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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Resenha: "Última Parada" (Casey McQuiston)

 

Tradução: Guilherme Miranda

Sinopse: Aos vinte e três anos, August Landry tem uma visão bastante cética sobre a vida. Quando se muda para Nova York e passa a dividir apartamento com as pessoas mais excêntricas — e encantadoras — que já conheceu, tudo o que quer é construir um futuro sólido e sem surpresas, diferente da vida que teve ao lado da mãe.

Até que Jane aparece. No vagão do metrô, em um dia que tinha tudo para ser um fracasso, August dá de cara com uma garota de jaqueta de couro e jeans rasgado sorrindo para ela. As duas passam a se encontrar o tempo todo e logo se envolvem, mas há um pequeno detalhe: Jane pertence, na verdade, aos anos 1970 e está perdida no tempo — mais especificamente naquela linha de metrô, de onde nunca consegue sair.
August fará de tudo para ajudá-la, mas para isso terá que confrontar o próprio passado — e, de uma vez por todas, começar a acreditar que o impossível às vezes pode se tornar realidade.


Por Jayne Cordeiro: Em "Última Parada" somos apresentados a August Landry, uma jovem que acabou de se mudar para Nova York, buscando uma nova vida, enquanto troca de universidade. Sem muitos pertences, e precisando de um lugar para ficar, ela acaba dividindo um apartamento com um grupo de amigos excêntricos, mas acolhedores. Tudo o que ela quer é estabilidade, coisa que a sua mãe nunca conseguiu lhe dar. Mas essa paz e estabilidade parece estar longe, quando ela acaba conhecendo Jane, uma garota de jaqueta de couro e jeans rasgados, que parece ter saído de outra década.

O que é verdade, já que Jane veio de 1970, e parece estar presa a uma linha do metrô, de onde não consegue sair. August decide descobrir o que aconteceu e como pode ajudar Jane a sair de sua prisão. Ela também pode acabar se envolvendo demais com a outra garota, e vai acabar precisando lidar com o seu próprio passado e decidir como que viver a sua vida a partir de agora.

Depois de ler "Vermelho, Branco e Sangue Azul", da mesma autora, eu fiquei encantada pela escrita dela, e decidi que precisava ler "Última Parada". Achei a premissa super interessante, com um tema mais ficção, e ainda temos um casal formado por essas duas jovens. Eu posso dizer que gostei muito do livro, e para mim, a melhor parte dele, são os colegas de apartamento da August, e me diverti demais com eles. O livro também trás vários temas e personagens interessantes. Temos lésbicas, bissexuais, travestis, histórias envolvendo aceitação, luta por direitos, o capitalismo e a modernização afetando negócios familiares e com tradição, e a busca por encontrar seu caminho profissional.

É uma história que aborda temas sérios e outros mais leves, de uma forma única, com personagens carismáticos, excêntricos e também comuns. Gostei bastante das protagonistas, cada uma com características próprias, mas que foram ajudando a outra a encontrar seu caminho. E foi espetacular, como a autora conseguiu criar um envolvimento entre personagens que só conseguem interagir dentro de um trem. É um enredo inovador, e um desenvolvimento muito bom. Tudo isso só me deixou mais fã da autora.


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domingo, 9 de janeiro de 2022

Resenha: "Pequena coreografia do adeus" (Aline Bei)


Sinopse: Julia é filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem escritora tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares.

Entre lembranças da infância e da adolescência, e sonhos para o futuro, Julia encontra personagens essenciais para enfrentar a solidão ao mesmo tempo que ensaia sua própria coreografia, numa sequência de movimentos de aproximação e afastamento de seus pais que lhe traz marcas indeléveis.

Escrito com a prosa original que fez de Aline Bei uma das grandes revelações da literatura brasileira contemporânea, Pequena coreografia do adeus é um romance emocionante que mostra como nossas relações moldam quem somos.

Por Stephanie: Pequena coreografia do adeus é o segundo livro da autora Aline Bei, que conquistou crítica e público com seu primeiro trabalho, O peso do pássaro morto. Eu já estava completamente convencida do talento de Aline quando li O peso, mas, ao finalizar Pequena coreografia, tive ainda mais certeza de que essa autora é uma das vozes literárias mais importantes de sua geração.

Escrevo esta resenha ouvindo Spit of you, de Sam Fender, um cantor pelo qual sou apaixonada e estou obcecada nos últimos dias. A canção fala sobre a dificuldade que o eu lírico tem de se comunicar com seu pai, ainda que o ame muito. E, por mais que o foco de Aline não seja exatamente essa relação em sua obra, e sim a de mãe e filha, acho que esse livro tem a mesma melancolia da música e ambos se complementam de alguma forma. Recomendo ouvirem e assistirem ao clipe, que é maravilhoso.

Agora, focando mais na minha opinião sobre a obra de Aline, é impossível não destacar a sensibilidade que permeia as páginas do começo ao fim. Em O peso, me lembro de sentir cada parágrafo como um soco, pesado e seco. Aqui, mesmo ainda abordando temas difíceis como abandono parental e violência doméstica, Aline parece quase fazer um carinho no leitor com sua prosa (que é quase verso, devido à sua estrutura diferenciada). E esse mesmo carinho se estende, de alguma forma, à protagonista Julia, uma jovem que está passando pelo momento mais conturbado de sua vida enquanto tenta se encontrar num mundo que também não é muito gentil com ela.

Em vários momentos eu me vi em Julia. Assim como ela, sou filha de pais separados, e por mais que eu (felizmente) nunca tenha passado pela maioria das situações que ela passou e tenha uma relação saudável com os meus pais, consegui entender perfeitamente suas dúvidas e anseios ao longo da leitura. A sensação de abandono emocional, as tentativas de aproximação, os dilemas… todas as reflexões dela me soaram muito críveis e condizentes com o que ela estava vivenciando.

A mãe de Julia certamente é a personagem mais enigmática e tridimensional da obra: uma mulher fria que definitivamente não deveria ter se tornado esposa e nem muito menos mãe, mas que mesmo com tantas atitudes odiosas acaba nos despertando empatia em certos momentos. Eu senti tanta raiva e desprezo por ela, mas ainda assim consegui entender um pouco como ela se tornou aquela pessoa.

