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segunda-feira, 8 de abril de 2019

Resenha: "Crônicas de Espada e Feitiçaria" (Vários Autores edt. Gardner Dozois)

Tradução: Alexandre Martins, Maria Helena Rouanet e Paulo Afonso

Sinopse: Uma antologia com o melhor do gênero de histórias conhecido como “espada e feitiçaria”, incluindo uma novela inédita de George R.R. Martin passada no universo de “As Crônicas de Gelo e Fogo” o aclamado editor e autor best-seller Gardner Dozois apresenta uma antologia com contos épicos originais escritos por um grupo de autores de elite. Junte-se aos melhores contadores de histórias do mundo da fantasia como George R.R. Martin – e uma novela inédita ambientada em Westeros, muito antes dos eventos passados em a guerra dos tronos –, Scott Lynch, Robin Hobb e Walter Jon Williams, e mergulhe em jornadas cheias de ação, universos encantados ou sombrios, acompanhando espadachins e aventureiros destemidos. Uma verdadeira homenagem ao gênero considerado o precursor da fantasia épica.

Fonte: Amazon

Por Eliel: O gênero conhecido como Espada e Fantasia é um dos meus favoritos. Me apaixonei quando tive contato com o Senhor dos Anéis de Tolkien e desde então conheci autores como C. S. Lewis, George Martin, Robin Hobb. O editor desse livro, Gardner Dozois, reuniu grandes nomes do gênero e a editora LeYa fez uma grande escolha ao apresentar ao público brasileiro esses mesmos nomes.

Dozois é um apaixonado desse gênero literário e grande amigo de muitos dos autores dessa antologia. Inclusive tem parceria em algumas obras com titio Martin. Dá para perceber todo esse amor através da introdução que ele escreveu. Simplesmente tocante.

Precursor da Ficção, esse gênero tem o poder de nos transportar para mundos fantásticos, nos apresentar personagens incríveis e histórias envolventes. Gardner Dozois escolheu 16 contos para compor esse épico, eu diria que ele foi um curador, pois cada conto é uma verdadeira obra de arte. Todos compartilham de um mesmo gênero, porém cada um é uma aventura única e diferente.

Os autores escolhidos para essa antologia são muito importantes para o desenvolvimento do gênero, porém me entristece um pouco a maioria deles nunca ter sido publicado em nosso país. Acredito que coletâneas como essa são uma abertura de mercado para a chegada de autores de renome fora e um incentivo para nossos autores experimentarem um gênero não tão novo, porém pouco explorado/conhecido.

É um livro para fãs de fantasia épicas, aliás o próprio volume é um épico de mais de 500 páginas com autores conhecidos e já queridos por nós e também autores que nunca foram publicados por aqui. Essa obra é um belo encerramento para a carreira de Dozois (1947-2018). Recomendo para quem quer conhecer ainda mais esse gênero e para quem já é fã e quer ter contato com autores menos conhecidos.

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Resenha: "Devoção" (Maya Banks)


Tradutor: Rosemarie Ziegelmaier

Sinopse: Chessy e Tate estão casados há anos. No início, o relacionamento deles era tudo o que Chessy queria. Ela oferecia ao marido a submissão e, em troca, ele cuidava para que ela se sentisse completamente segura e feliz. Porém, em alguns anos, Tate passou a dar menos atenção à Chessy, fazendo com que ela se sentisse em segundo plano. Cada vez mais infeliz num casamento que havia sido, um dia, tudo o que ela tinha sonhado, Chessy sabe que algo de urgente precisa ser feito. Tate ama sua esposa. Sentir-se provedor de Chessy sempre foi sua prioridade. Mas ultimamente ela aparenta estar distante e infeliz, deixando-o preocupado. Tão preocupado que decide organizar uma noite muito especial, que pode reacender a chama que existia neles no começo. Mas uma ligação no momento errado quase coloca tudo a perder: a segurança de Chessy, o plano de Tate, a crença no amor… Ao perceber que estava prestes a perdê-la, Tate prepara-se para o grande embate da sua vida. Decidido a reverter a situação a qualquer custo e reconquistá-la, ele vai mostrar que nada é mais importante que o amor que sentem um pelo outro.

