguém.

"Herdeiro diabólico" é um lançamento da The Gift Box, e trata-se de um dark/Bully romance, então não espere um protagonista bonzinho e correto. Mas se você gosta desses gêneros, este livro é uma boa pedida. A escrita da autora é envolvente, e temos a oportunidade de acompanhar a história através dos dois personagens. Além das cenas mais pesadas envolvendo o bully, o livro trambém apresenta alguns mistérios, e um romance instigante e tenso.

Não gostei muito da Penny em alguns momentos, porque ela tinha a tendência a fazer exatamente aquilo que não deveria fazer, e que o leitor percebe que vai dar problema, mas ainda assim, não foi uma personagem chata, e você torce para ela conseguir se impor e dar um jeito nos inimigos. É um pouco estranho ver jovens com tanto poder dentro de uma escola ou cidade, mas não é algo incomum nesse gênero literário.

O livro me deixou bem curioso sobre as motivações escondidas de Blaise, e os segredos escondidos por vários personagens, e Blaise não pensa duas vezes em fazer o que quer. Ele consegue equilibrar entre aquele que não luga para ninguém e o capaz de tudo por quem se envolve. Como comentei, é um gênero de romance que foge do certinho, mas cumpri todos os requisitos do que promete. É uma leitura dinâmica, que prende o leitor, e que termina de forma bem satisfatória. Para quem nunca leu um bully romance, ele pode ser uma boa forma de começar.


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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Resenha: "Família de mentirosos" (E. Lockhart)


Tradução: Flávia Souto Maior

Sinopse: Descubra o que aconteceu vinte e sete anos antes dos eventos narrados em Mentirosos, com uma narrativa igualmente viciante, trágica e envolta em mistérios.

Não é fácil para Carrie ser a principal herdeira da família e carregar todas as expectativas que vêm junto com seu sobrenome. Para ser uma Sinclair perfeita, ela não deveria demonstrar emoções ― nem mesmo o sofrimento profundo pela morte recente de sua irmã caçula. Para ser uma Sinclair perfeita, deveria se submeter à cirurgia na mandíbula que seus pais insistem que ela faça, mesmo que isso lhe renda dolorosas semanas de recuperação ― e um vício em analgésicos.

No verão de seus dezessete anos, a família vai para Beechwood, a ilha particular onde sempre passa as férias. Mas, dessa vez, há algo de diferente: entre os visitantes da ilha está Pfeff, um garoto que mexe com os sentimentos de Carrie. Mas esse relacionamento está longe de ser um conto de fadas ― e essa história dificilmente vai acabar em um “felizes para sempre”.

Por Stephanie: Eu sou uma defensora de Mentirosos. Na época do lançamento, li e amei demais, fiquei mega surpresa com as reviravoltas e panfletei horrores a leitura. Portanto, obviamente fiquei super animada quando soube do lançamento de Família de mentirosos, um prequel da história que tanto me marcou há quase dez anos. Apesar de ter achado que a autora não perdeu totalmente a mão da escrita, sinto dizer que as minhas expectativas possam ter estragado um pouco a minha experiência ao ler esse lançamento.

O livro nos apresenta uma geração anterior àquela que conhecemos em Mentirosos. Vamos acompanhar um novo grupo de adolescentes passando um verão na ilha majestosa da família Sinclair, cercada de tudo de melhor que o dinheiro pode oferecer.

Eu não me incomodei e nem achei difícil acompanhar esse novo grupo de personagens; na verdade, achei todos até interessantes e verossímeis. Carrie, nossa protagonista, às vezes irrita um pouco, mas nada fora do normal para uma adolescente rica.

Pfeff é o mocinho típico de livros YA, bem rebelde sem causa. Ele me deu nos nervos um pouco, principalmente em uma certa cena que desencadeia acontecimentos mais dramáticos, mas, fora isso, não me surpreendeu.

Um ponto interessante do livro é a inclusão, ainda que mínima, de representatividade. Gostei de ver um esforço da parte de Lockhart e não ficou soando como algo forçado ou que estava ali apenas para cumprir uma cota.

Agora, o que mais me desagradou na obra foi definitivamente o desenvolvimento do meio para o final. Assim como em Mentirosos, há um mistério a ser desvendado, e os caminhos que a autora escolheu para seguir me soaram muito parecidos com os do livro anterior. Não estou dizendo que os acontecimentos se parecem, e sim que o rumo das situações se assemelha, deixando tudo bastante previsível (e se tem uma coisa que Mentirosos não foi pra mim, é previsível).