Já o pai foi um personagem que me causou muita raiva também, mas por motivos diferentes. A apatia dele em relação à Julia me deu vontade de gritar em diversos momentos e mostrou como muitos homens ainda não se sentem tão responsáveis por seus filhos como as mulheres/mães. E esse pensamento claramente é fruto de uma sociedade sexista que sempre coloca nos ombros das mulheres um peso muito maior do que o considerado justo.

Acho que deu pra perceber o quanto eu gostei desse livro, né? Tanto que se tornou um dos meus livros favoritos de 2021. Recomendo muito, desde que o leitor se atente aos gatilhos. Não vejo a hora de poder ler mais trabalhos da Aline.

a gente pensa que conhece as pessoas

a gente se apega ao que imaginamos que conhecemos delas

mas no fim o que cada um constrói com o outro

 quando não estamos no recinto

é um Mistério.

Confira também a resenha da Thaís, colaboradora do DB que também adorou o livro, clicando aqui!

Até a próxima, pessoal!

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sábado, 8 de janeiro de 2022

Resenha: "Por que escrevo" (George Orwell)


Tradução de Claudio Marcondes

Sinopse: Breve coletânea de um dos maiores ensaístas contemporâneos, Por que escrevo traz textos sobre o poder dos livros e da leitura, a importância da linguagem e a necessidade de se escrever. Tudo isso com a habilidade característica do autor de 1984.

Seja demonstrando a falácia da linguagem política, dissecando o preço real dos livros ou proclamando verdades dolorosas sobre a guerra, os ensaios de George Orwell são atemporais e mostram sua relevância para qualquer período, país ou leitor.

Ao falar sobre o poder da escrita, o autor de A fazenda dos animais e 1984 analisa não só a própria produção, como também o papel que a literatura ― em seu sentido mais amplo ― exerce tanto na formação política do indivíduo quanto em sua forma de enxergar o mundo.

Incluindo os ensaios Por que escrevo, Política e a língua inglesa, Livros vs. cigarros e O leão e o unicórnio, esta edição traz uma seleta dos ensaios mais emblemáticos de um dos principais pensadores modernos.

Por Stephanie: Eu adoro a escrita do George Orwell. Admiro muito como ele consegue transmitir ideias com uma prosa simples. E neste pequeno livro de ensaios, intitulado Por que escrevo (assim como o primeiro dos quatro textos da obra), é possível ver essa característica do autor em sua forma mais pura.

Todas as linhas das obras sérias que escrevi a partir de 1936 foram escritas, direta ou indiretamente, contra o totalitarismo e a favor do socialismo democrático [...].

Eu havia me interessado por esse livro pois acreditava que falaria a fundo sobre o processo de escrita, mas na verdade é uma obra muito mais política. Orwell discorre bastante sobre seus pensamentos a respeito da guerra, do capitalismo, socialismo, fascismo… e no meio de tudo isso, também fala um pouco sobre escrita, dando inclusive algumas (poucas) dicas para aspirantes a escritor.

Como eu já imaginava, foi muito fácil me deixar levar pela escrita do autor. Marquei diversas passagens ao longo da leitura, pois vários momentos foram impactantes e reflexivos para mim. Percebi que concordo muito com as visões de Orwell, e por esse motivo eu devo gostar tanto de suas obras de ficção.

Revolução não significa bandeiras vermelhas e confronto nas ruas; significa uma mudança fundamental no poder.

Porém, ainda que tenha sido uma experiência positiva, tenho que confessar que o primeiro ensaio foi o meu favorito, e o último, o mais difícil de ler pra mim. Acredito que Orwell foi me perdendo conforme se aprofundava demais em aspectos muito políticos, e talvez isso se deva pelo meu conhecimento que não é tão vasto assim no que tange a esses assuntos.

[...] Tudo o que sei é que os homens certos vão surgir quando o povo realmente os quiser, pois são os movimentos que fazem os líderes, e não o contrário.

Se você procura um livro sobre política com uma linguagem acessível, fica a recomendação!

Até a próxima, pessoal :)

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sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Resenha: "Belo mundo, onde você está" (Sally Rooney)

Tradução de Débora Landsberg.

Por Thaís Inocêncio: Eu nunca gostei muito de filmes ou livros "parados", aquelas histórias sem muitas ações ou reviravoltas, porque esse tipo de narrativa não costuma prender a minha atenção. Encontrei uma exceção no meio do meu caminho: as obras da escritora Sally Rooney.

Depois de ter lido Pessoas normais e gostado do estilo peculiar de escrita e da construção dos personagens, eu estava ansiosa por mais uma história da autora. E ela não me decepcionou; pelo contrário: esse foi um dos meus livros favoritos de 2021. 

É até difícil de construir uma sinopse, porque nesse livro não acontece nada, mas ele fala sobre tudo. A história se passa na Irlanda e relata, principalmente, a vida de três amigos: Alice, Eileen e Simon. Alice é uma romancista que se mudou de Dublin para uma cidadezinha irlandesa litorânea. Lá, por meio do Tinder, ela conhece Félix, com quem passa a se relacionar. Eillen e Simon, amigos de Alice, vivem em Dublin e se conhecem desde crianças. Eles nutrem fortes sentimentos um pelo outro, mas, por muito tempo, não têm coragem suficiente para deixá-los florescer (se você leu Pessoas normais, talvez veja um pouquinho de Marianne e Connell aqui). 
Talvez a gente tenha nascido para amar e se preocupar com quem a gente conhece, para continuar amando e se preocupando mesmo quando temos coisas mais importantes para fazer. [...] E amo esse aspecto da humanidade, e de fato é por esse exato motivo que torço para que sobrevivamos – porque somos uns idiotas em relação aos outros.
O livro é isso: o cotidiano, as relações e os pensamentos dessas quatro pessoas. A beleza e a grandiosidade da história estão no fato de a autora conseguir universalizar esses personagens. É como se eles passassem pelos dilemas e questionamentos que atravessam quase todo ser humano contemporâneo na casa dos trinta anos. Talvez por isso eu tenha gostado tanto – porque eu me identifiquei muito. 