Por Jayne Cordeiro: Devoção na verdade é o terceiro livro de uma trilogia chamada Surrender (Entrega, Rendição), onde cada livro conta a história de um casal, em que as protagonistas são cada uma de três grandes amigas. As histórias giram um pouco ao redor da temática de Dom/Submissa. Como não há nada que obrigue o leitor a seguir uma sequência, não há problema nenhum em começar a leitura por esse. Eu já conhecia os romances históricos da da autora Maya Banks, mas nunca tinha lido um livro contemporâneo dela. Então vamos lá no que eu achei deste aqui.

Ela se sentia como se Tate  estivesse deslizando cada vez mais para longe dela. O trabalho vinha em primeiro lugar, e ela em segundo, terceiro ou sabe lá Deus qual colocação dentro da lista de prioridades do marido.

O livro lançado pela editora Leya tem uma capa muito bonita, e a história me atraiu em um primeiro momento, porque eu gosto quando o casal já está junto no começo do livro, com um casamento com problemas. Por isso acabei começando por esse. A história é bem escrita e mostra um casal que se ama, mas que problemas com trabalho de Tate acaba afastando o casal. Gostei de como a autora usou um problema tão realista para criar a trama principal da história.

E então as palavras seguintes de Chessy o deixaram congelado e em pânico, como se estivesse a ponto de ser atropelado por um trem de carga. Ela ergueu a cabeça ea vida tinha desaparecido de seus olhos, que pareciam embaçados, derrotados, como se Chessy tivesse ido além de suas forças numa luta que ele nem sequer sabia que vinha sendo travada. Lágrimas quentes e grossas brotavam dos cantos dos olhos dela. Sua mandíbula travada como ferro permitiu a saída de apenas algumas palavrinhas lançadas como dardos no coração de Tate.- Eu não quero mais, Tate. Eu não aguento mais isso.

Sobre os personagens, gostei de como apesar de usar do pensamento BDSM, por causa da situação toda, vemos uma inversão de papéis, quando Tate percebe o risco de perder a esposa e decide lutar por ela. E de como a Chessy assume uma postura firme, apesar de sofrer com tudo. Para quem não está familiarizado com a temática BDSM, pode estranhar um pouco, porque a autora não se preocupa em detalhar o conceito de tudo. Talvez seja algo que ela tenha se aprofundado nos outros livros. Mas posso dizer, que tudo o que acontece no livro é bem leve em termos do gênero. Tem várias cenas quentes, detalhadas e bem escritas. Mas a autora não abusa da questão de submissa/dominador, ou da utilização da dor como prazer. Então o leitor não precisa se preocupar com sua sensibilidade.

- Eu te amo - disse Tate, beijando-a na boca. - Sempre vou te amar, Chessy. Preciso que você acredite em mim.- Eu também te amo - suspirou ela.Então, Chessy fechou os olhos. Seu corpo estava tão tenso que parecia prestes a ruir. As palavras dele, misturadas com as profundas estocadas, a desnorteavam.

Gostei do casal principal. Apesar de parecer calma, doce e até mesmo submissa, Chessy reage quando precisa e sabe ser bem racional e de temperamento forte. Tate tem aquele ar de dominador, protetor, mas mostra um lado todo romântico e dependente no decorrer do livro. O que ajuda a equilibrar as coisas. Sobre os personagens secundários, fiquei com vontade de ler os outros livros da séries, que mostraram ter histórias bem interessantes, pelo pouco que pude ver. Devoção é um livro hot bem gostoso de ler, com uma mistura equilibrada entre drama, romance e sexo, que vai conquistar os leitores.

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sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Resenha: "Santuário dos Ventos" (George R. R. Martin & Lisa Tuttle)

Tradução: Luís Reyes Gil

Sinopse: George R.R. Martin, autor de “As Crônicas de Gelo e Fogo” e “Wild Cards”, e Lisa Tuttle reuniram seus talentos para presentear o leitor com Santuário dos Ventos, uma obra ambiciosa e emocionante, que, combinando ficção científica e fantasia, chega às livrarias pela LeYa. O romance, ambientado num planeta distante, conta a história de Maris e seu sonho de se tornar um dos voadores, grupo de habitantes mais prestigiado do Santuário dos Ventos. Para isso, recorrerá a tudo que estiver a seu alcance para conquistar as preciosas asas – abalando a sociedade em que vive e gerando uma série de novas questões morais entre os voadores e os “confinados à terra”. Afinal: quem merece ganhar os céus? E até que ponto a benção se torna também uma maldição?