Por fim, acabei achando Família de mentirosos um livro morno. Tinha muito potencial, mas foi desperdiçado pela previsibilidade. Gostaria apenas de deixar um alerta: não leia esse livro sem antes ler Mentirosos, pois ele conta o final da história! A própria autora dá esse conselho nas primeiras páginas, mas é bom reforçar.

Até a próxima, pessoal!


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quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Resenha: "Heartstopper - Volumes 3 e 4" (Alice Oseman)

Tradução: Guilherme Miranda

Por Stephanie: Heartstopper é uma história para aquecer os corações mais gelados. Nos dois primeiros volumes, somos apresentados a Charlie e Nick, bem como a seus amigos que já nos conquistam logo de cara. Desde o primeiro quadrinho, eu já sabia como seria uma jornada especial, e nos últimos dois lançados por aqui eu só pude confirmar ainda mais como eu amo essa história e tudo o que ela representa.

Em “Um passo adiante” – como o próprio título sugere –, vemos os primeiros acontecimentos do relacionamento dos dois protagonistas, agora oficialmente. É muito gostoso acompanhar o desenvolvimento e amadurecimento de ambos, como eles vão aprendendo a estar juntos e a enfrentar os desafios que se apresentam no início de qualquer namoro (e outros que são específicos de um namoro entre dois meninos).

Alice Oseman sabe como ninguém escrever uma história leve sem ser boba demais. Ela insere com delicadeza assuntos mais sérios, sem nunca perder a mão. Eu gostei muito de todo o enredo, mas não sabia que o melhor ainda estava por vir.


“De mãos dadas” aprofunda ainda mais não só o relacionamento de Nick e Charlie como também as temáticas (e aqui cabe até um aviso de gatilho para transtornos alimentares). Adorei acompanhar a jornada principalmente do Nick, que passa por tantas situações novas e confusas neste volume. O final, apesar de mais triste do que o dos outros, é perfeito para ilustrar o drama vivido por Charlie e as dificuldades que as pessoas à sua volta também enfrentam, ainda que de forma indireta.

Mais uma vez, a autora trata tudo com sutileza e ainda assim, muita responsabilidade. O quarto volume da série se tornou meu favorito, juntamente com o segundo. Mas eu amo todos e recomendo demais a leitura!

Até a próxima, pessoal!


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segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Resenha: "Bully King - O rei da escola" (Andi Jaxon)

 

Tradução: Allan Hilário

Sinopse: Sou o filho do pastor.

Ele é o famoso quarterback de um pequeno colégio do Kentucky.
Enquanto a cidade o venera, rezo para que Deus tire minha vida.
Ele me inferniza ao me atacar.
Este nosso jogo perverso pode acabar com nós dois.
Como é possível, algo parecer tão certo e tão errado ao mesmo tempo?
O preço, se a verdade for descoberta é a morte, mas não consigo parar.
Nem ele. Ninguém pode saber.


Por Jayne Cordeiro: "Bully King" é o primeiro livro da Andi Jaxon aqui no Brasil, e ele trás Jonah, um rapaz que é filho de um pastor rígido, e que precisa lidar com o segredo de que é gay. Ele e família acabou de se mudar para uma cidade que possui o mesmo pensamento rígido e preconceituoso que o seu pai. Para piorar tudo, ele acaba sendo alvo do garoto mais famoso da escola, Roman King. O quarterback do time da escola, a quem parece ser permitido tudo.

Ao mesmo tempo que Roman faz de tudo para infernizar a sua vida, existe uma atração que Jonah não consegue evitar. E quando esse sentimento é recíproco, isso só coloca ainda mais perigo para os dois.

Preciso começar dizendo que este livro aborda alguns possíveis gatilhos, como abuso, violência doméstica,  relação com consentimento dúvidoso, suicídio e bullying. Não é uma história para qualquer gosto. Aqui, um dos mocinho é cruel, agressivo e dominador, apesar de evoluir bastante no decorrer do livro. A história também trás um tema forte, ao abordar como um jovem gay lida com o estigma de uma cidade e a necessidade de se esconder, para ser aceito.

Temos também várias questões envolvendo a família e como nos sentimos em relação a eles, independente do tratamentos que recebemos. Além de toda a carga dramática, o livro é um hot com tudo o que tem direito, cheio de cenas de incendiar o colchão. Me surpreendi muito com a autora, pois achei sua escrita envolvente. Fiquei muito animada em ler outras obras dela, e espero que a editora decida trazer outros livros, incluindo um que envolve um personagem de "Bully King".


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Ana Liberato