Como Alice e Eileen não moram mais tão perto desde que a escritora se mudou de Dublin, as duas se comunicam bastante por e-mail – e eles são a melhor parte do romance. Nessas conversas, que são como monólogos, já que não há uma resposta imediata, elas refletem sobre amizade, sexo, religião, política, consumismo, relações de poder e de trabalho, mudanças climáticas e outras questões ambientais e o futuro do planeta de modo geral. Por meio desses e-mails, Sally Rooney consegue traduzir muitos dos nossos pensamentos a respeito do mundo (em diversos momentos eu me vi gritando "É ISSO" enquanto lia essas mensagens). A compreensão da autora sobre o universo que nos cerca na atualidade é o que mais me impressiona.
E se o sentido da vida na terra não for o progresso eterno rumo a um objetivo indefinido – a engenharia e a produção de tecnologias cada vez mais poderosas; o desenvolvimento de formas culturais cada vez mais elaboradas e abstrusas? E se essas coisas ascendem e recuam naturalmente, como marés, enquanto o sentido da vida continua sempre o mesmo – só viver e estar com outras pessoas?
Mas a história fala, sobretudo, de relacionamentos. Convenhamos que, embora o ser humano seja um ser social, não é simples se relacionar com as pessoas. Uma boa relação demanda diálogo e transparência, o que às vezes falta na dinâmica desses personagens, acarretando mágoas, ressentimentos, arrependimentos e frustrações. Mas os relacionamentos também envolvem compreensão, parceria e amor, o que faz com que eles valham a pena. E eu gosto muito da mistura de melancolia e otimismo que esse livro proporciona. 
Se Deus queria que eu abrisse mão de você, ele não teria feito de mim quem eu sou.
É importante destacar, porém, que o estilo de escrita da autora se mantém aqui, com parágrafos longos e diálogos sem nenhuma diferenciação, o que exige muita atenção do leitor. Mas, depois de mais essa história, Sally Rooney tem toda a minha atenção. Eu ainda preciso ler o primeiro romance da autora, Conversa entre amigos, mas ele já está à minha espera na estante.

Espero que tenham gostado e até a próxima!

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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Resenha: "Pequena coreografia do adeus" (Aline Bei)

Por Thaís Inocêncio: Em abril, tive o prazer de participar do evento virtual "Cabine de leitura", promovido pela Companhia das Letras, sobre o livro Pequena coreografia do adeus, com a presença de Aline Bei. 

Na ocasião, ouvi de Aline que, se o verbo que permeia seu primeiro livro, O peso do pássaro morto, é “perder”, o que envolve Pequena coreografia do adeus é “sonhar”. E a única coisa de que Júlia precisa para realizar seu sonho é ela mesma.⁣

⁣Criada em uma família disfuncional, Júlia Terra vive uma infância marcada por traumas e violências que a fazem querer desaparecer, como uma música que deixa de tocar. Sem conseguir estabelecer laços afetivos nem mesmo com os pais, Júlia é constantemente silenciada e empurrada para a solidão. No entanto, ao iniciar um diário, ela encontra na escrita seu lugar de fala, sua voz, o que alimenta o sonho de se tornar escritora.⁣

as surras que eu levava

eram as surras que a minha mãe levou em looping

na minha pele, na pele dos filhos que ainda não tenho

O ciclo de abandono começa a se romper quando Júlia, já crescida, passa a trabalhar em um café e deixa a casa da mãe. Ela vai morar em uma pensão que tem uma história de resistência e foi salva por uma mulher, a viúva Argentina. A conexão com o próprio local, sua dona e seus hóspedes mostra à Júlia que, se quiser, ela pode flutuar ou ser qualquer coisa sem pés no chão.⁣

os estranhos não nos doem porque ainda não nos decepcionaram

e se mantivermos tudo a uma boa distância: seguirão sendo

essa doce incógnita.

⁣Acompanhar a coreografia do amadurecimento de Júlia é tão emocionante quanto apreciar a dança das palavras de Aline Bei. Em seu novo livro, ela mantém a prosa estruturada em versos, como no “pássaro”, mas aqui ela acrescenta um ingrediente novo: a esperança. Recomendo que a leitura seja feita na versão física, porque a distribuição das palavras na página fazem toda a diferença. A escrita tão próxima e sensível dessa autora-artista provoca em mim uma vastidão de sentimentos, nem todos decifráveis.⁣

sabíamos que a vida

ainda que fosse a nossa maior ruína era também a nossa única salvação.

⁣Cinco estrelas cheias de brilho pra essa obra.

Até a próxima, pessoal!


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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Resenha: "A inquilina de Wildfell Hall" (Anne Brontë)

 

Tradução: Debora Landsberg

Sinopse: Gilbert Markham está intrigado com Helen Graham, a bela e misteriosa mulher que acabou de se mudar para Wildfell Hall com o filho e sem o marido. Gilbert é rápido em oferecer amizade, mas, quando o comportamento recluso da inquilina começa a ser motivo de fofoca na cidade, ele se pergunta o que mais pode haver na história daquela família.

Quando Helen permite que Gilbert leia seu diário, ele começa a entender os detalhes obscuros de sua vida, seu casamento desastroso e a situação em que a vizinha se encontra.

Por Jayne Cordeiro: "A inquilina de Wildfell Hall"  foi o segundo e último romance, publicado pela Anne Brontë, a irmã mais nova, e menos conhecida, entre as escritoras da família. Suas irmãs são conhecidas pelos romances "Jane Eyre" e " Morro dos Ventos Uivantes". Neste livro da Anne, conhecemos o jovem Gilbert, um rapaz com posses, mas simples, que vive no interior da Inglaterra, e que está contando para um amigo, através de cartas, uma história de sua vida. É através dele que conhecemos Helen Graham, uma viúva que vai morar com filho pequeno em Wildfell Hall, e que não faz muita questão de socializar com a pequena comunidade do local.

O mistério envolvendo sua história levanta suspeitas em todos, e acaba atraindo a atenção de Gilbert, que se aproxima da jovem viúva. Para que ele entenda sua situação, Helen lhe entrega seu diário, para que ele entenda como ela chegou aquele lugar, e porque seus caminhos podem não se entrelaçar.