Fonte: Editora Leya

Por Eliel: Quando uma situação não te agrada o conselho mais comum e mais óbvio é mudar. Porém isso às vezes não é tão fácil. No santuário dos Ventos tem uma sociedade engessada que faz distinção social entre os voadores e os confinados à terra, herança dos seus antepassados. Os Voadores são uma classe de prestígio no Santuário dos Ventos, são eles que são o principal meio de comunicação entre as nações. Os Confinados à Terra são todos os outros membros do povo que habitam as ilhas desse planeta tomado por grandes quantidades de água e fortes ventos.

Maris é uma confinada à terra de nascença que teve acesso à asas porque seu pai adotivo, Russ, é um voador. Ele ensina a arte do voo para Maris que tem um talento nato, mas devido ao seu nascimento e as regras não terá o direito de se tornar uma verdadeira voadora.

Muito em breve, ela deverá passar as asas que lhe deram tanto prazer para seu irmão mais novo, Coll (filho biológico de Russ), que não tem o mínimo talento e vontade de ser um voador. Sua verdadeira paixão é a música.

- Não se preocupe - disse Russ, com uma voz cordial, mas meio forçada. - Foi só um suporte, filho; eles quebram à toa. Não é difícil consertar. Você estava um pouco instável, mas todos nós ficamos no primeiro voo. Da próxima vez será melhor.- A próxima vez, a próxima vez, a próxima vez! - repetiu Coll. - Eu não consigo, pai, não consigo. Eu não quero uma próxima vez! Eu não quero suas asas! - Ele chorava abertamente agora, e seu corpo tremia com os soluços.O grupo ficou mudo, chocado, e o rosto de seu pai ganhou um ar severo.- Você é meu filho, um voador. Haverá sim uma próxima vez. E você aprenderá.Coll continuava tremendo e soluçando, as asas já desatadas aos seus pés, quebradas e inúteis, pelo menos por ora. Não haveria voo para Eyrie naquela noite.

As asas dos Voadores são feitas de um material metálico provenientes das velas das grandes embarcações estrelares dos primeiros exploradores a chegarem nesse planeta formado por vários arquipélagos. Dessa forma esse material é bem escasso, e as asas são passadas de geração a geração o que mantém essa cultura viva. Como mensageiros a serviço dos Senhores da Terra, que são os governantes das nações, eles mantém a comunicação e a sobrevivência em comunidade do planeta.

Maris não deseja se separar da liberdade e das sensações proporcionadas pelas asas. Diante de um grande Conselho dos Voadores ela vai lutar bravamente pelo seu direito contra todas as tradições impostas por séculos de história, afinal para ela as asas deveriam ser passadas por mérito e habilidade ao invés por hereditariedade. Dessa forma, menos asas seriam perdidas e vidas seriam poupadas se não caíssem em mãos inexperientes e sem talento.

- Somos pessoas, e se temos algum instinto é o instinto, o desejo de mudança. As coisas sempre mudam e se formos inteligentes faremos as mudanças nós mesmos, e para melhor, antes que sejamos obrigados a fazê-las. A tradição de passar as asas de pai para filho funcionou razoavelmente bem por muito tempo. Com certeza, ela é melhor que a anarquia, ou que a antiga tradição de se defender isso num combate, que apareceu no Leste durante os Dias de Sofrimento. Mas não é a única maneira, nem é a maneira perfeita.

Maris se tornará uma lenda no Santuário, porém terá que lidar com as consequências de seus sonhos e atitudes. Um fardo que pode ser bem pesado para carregar, mas toda revolução tem fardos e consequências diante das mudanças necessárias.

Um livro escrito à quatro mãos e com uma única voz. O mestre Martin e Lisa Tuttle escreveram esse livro em 1981 e somente agora chega uma tradução encantadora chega às nossas mãos por meio da Editora LeYa. Uma aventura ao melhor estilo Espada e Feitiçaria que trata de temas como a busca de sonhos e a importância de questionar sistemas opressores. Com uma protagonista feminina forte e bem construída e à frente do seu tempo.