Apesar de ser uma fã de "Jane Eyre" e "Morro dos Ventos Uivantes", nunca tinha lido nada da Anne Brontë antes, mas recentemente tive essa chance, e me surpreendi bastante. Para mim, esse livro tem uma pegada menos romântica do que os outros, mas ainda assim tem uma história muito envolvente, e retrata temas bem incomuns para a época, o que provocou muitos comentários, no período em que foi lançado. O livro já interessante por trazer dois períodos, narrados por personagens diferentes, Gilbert e Helen. Gilbert é um jovem que se apaixona por Helen, apesar dos cometários e do fato de ela ser viúva. Mas apesar de parecer atender a seus sentimentos, Helen é taxativa em não se envolver, e através de seus relatos, ficamos sabendo o porquê.

Este livro é considerado um dos primeiros livros feministas da época, por trazer uma protagonista que sabe se impor perante seu marido, e que toma decisões pensando no seu próprio bem estar. Além de trazer temas como alcoolismo e suas consequências, infidelidade, depravação e uma mulher quebrando regras sociais. Apesar de achar Helen boazinha demais, com quem não merecia, em alguns momentos, adorei seu posicionamento na hora em que as coisas chegavam a determinado limite. Uma personagem na era vitoriana que não deixava de falar seus pensamentos e ser firma no que achava correto.

Apesar de ter determinados pontos agridoces, o livro tem o final que imagino satisfazer a todos os leitores, pelo menos eu fiquei bem feliz com o final, e me espantei, como consegui acabar essa leitura rápida, apesar de ser um estilo livro que se deve ter muito atenção na leitura. Essa edição ainda conta com um prefácio de um especialista, falado sobre a obra e suas influências, e um comentário da própria autora, que imagino tenha sido publicado nas edições seguintes, após seu lançamento.

Anne Brontë se mostra tão digna de sua reputação através do tempo, como qualquer uma de suas irmãs, e para quem gosta de um bom clássico inglês, esse livro tem que fazer parte da sua leitura, e da sua estante também.


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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Resenha: "Pessoas normais" (Sally Rooney)

Tradução de Débora Landsberg.

Por Thaís Inocêncio: Marianne e Connell frequentam o mesmo espaço, mas não pertencem ao mesmo mundo.  Apesar de serem colegas de classe de um colégio em Sligo, cidade da Irlanda, eles parecem viver em universos diferentes e paradoxais: ela é rica, mas excluída; ele pertence a uma classe social mais baixa, mas é popular. Há, porém, um fio que os conecta: a mãe de Connell trabalha como faxineira na mansão da família de Marianne.

Em uma das idas à mansão para buscar a mãe, Connell adentra o mundo de Marianne. Entre conversas e olhares, surge um desejo mútuo de ficar junto. Entretanto, como Marianne é vista como esquisita pelos alunos, Connell propõe que eles mantenham o relacionamento em segredo. Temos aí o primeiro conflito dessa história, causado muito mais por uma questão de poder social do que econômico.

“Quando conversa com Marianne, ele tem uma sensação de completa privacidade. Poderia contar qualquer coisa a seu respeito, até as coisas estranhas, e ela jamais as repetiria, ele sabe. Estar sozinho com ela é como abrir uma porta para fora da vida normal e fechá-la depois de passar.”

A partir de então, acompanhamos a vida e a dinâmica dos dois ao longo de quatro anos – do fim do ensino médio ao período da graduação. À primeira vista, esse parece o roteiro de um romance clichê que se passa entre jovens que estão entrando na vida adulta, mas essa é uma história muito mais densa do que se imagina, sobretudo pelos assuntos tratados. Entre outros temas, o livro aborda conflitos familiares, abuso psicológico, suicídio, depressão e diversos níveis de insegurança.

Com uma trama repleta de encontros e desencontros, o livro me fez lembrar bastante de Um dia, do autor David Nicholls, mas acredito que a linguagem usada por Sally Rooney atrapalhou um pouco a minha imersão na história.

Assim como Nicholls, Sally adota a narrativa em terceira pessoa para que seja capaz de nos dar uma visão ampla e, talvez, imparcial dos personagens. No entanto, sua escrita foge do convencional e a autora insere diálogos sem nenhuma diferenciação, como travessões ou aspas, e às vezes os coloca no meio dos parágrafos, o que pode causar confusão ao menor sinal de distração do leitor. Por isso, é importante estar concentrado na leitura para não se perder em relação ao momento do diálogo e a quem está falando.

“Passado um tempo ele a ouve dizer algo que não entende. Não escutei direito, ele diz. Não sei o que há de errado comigo, diz Marianne. Não sei por que não consigo ser que nem as pessoas normais.”

No entanto, ainda assim, achei incrível a construção dos personagens, que nos são apresentados de maneira tão crua. É como se a autora os revirasse do avesso e nos mostrasse tudo o que eles têm escondido lá dentro – e que, muitas vezes, escondemos também. Por isso, é fácil nos identificarmos com diversos sentimentos e situações apresentados no livro. Sally Rooney criou uma história simples, sem muitas reviravoltas, sobre “pessoas normais” e, ao mesmo tempo, extremamente complexas.

“A vida é a coisa que você traz consigo dentro da própria cabeça.”

E, se a escrita da autora prejudicou um pouco o meu envolvimento com a história, a adaptação lançada pela BBC (disponível no Brasil pelo streaming Starzplay) fez exatamente o contrário: me colocou de cabeça e coração na trama. A série, dividida em 12 episódios, é bem fiel ao livro, mas consegue ser superior, principalmente por causa da atuação dos protagonistas, interpretados de modo brilhante por Daisy Edgar-Jones e Paul Mescal. A intimidade e a química do casal nos faz ter certeza de que, ainda que a vida tenda a levá-los por caminhos separados, eles estão destinados a ficar juntos, pois só na companhia um do outro é que conseguem ser eles mesmos.

Paul Mescal e Daisy
Paul Mescal e Daisy Edgar-Jones como Connell e Marianne na série Normal People.

Até a próxima, pessoal!

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Resenha: A Bússola de Ouro - Fronteiras do Universo 1 (Philip Pullman)



Tradução: Eliana Sabino

Sinopse: Lyra Belacqua e seu daemon, Pantalaimon, vivem felizes e soltos entre os catedráticos da Faculdade Jordan, em Oxford. Até que rumores invadem a cidade – são boatos sobre os Papões, sequestradores de crianças que estão espalhando o medo pelo país. Quando seu melhor amigo, Roger, desaparece, Lyra entra em uma perigosa jornada para reencontrá-lo. O que ela não desconfia é que muitas outras forças influenciam seu destino e que sua aventura a levará às terras congeladas do Norte, onde feiticeiras e ursos de armadura se preparam para uma guerra. Embora tenha a ajuda do aletiômetro – um poderoso instrumento que responde a qualquer pergunta –, nada a prepara para os mistérios e a crueldade que encontra durante a viagem. E, mesmo que ainda não saiba, Lyra tem uma profecia a cumprir, e as consequências afetarão muitos mundos além do dela.

Por Jayne Cordeiro: Esta é a nova edição do livro A Bússola de Ouro que faz parte da trilogia Fronteiras do Universo. Decidi ler esse livro por causa da série de Tv His Dark Materials, da HBO, que me conquistou só com um capítulo. Já tinha assistido a primeira adaptação do livro para o cinema, com Daniel Craig e Nicole Kidman, anos atrás, mas a coisa não tinha vingado. Mas dessa vez, houve vários elogios a adaptação para a TV, então fui atrás do livro. Termino esse parágrafo dizendo o como gostei da capa dessa edição. Simples, mas bonita e tudo a ver com a história.

E vamos lá. Temos aqui um livro de fantasia que consegue ser bem realista e maduro, apesar de ter uma criança como protagonista.  Tirando a história dos dimons, bruxas e ursos que falam, tudo mais é bem realista, e tem uma conversa tão profunda, que as vezes eu esqueço que se trata de um livro de fantasia. O enredo trás o debate entre religião e governo, de uma forma bem interessante e sem parcialidade. Fala sobre ditadura, regras sociai arcaicas, sobre estrutura social...tudo isso em um livro que parece infanto juvenil, mas que qualquer adulto lerá e ficará entretido.

Os personagens são muito complexos, principalmente Lyra, Sra Coulter e Lorde Asriel, que me causa sentimentos bem contraditórios. E acredito que a ideia é exatamente essa. Temos aventura, ação, magia, e um enredo cheio de detalhes, que vai levando o leitor a sempre questionar o que vai acontecer. A escrita do autor é série, mas não menos cativante e simples. O final é impactante e deixa várias coisas em aberto para serem continuadas no próximo livro, que já fique super curiosa para ler. Para mim, é um ótimo livro de fantasia, que vale a pena ser lido.


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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Resenha: "Antologia da Literatura Fantástica" (Casares, Borges e Ocampo)



TraduçãoJosely Vianna Baptista

Sinopse: Clássico absoluto da literatura em língua espanhola, este volume reúne 75 contos fantásticos de todos os tempos, de mestres do gênero como Edgar Allan Poe, H. G. Wells, Franz Kafka e Julio Cortázar, entre outros.
Numa noite de 1937, ao conversar sobre ficções fantásticas, três amigos ― Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Silvina Ocampo ― resolveram criar uma antologia com seus autores preferidos. Do filósofo Martin Buber ao explorador Richard Burton, passando pela tradição dos contos orientais, além de Cortázar, Kafka, Cocteau, Joyce, Wells e Rabelais, são 75 histórias ― não só contos, como fragmentos de romance e peças de teatro ― que nos apresentam uma literatura marcada pelo imaginário e por um modo diferente de representar a realidade. “A nossa sociedade ― global, multilinguística, imensamente irracional ― talvez só possa descrever a si mesma com a linguagem intuitiva da fantasia”, anota a escritora Ursula K. Le Guin no posfácio desta edição.

Por Jayne Cordeiro: A primeira edição desse livro é dos ano 40, e desde então já foi traduzido e publicado em diversos países, incluindo o Brasil. Este ano a editora Companhia das letras trouxe essa nova edição, em que a capa não é muito atraente, mas ganha pontos com a capa dura, e a diagramação interna que está bem trabalhada. Como o nome já diz, temos aqui uma antologia, um conjunto de histórias, contos, trechos e etc, mostrando a origem e as nuances mais importantes do gênero da literatura Fantástica.

Este compilado escolhido e traduzido para o espanhol pelos próprios autores traz histórias orientais, algumas escritas pelos autores do livro e também autores clássicos como Lewis Carroll, Kafka, Guy de Maupassant e Edgar Allan Poe. É presente histórias mais longas como também pequenos trechos de peças e outras histórias. 

Para quem tem interesse em conhecer partes do gênero fantástico através da escrita de diversos autores, como também a questão histórica, esta antologia é uma ótima opção. Não dei mais estrelas, muito mais por meu gosto pessoal, pois descobri recentemente que antologias não são a minha praia. Não consigo me apegar a um livro em que as histórias não estão diretamente relacionadas. Mas o livro ainda traz boas qualidades. 

É um tipo de livro para quem quer ler aos poucos, sem a necessidade de longos períodos de atenção ou que o leitor pode começar a ler de qualquer parte. Algumas histórias são mais simples que outras, a linguagem também vária, desde algo mais simples para uma linguagem mais rebuscada, o que pede mais esforço do leitor. Ainda assim, para quem quer se aprofundar no gênero, mais por um interesse acadêmico, acredito que esse seja o tipo de livro que procura.




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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Resenha: "Wild Cards - O Começo" (George R. R. Martin)



Tradução: Alexandre MartinsPetê Rissatti e Edmundo Pedreira Barreiros

Sinopse: Um vírus alienígena atinge a Terra logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, dotando algumas pessoas de poderes incríveis ou deformidades abomináveis, e transformando para sempre o rumo da história.
Aqueles abençoados com superpoderes físicos ou mentais são chamados de ases, enquanto as pessoas afligidas com habilidades ou características bizarras são denominadas curingas. Alguns usam seus poderes a serviço da humanidade. Outros, para os próprios interesses.
Nesse novo mundo, a humanidade busca recuperar seu equilíbrio - e enquanto ases viram heróis nacionais e estrelas de cinema, os curingas são marginalizados e relegados à miséria. No entanto, nem todo ás usa seu poder para o bem, e no Bairro dos Curingas os ânimos estão esquentando - e uma revolta parece prestes a explodir.
Wild Cards: O começo é o primeiro livro da Tríade Original, e dá início à série Wild Cards editada por George R.R. Martin, o consagrado autor de A guerra dos tronos. Capítulo a capítulo, um time de grandes nomes da ficção fantástica apresenta personagens complexos e interessantes, e constrói a trama inesquecível de um mundo ao mesmo tempo tão parecido e tão diferente do nosso.