- Crescer pode ser doloroso - comentou Evan. - E toda cura leva tempo. Dê tempo ao tempo, Maris.

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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Resenha: "A Fúria do Assassino - Saga do Assassino" (Robin Hobb)

Tradução: Orlando Moreira

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Eu confesso que ADORO chegar ao fim de uma trilogia. Meso que as vezes o fim não me agrade muito, fico com uma grande sensação de dever cumprido, tanto comigo mesma e, claro, com vocês leitores.

Você pode ler as resenhas do primeiro livro, O Aprendiz de Assassino aqui e do segundo O Assassino do Rei aqui. Como em toda resenha de livros que são continuações, é inevitável que hajam alguns spoilers a respeito dos livros anteriores então, se você ainda nãos os leu, recomendo ler somente a primeira resenha.

O final do livro dois foi de partir o coração. O Bastardo do Cavalaria morreu... só para voltar a andar entre os vivos novamente, após dividir parte de sua consciência com seu Lobo, através da manha. Mas ao final de O Assassino do Rei, já não parece restar muito de humano em Fitz.

Acusado de perpetrar a morte de seu Rei, Fitz fica escondido em uma cabana com Bronco, que começa a fazê-lo, lentamente, a retornar a sua condição de ser humano, deixando de lado sua ligação profunda com o lobo.

O quarto estava quente demais. E era demasiado pequeno. Arquejar já não me esfriava. Levantei-me da mesa e fui até o barril de água que estava no canto. Tirei a tampa e bebi longamente. O Coração da Matilha ergueu os olhos com um quase-rosnado. — Use um copo, Fitz. A água escorreu pelo meu queixo. Olhei-o com firmeza, observando-o. — Limpe a cara. — O Coração da Matilha afastou os olhos de mim, de volta às suas mãos. Tinha nelas gordura, que esfregava numas correias. Senti o cheiro. Lambi os lábios. — Estou com fome — disse-lhe. — Sente-se e termine o trabalho. Depois comeremos. Tentei me lembrar do que ele queria de mim. Ele moveu a mão na direção da mesa e eu me lembrei. Mais correias de couro na minha ponta da mesa. Voltei e me sentei na cadeira dura. — Estou com fome agora — expliquei-lhe. Ele voltou a me olhar daquela maneira que não mostrava os dentes, mas que ainda era um rosnado. O Coração da Matilha era capaz de rosnar com os olhos. Suspirei. 

Mas Fitz não quer voltar. O príncipe Majestoso, verdadeiro responsável pela morte do Rei Sagaz, saiu impune de seu parricídio ao culpá-lo. Sua vida precisa ser abandonada, pois foi acusado de magia negra antes de ser morto. Ou seja, retornar dos mortos seria justamente a confirmação de que todos precisavam de que de fato estava associado a coisas nefastas como a manha.

No reino, Majestoso ao invés de enfrentar o perigo que assola os Seis Ducados, retira-se para a terra natal de sua mãe, deixando os Ducados da região fronteiriça à sua própria sorte.  A Princesa Kettricken também fugiu para as montanhas, em sua terra natal, mas não por covardia: mas por esse ser a única forma de proteger o filho de Veracidade, próximo sucessor na linhagem e uma ameaça direta ao príncipe Majestoso.

Veracidade ainda se encontra desaparecido, em sua viagem em busca do poder dos antigos, que venham ajudá-los na grande guerra que se aproxima. Moli, o grande amor de Fitz, foi embora grávida de um filho seu, sem que o mesmo possa agora procurá-la sem pô-la em risco e ao seu filho por nascer.
— Rei Veracidade — lembrou com suavidade a Bronco. — Se estivesse aqui. — Desviou o olhar para longe. — Se fosse regressar, acho que já estaria aqui a esta altura — disse ele em voz baixa. — Mais alguns dias calmos como este e haverá Salteadores dos Navios Vermelhos em todas as baías. Já não acredito que Veracidade regresse. — Então Majestoso é verdadeiramente rei — disse Bronco com amargura. — Pelo menos até que o filho de Kettricken nasça e chegue à maioridade. E depois podemos esperar uma guerra civil se a criança tentar reivindicar a coroa. Caso ainda restem Seis Ducados para governar. Veracidade. Agora gostaria que ele não tivesse partido em busca dos Antigos. Pelo menos enquanto estivesse vivo teríamos alguma proteção contra os Salteadores. Agora, com Veracidade longe e a primavera ganhando força, não há nada entre nós e os Navios Vermelhos… 
Recobrando parte de sua humanidade, Fitz não quer mais estar preso a deveres com nenhum Rei, Ducado, amigo ou parente. Fitz quer somente uma coisa: vingança. E irá embarcar em uma grande jornada em busca de Majestoso, quem acredita ser o responsável por sua desdita, num desfecho que finalmente o fará de ser um menino, e o tornará um homem.

Mais uma vez, os livros da autora não são livros feitos para quem gosta de cenas rápidas, batalhas épicas, grandes reviravoltas. O passo utilizado para chegar-se até algumas conclusões é bem lento. Algumas das muitas críticas da autora chegam a dizer que este é um passo lento até demais.

No entanto, no fim, mas bem no fim mesmo, entendemos que cada palavra fez parte da construção dos personagens, de suas personalidades, a fim de torná-los quem são e explicar algumas passagens. Da mesma forma, a autora criou um universo muito rico, e que não se esgota nas páginas deste três volumes, tendo já escrito uma continuação para esta saga.

O final é bonito. Quase lírico. Mas não é de todo feliz, o que também é bom. Esta não é uma saga onde no final tudo da certo e todas as pessoas conseguem o que queriam e tudo fica bem. Para se alcançar determinados fins, há de se fazer enormes sacrifícios. E a recompensa não vem sem dor.

Recomendo.





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sexta-feira, 29 de junho de 2018

Resenha: "O Assassino do Rei - Saga do Assassino II" (Robin Hobb)

Tradução: Orlando Moreira

Sinopse: Segundo volume da saga fantástica de Robin Hobb! Fitz sobreviveu à sua primeira missão como assassino a serviço do rei, mas foi por pouco. Amargurado e sofrendo, ele pretende abandonar seu juramento ao Rei Sagaz e permanecer nas montanhas distantes. Porém o amor e acontecimentos terríveis o atraem de volta à corte em Torre do Cervo para as intrigas mortais da família real. Renovando seus violentos ataques ao litoral, os Salteadores dos Navios Vermelhos deixam um rastro de vilarejos queimados e vítimas ensandecidas. O reino também sofre agressões internas: a traição ameaça o trono do rei doente. Neste momento de grande perigo, o destino do reino talvez resida nas mãos de Fitz – e seu papel na salvação dele pode exigir seu sacrifício supremo.

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Trago a vocês hoje resenha do segundo livro da Saga do Assassino. O livro um, O Aprendiz de Assassino, já foi resenhado.

Como eu sempre costumo avisar, inicio as resenhas de séries/sagas com um  pequeno resumo do livro anterior, então se você não gosta de spoilers talvez você deva ficar por aqui até conseguir ler o primeiro livro.

Mas, voltando ao livro I, vemos que Fitz foi enviado para a sua primeira grande missão oficial como assassino, e que as coisas não saíram nem um pouco como o planejado.

Majestoso arquitetou as coisas de uma forma que deixava Fitz sem escolha: assim como Majestoso induziu o Rei Sagaz a enviar Fitz como assassino, alertou aos príncipes de sua vinda, fazendo com que qualquer atitude de Fitz acabasse em execução, seja por obedecer seu rei, seja por traí-lo.

Apesar de tomar a resolução mais nobre, Fitz acaba de qualquer forma servindo de instrumento à Majestoso, além de ser envenenado, o que quase culmina em sua morte. Não fosse a Manha, sua habilidade em conectar-se a animais, considerada por muitos abominável, com certeza não teria sobrevivido. No início deste segundo livro encontraremos um Fitz doente, alquebrado, quase desistindo da vida e com muita, mas muita pena de si mesmo. 