Por Jayne Cordeiro: Nos últimos tempos tenho tido a oportunidade de me aventurar em outras obras de George R. R. Martin além de Game of Thrones. Indo para o mesmo lado que The Nightflyers, que é ficção, temos Wild Cards que se envereda para o lado da fantasia, e traz um universo de super herois, criados a partir de um vírus alienígena, que por um lado criou pessoas como poderes espetaculares, mas que também criou aqueles que tinham habilidades estranhas e se tornaram excluídos da sociedade.

Como o próprio título já diz, esse livro conta o começo da história e da série Wild Cards, que é uma antologia, onde vários autores contam histórias de personagens diferentes ambientados no mesmo universo. O que gostei muito aqui, é como a ficção se mistura com a realidade. Há esse desvio após o fim da segunda guerra mundial, e na medida em que você vai lendo, fatos reais vão se misturando e se adaptando a história. E isso torna a história bem mais verídica, apesar de ser uma história de fantasia.

Todos os autores souberam aproveitar bem o enredo principal, e apesar de vir de escritas diferentes, todas se complementam. Quando comecei a ler o livro nem sabia que se tratava de autores diferentes. O livro é atraente, e apesar de longo, a leitura flui rápida e interessante. Achei a capa também muito bonita, com cores atraentes e com imagens que representavam bem os personagens. O livro ainda traz trechos de textos falando sobre o vírus, como se tivessem selecionados artigos que poderiam complementar aquilo que a história já traz.

O livro é bom. Não é um livro espetacular pra mim, porque não sou muito fã de antologias. Prefiro histórias que seguem um caminho com um objetivo no final, mas no geral é um bom livro. Para quem gosta do gênero de fantasia/ficção e de histórias de super herois, é uma boa opção de leitura. E consegue trazer uma história do tipo sem ir muito para o lado fantasioso, mas para algo bem realístico. Que o leitor poderia ver acontecendo na sua vida.




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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Resenha: "Um Novo Coração" (Sylvia Day)


Tradução: Lígia Azevedo e Alexandre Boide

Sinopse: Emocionante e poderoso, Um novo coração marca o retorno da sensação global Sylvia Day, autora best seller internacional da série Crossfire. Nunca teria me imaginado aqui. Mas estou bem agora. Em um lugar que amo, minha casa reformada e passando meu tempo com novos amigos que adoro, num emprego que me motiva. Estou me recuperando do passado para um futuro em que possa ser feliz. E daí Garrett Frost se torna meu mais novo vizinho. Ele é determinado e ousado, uma força da natureza que ameaça destruir a ordem cuidadosa da minha vida. Mas também sei reconhecer alguém perseguido por fantasmas de seu passado. Garrett é um perigo e, magoado e assombrado, parece muito mais perigoso. Temo que eu ainda esteja frágil demais para enfrentar a tempestade que existe dentro dele, muito delicada para encarar sua dor. Mas ele é muito decidido... e tentador. E algumas vezes a esperança surge mesmo em meio à desolação.

Por Jayne Cordeiro: Duas coisas me atraíram nesse livro, no primeiro momento. Tanto que nem sabia a sinopse, quando comecei a ler. Primeiro, que era escrito pela Sylvia Day, que é uma escritora que adoro. E segundo, essa capa linda, e que passava uma ideia bem diferente de livro, do que estava acostumada a ver com a Sylvia. Passava uma imagem mais doce, mais dramática. Então comecei a ler. E adorei.

Sei que esse é um daqueles livros de extremos. Há quem ame e há quem odeie. No skoob, vi desde uma estrela a cinco. Então está na cara que é uma daqueles livros que vai depender muito do leitor e sua bagagem. Eu gostei muito dele. Meu único ponto a reclamar, se posso dizer assim, é que queria que fosse maior. Este livro tem 170 páginas. Pouca coisa. E a autora consegue passar tanto...que eu queria ter um pouco mais. Talvez as coisas fossem menos corridas. Mas ainda reforço, que a história fluiu muito bem, apesar das poucas páginas.

Essa história tem um peso emocional muito grande. Temos uma protagonista, que apesar de não ser usada a palavra, claramente sofre de depressão e ansiedade. Adorei como isso ficou subentendido, e não rotulado. Era lago para pegar nos detalhes. Ao mesmo tempo, temos um romance explosivo acontecendo, do jeito que a Sylvia Day sabe fazer. E durante a leitura surge alguns questionamentos, que só nas últimas páginas são respondidos. E o que falar desse final? Faz muito tempo, que eu não sou pega de surpresa com um final. Normalmente eu sempre adivinho a surpresa antes, e o final perde um pouco do impacto. Mas aqui? Foi algo que me chocou e me deixou extasiada no final. 

Por isso, eu gostei tanto desse livro. Achei uma mistura certa entre drama, doce e hot, que é difícil de achar, e conseguir então poucas páginas. Acredito que é um livro que merece ser lido, e que o leitor deve tirar suas próprias conclusões. De mim, só saíram elogios e indicações.






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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Resenha: "The Risk - O dilema de Brenna e Jake" (Elle Kennedy)


Tradução: Ligia Azevedo

Sinopse: O segundo spin-off da série Amores Improváveis tem o melhor de Elle Kennedy: a adrenalina dos jogos de hóquei, a animação das festas universitárias, personagens apaixonantes e um romance de tirar o fôlego! Todo mundo diz que eu sou uma garota má. Deve ser porque faço o que bem entendo e não estou nem aí para o que os outros pensam de mim. Apesar disso, dormir com o inimigo não faz meu tipo. Como filha do técnico de hóquei da Briar, minha vida estaria arruinada se eu me relacionasse com um jogador de um time rival. E essa é a definição de Jake Connelly. Estrela e capitão do time de Harvard, ele é arrogante, irritante e atraente demais pra ser verdade. E o pior é que eu preciso que ele tope fingir ser meu namorado para que eu consiga meu tão sonhado estágio na HockeyNet. Mas é claro que aquele gostoso idiota não vai facilitar: para cada encontro falso... ele quer um pra valer. O que significa que estou em apuros. Isso de ficar saindo às escondidas com Jake Connelly não tem como dar certo. Embora esteja cada vez mais difícil resistir ao desejo e ao sorriso de Jake, me recuso a me apaixonar por ele. Esse é o único risco que eu não vou correr. 