Havia um espelho no quarto. Primeiro, sorri para o meu reflexo. Nem mesmo o bobo da corte do Rei Sagaz se vestia de modo tão chamativo. Mas, por cima do vestuário colorido, o meu rosto estava magro e pálido, fazendo os meus olhos escuros parecer grandes demais, enquanto o meu cabelo preto e arrepiado, raspado por causa da febre, mantinha-se em pé como os pelos da cernelha de um cão. A doença tinha acabado comigo.  
- Estou incapacitado, Bronco. Não posso voltar assim para Torre do Cervo! Sou um inútil. Sou pior que inútil, sou uma vítima à espera. Se eu pudesse voltar e espancar Majestoso até esmagá-lo, talvez valesse a pena. Mas, em vez disso, vou ter de me sentar à mesa com o Príncipe Majestoso, ser educado e respeitoso com um homem que conspirou para derrubar Veracidade e, como toque final, tentou me matar. 

Preso nas montanhas, e desejando de lá nunca mais sair, Fitz acaba no entanto sendo transportado através do Talento, outro de seus poderes, para uma aldeia do Reino onde o que vê, finalmente, o faz retornar à vida.

- Uma maré enchente – ofeguei. – Trazendo navios. Navios de quilhas vermelhas… Os olhos do Bobo esbugalharam-se de alarme. – Nesta estação, Majestade? Certamente que não! No inverno, não! Sentia a respiração apertada no peito. Lutei para falar. – O inverno chegou com demasiada brandura. Poupou-nos tanto de suas tempestades como de sua proteção. Olhe. Olhe para ali, por sobre as águas. Vê? Eles vêm . Eles vêm do nevoeiro.

Tendo em mente descobrir se seu amor de infância sobreviveu, Fitz não percebe que o fez por intermédio de seu Rei Sagaz, e do quanto sua saúde está abalada. Encontra na volta para casa um príncipe Majestoso cada vez mais no controle dos Seis Ducados, um Príncipe Veracidade cada vez mais exaurido em sua tentativa de repelir os Salteadores e seus Navios Vermelhos, um Bobo com cada vez mais enigmas e uma vida que as vezes parece um tanto errática.

Mas servir ao Rei, ser seu assassino faz com que Fitz precise cada vez mais contornar seus inimigos, principalmente quando o príncipe Veracidade parte em busca dos Antigos para pedir ajuda, além de abdicar de seu coração em detrimento do dever por inúmeras vezes, o que lhe coloca em conflito constante.

No que diz respeito ao uso de seus atributos mágicos, o Talento ainda é um grande mistério para Fitz, mas a Manha é algo que ele se vê usando cada vez com mais frequência, ainda mais agora que, por compaixão, acabou por salvar um pequeno lobo de um futuro terrível.

É arrogante, Lobito. E ignorante. Então me ensine (responde o lobo). Virou a cabeça para o lado para permitir que os dentes de trás cortassem a carne e os tendões do osso que tinha entre as patas. É o seu dever de alcateia. Nós não somos alcateia. Eu não tenho alcateia. Minha fidelidade pertence ao meu rei. Se ele é seu líder, então também é meu. Somos alcateia. À medida que sua barriga ia ficando cheia, ele ia ficando cada vez mais complacente a respeito daquilo. Mudei de tática. Friamente, disse: Eu pertenço a uma alcateia da qual você não pode fazer parte. Na minha alcateia todos são humanos. Você não é humano. É um lobo. Não somos alcateia. Uma quietude cresceu dentro dele. Não tentou responder. Mas sentiu, e o que ele sentiu me congelou. Isolamento e traição. Solidão. Virei-me e deixei-o ali. Mas não consegui esconder dele como foi difícil abandoná-lo assim, nem esconder a profunda vergonha que senti por renegá-lo. Tive esperança de que ele também sentisse que eu acreditava que aquilo era o melhor para ele. À semelhança, refleti, do que Bronco sentira quando me tirara Narigudo porque eu me vinculara ao cachorro. Aquela ideia ardia, e eu não consegui me limitar a me afastar apressadamente; fugi. 

Este segundo volume segue a narrativa lenta do primeiro. Não é uma leitura para quem gosta de muita ação, movimento e reviravoltas. Há muitas descrições dos acontecimentos que são acompanhados muito de perto, que faz com que todo o livro abarque uma quantia relativamente curta de tempo.

A narrativa se acelera para o final que - confesso - foi de uma angústia avassaladora e de partir o coração! Se o livro já não tivesse sido publicado há bastante tempo, o que me deu a oportunidade de ir direto para a leitura do próximo, para saber como as coisas continuariam, teria passado uma raiva muito grande com certeza.