Por Jayne Cordeiro: Temos aqui um um livro que comecei com um pé atrás, mas acabei apaixonada. O que não é nenhuma novidade quando se trata dos livro da Elle Kennedy, que simplesmente adoro. Posso dizer que não tenho nenhuma queixa desse livro e só elogios. Para começar, eu fiquei com medo de não gostar da protagonista Brenna. Normalmente acabo tendo problemas com personagens que parecem ser metidos ou que implica com tudo. Mas a Brenna não foi por esse caminho. Na verdade, gostei muito de como ela é uma mulher bem empoderada, que sabe do seu poder e não que não deixa o que quer de lado. O que é muito importante, porque ela quer atuar em uma área que é majoritariamente controlada por homens.

Pra mim, ela é o tipo de personagem feminina que devemos nos espelhar. É decidida, corre atrás do que quer, fala o que pensa, mas não deixa de ser uma amiga leal, uma pessoa empática com os outros. E lá no fundo ela guarda inseguranças como todo mundo. Jake é um sonho. Ele é bonito, super talentoso no esporte e com as mulheres. Que se esforça muito para ser o melhor jogador, e apesar do jeito despojado, é extremamente carinho e atencioso. E com uma cabeça muito boa.

A ideia inicial do enredo de fingir um namoro não me pareceu muito promissora, porque é algo já bem utilizado. Mas a autora utiliza muito pouco dessa história, e rapidamente a coisa segue outro rumo, o que adorei. E o livro ainda trás outros temas bem interessantes, como a influência da adolescência, abuso de drogas, os bastidores da televisão esportiva e mais. Gostei ainda mais desse livro do que gostei do primeiro, além de dar várias risadas com os diálogos dos protagonistas, que possuem uma química explosiva e com os personagens secundários. Sinceramente, estou bastante curiosa para saber quem será o próximo casal.



sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Resenha: "Uma mulher no escuro" (Raphael Montes)

Por Thaís Inocêncio: Raphael Montes é, facilmente, meu escritor nacional favorito. Já li todos os cinco livros que ele assina com o próprio nome e tenho três deles autografados – só não li ainda o Bom dia, Verônica, que ele escreveu com a Ilana Casoy e lançou sob o pseudônimo de Andrea Killmore. Porém, pela primeira vez desde que o conheci, posso dizer que me decepcionei com uma obra dele. 

Uma mulher no escuro conta a história de Victoria Bravo, que, aos quatro anos de idade, perdeu toda a família em um crime brutal. Na ocasião, um homem invadiu sua casa, matou seus pais, seu irmão e, por algum motivo, poupou-a de um destino semelhante. Vinte anos depois, Victoria ainda carrega sequelas físicas e, principalmente emocionais: é tímida, desconfiada, tem muita dificuldade de se relacionar com as pessoas e nunca namorou.




"Olho pra você e vejo duas Victorias se equilibrando numa corda bamba. Por um lado, você é uma mulher madura, que trabalha, paga as contas e tem as responsabilidades comuns de uma pessoa de vinte e quatro anos que mora sozinha. Por outro lado, às vezes se comporta como uma criança, evitando relações afetivas mais complexas e idealizando uma família perfeita."

Os contatos da jovem se resumem à sua tia Emília, que a criou após a perda dos pais, Max, seu psicólogo, e um jovem nerd apelidado de Arroz, com quem mantém uma amizade muito superficial. Até que, certo dia, no café onde trabalha como garçonete, Victoria conhece um escritor chamado Georges, que parece conseguir adentrar o mundo tão fechado da protagonista. No entanto, tudo muda quando alguém invade a sua casa e deixa rastros semelhantes aos do crime que ocorreu no passado, o que a faz pensar que o assassino está de volta para terminar o que deixou inacabado vinte anos antes.

"Há algo de cruel sobre o passado. Ele não pode ser mudado."

Esse livro é bastante diferente dos outros que li do autor por dois motivos principais: 1) A protagonista é uma mulher e a história nos é apresentada do ponto de vista dela; 2) Trata-se de uma trama psicológica, e não de um suspense permeado por cenas de violência física. Achei interessante Raphael ter buscado um caminho novo nessa obra, mas, pra mim, a tentativa não foi bem-sucedida.

Sabemos muito sobre a protagonista – seus medos, suas necessidades e os segredos que esconde –, mas todos os outros personagens, que têm grande importância na história, são pouco explorados. Por isso, não entendemos muito bem suas motivações, inclusive a do assassino.

Além disso, ao longo da leitura, encontrei algumas contradições. Por exemplo: no começo do livro, Victoria é descrita como uma jovem de cabelos curtos; algumas páginas depois, sua tia Emília elogia seus cabelos compridos. O pior é que essa é uma característica que tem destaque na história!

"Naquele dia, vestia calça larga de pijama e um blusão azul-marinho confortável, mas não deixava de colocar o lacinho que sempre usava nos cabelos curtos." (p. 21)
"'Você está parecendo sua mãe', ela disse, com um sorriso. 'Os cabelos compridos, o brilho nos olhos...'" (p. 128)

Foi difícil reconhecer a escrita brilhante de Raphael Montes nesse livro, mas, felizmente, isso não foi suficiente para fazer eu deixar de gostar do autor. Só espero que, no próximo, ele volte a escrever aquele bom suspense de tirar o fôlego e deixar sem dormir!

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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Resenha: "Através do Vazio" (S. K. Vaughn)


Tradução: Renato Marques

Sinopse: Em Através do vazio, ficção científica e suspense se misturam, construindo uma trama complexa e emocionante que mantém o leitor envolvido até a última página. É Natal de 2067. Os acordes de uma música natalina ecoam pelas ruínas de uma espaçonave que flutua pela escuridão. Lá dentro, May desperta lentamente — a única sobrevivente de um acidente desastroso na primeira viagem tripulada a Europa, a lua de Júpiter. Sozinha no vazio do espaço, em uma nave caindo aos pedaços, May tenta desesperadamente reencontrar o caminho para a Terra. A única pessoa capaz de ajudá-la é Stephen Knox, um cientista brilhante da Nasa... e um homem que ela magoou profundamente antes de partir. Enquanto ela batalha pela própria sobrevivência e sinais de sabotagem começam a vir à tona, a voz de Stephen parece ser a única coisa capaz de atravessar o vazio insondável do espaço e levá-la de volta para casa em segurança. 

Por Jayne Cordeiro: Ando meio que em uma "vibe" de Sci-Fy, então não podia deixar a chance de ler esse livro passar. Através do Vazio é um suspense misturado com ficção cientifica, que carrega toda uma tensão, enquanto acompanhamos a luta da protagonista May para conseguir escapar do espaço. Junto com isso vemos todo o desenrolar que acontece na Terra, envolvendo seu marido Stephen. Eu adorei esse livro. Ele tem a dosagem certa entre romance ficção e suspense, que cativa o leitor, e não deixa você parar de ler até chegar no final.

Se não tivéssemos felizes e satisfeitos como indivíduos, seriam dois chatos ressentidos, vulneráveis e insuportavelmente maçantes, como praticamente todos os outros casais do planeta.

Ele é muito bem elaborado na questão da ficção, com conversas e dinâmicas bem condizentes com cientistas, astronautas e viagens espaciais, mas sem ficar cansativo, confuso, e ainda mantendo uma pegada bem atual, mesmo se passando em 2067. Durante a leitura acompanhamos o presente, com a May e o Stephen, mas também momentos do passado que nos ajudam a entender os personagens, seus comportamentos e que vai esclarecendo aos poucos alguns mistérios que vivenciamos com a May, que logo no começo do livro acorda com perda da memória mais recente.

Só tem essa coisa chamada movimento orbital. Talvez você tenha ouvido falar. Planetas se movendo ao redor do Sol e coisa e tal. A menos que você seja um desses merdinhas que acham que a Terra é plana.

Gostei de como temos esse mistério envolvendo o que aconteceu com a nave e com a May, mas também sobre como ela foi parar nessa viagem, ou porque a relação dela como Stephen estava estremecida. O livro trás uma bela carga dramática, como as questões de relacionamento, filhos, pais e carreiras. Fou um complemento bem legal, e torna o livro muito mais rico.

Você quer ser o herói, como todos os homens, e não enxerga que eu não preciso de um herói. Eu sou a heroína. Eu.

Junto com todo o drama e suspense, damos boa risadas com a May e a Eva (a Inteligência artificial da nave) que são ótimas nos comentários. Na verdade, eu gostei muito dos personagens do livro. São extremamente ricos, bem aproveitados, e complexos. Você entende seus comportamentos, agustias, e torce junto com eles. A May é uma girl power de marca maior, e é gostoso ver uma protagonista que não é perfeita, mas que se impõe e não desiste. A história também nos dá um bastante emoção, com cenas de ação e surpresas. É um ótimo livro para quem gosta do gênero de ficção cientifica e viagens espaciais. Foi uma leitura que me surpreendeu muito, e que vale a indicação.





segunda-feira, 24 de junho de 2019

Resenha: "Minha Coisa Favorita é Monstro" (Emil Ferris)

Tradução de Érico Assis

Sinopse: A história de um assassinato misterioso, um drama familiar, um épico histórico e um extraordinário suspense psicológico sobre monstros — reais e imaginados. A história em quadrinhos mais impactante desde Maus.

Com o tumultuado cenário político da Chicago dos anos 1960 como pano de fundo, Minha Coisa Favorita é Monstro é narrado por Karen Reyes, uma garota de dez anos completamente alucinada por histórias de terror. No seu diário, todo feito em esferográfica, ela se desenha como uma jovem lobismoça e leva o leitor a uma incrível jornada pela iconografia dos filmes B de horror e das revistinhas de monstro.

Quando Karen tenta desvendar o assassinato de sua bela e enigmática vizinha do andar de cima — Anka Silverberg, uma sobrevivente do Holocausto — assistimos ao desenrolar de histórias fascinantes de um elenco bizarro e sombrio de personagens: seu irmão Dezê, convocado a servir nas forças armadas e assombrado por um segredo do passado; o marido de Anka, Sam Silverberg, também conhecido como o jazzman “Hotstep”; o mafioso Sr. Gronan; a drag queen Franklin; e Sr. Chugg, o ventríloquo.

Num estilo caleidoscópico e de virtuosismo estonteante, Minha Coisa Favorita é Monstro é uma obra magistral e de originalidade ímpar.

Grande vencedor do prêmio Eisner, o mais importante do quadrinho mundial, nas categorias Melhor Álbum do Ano, Melhor Roteirista/Desenhista e Melhor Colorista.


Por Stephanie: Desde que vi a capa dessa HQ, fiquei encantada. A capa tem uma ilustração lindíssima da autora, Emil Ferris, e é claro que o conteúdo não poderia diferir disso. Com uma história rica e fascinante, Minha coisa favorita é monstro foi uma experiência totalmente diferente de tudo o que eu já li.

A protagonista, Karen, é uma narradora encantadora; uma criança bastante madura que precisa lidar com diversos problemas durante a história, dos mais simples aos mais duros e complexos. Eu adorei seu jeito sonhador e suas frases de impacto; ela soa sábia sem parecer inverossímil, pois é uma garota que precisou crescer muito cedo.




Quanto aos outros personagens, todos são repletos de características marcantes e falhas. Emil soube criar pessoas reais, tridimensionais, que nem sempre tomam as melhores decisões mas que nos fazem sentir bastante empatia.

O enredo é bem diferente e passeia entre diversos gêneros, como terror, suspense policial e ficção histórica. Inclusive, os trechos que se passam na Segunda Guerra Mundial me encantaram, foi algo inesperado e muito bem elaborado pela autora. Cheguei a me emocionar em algumas dessas partes.

Acho que nem é preciso falar muito sobre a arte da HQ. Os traços de Ferris são lindíssimos e eu nem consigo mensurar o tempo que ela levava para desenhar cada página, principalmente com suas dificuldades motoras (conheça a história de superação da autora aqui). É um trabalho de encher os olhos, e a obra certamente vale o preço elevado.




Fica a minha indicação para leitores de quadrinhos experientes ou não. Minha Coisa Favorita é Monstro é uma história completa, que aborda temas importantes e pesados com a visão de uma menina esperta, curiosa e sonhadora. Um prato cheio para os amantes de enredos de tirar o fôlego!

Até mais, pessoal!

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Ana Liberato