No próximo mês irei resenhar o terceiro e último volume da trilogia, mas já adianto que toda a leitura valeu muito a pena. Se você não leu ainda, leia. Se você gosta de épicos com fantasia, com certeza não irá se arrepender.

Abraços.

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sexta-feira, 11 de maio de 2018

Resenha: "O Aprendiz de Assassino - Saga do assassino" (Robin Hobb)

Tradução: Orlando Moreira

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? E vamos de mais trilogias! Comprei um kindle em função de um problema nas costas, que se agravava na leitura de livros grandes e pesados e estou podendo ler uma lista GIGANTE  de livros que antes eu precisava deixar de lado.

Neste primeiro livro de uma saga, seremos apresentados ao Bastardo do príncipe Cavalaria. No reino dos Seis Ducados, os nascidos de Sangue Nobre, geralmente são nomeados tendo em vista uma qualidade - apesar de que, ao longo da obra isso nem sempre se sustenta.

Assim, o Bastardo, mais tarde chamado de Fitz (que descobriremos ser apenas uma variação da mesma palavra) é levado ao príncipe Veracidade por seu avô materno quando tem em torno de 05/06 anos, já que o mesmo alega não poder mais prover seu sustento.

– Pai, por favor, eu imploro! Um tremor sacudiu a mão que agarrava a minha, mas se era de ira ou de qualquer outra emoção nunca saberei. Tão veloz quanto um corvo apanhando um pedaço de pão atirado, o velho inclinou-se e agarrou um pedaço de gelo sujo.
Atirou-o sem palavras, com muita força e fúria, e eu me encolhi de medo. Não me lembro de ter chorado. O que me lembro é de como as portas se abriram para fora, de tal forma que o velho teve de se mover depressa para trás, puxando-me com ele.

Já de início a pequena criança, de forma involuntária, causa uma tremenda mudança nas vidas de todas as pessoas do reino: Cavalaria, que seria o próximo na sucessão ao trono, abdica de sua posição e se retira para o interior com sua esposa Paciência, com quem não conseguiu gerar herdeiros legítimos.

O Bastardo é entregue aos cuidados de Bronco, braço direito de Cavalaria, que na abdicação de príncipe passa a cuidar das Cavalarias de Torre do Cervo, local de residência do Rei Sagaz e de toda a corte que o rodeia.

Vamos então acompanhar o Bastardo vivendo como uma criança comum das cavalarias, trabalhando, correndo solto pelas ruas da vila próxima à Torre de Cervo, roubando tanto na vila como dentro da própria Torre. E é justamente num dia em que esta roubando os restos de comida após um banquete  que Fitz acabará sendo pego pelo próprio Rei, que decide que, a partir de então, ficará responsável por sua criação e educação em troca de sua lealdade.

 – Olhe para ele – o velho rei ordenou. Majestoso lançou-me outro olhar furioso, mas não ousei mover uma palha. – O que você vai fazer com ele? Majestoso parecia perplexo.
– Ele? É o Fitz. O bastardo de Cavalaria. Vagando sorrateiramente e afanando coisas por aí, para variar.
– Bobo. – O Rei Sagaz sorriu, mas os seus olhos continuaram firmes. O Bobo, pensando que o rei se referia a ele, sorriu docemente. – Seus ouvidos estão tampados com cera? Não ouve nada do que eu digo? Não te perguntei o que acha dele, mas sim o que vai fazer com ele! Aí está ele, jovem, forte e engenhoso. Os traços do rosto dele são tão reais quanto os do seu, embora tenha nascido no berço errado. Portanto, o que você vai fazer com ele? Vai fazer dele uma ferramenta? Uma arma? Um companheiro? Um inimigo? Ou vai deixá-lo andando por aí, até que outro o pegue e o use contra você?

E é então que Fitz, o Bastardo de Cavalaria, vira um aprendiz de Assassino.

Muitas outras coisas são dignas de nota, como a estranha facilidade que Fitz parece ter para se comunicar com  alguns animais e entender seus sentimentos, bem como o que é chamado de Talento, um dom que a realeza possui para se comunicar entre mentes, ou até criar certa confusão na mente de outra pessoa, uma arte que, infelizmente, acabou ficando mal compreendida até mesmo pelos príncipes herdeiros.

Neste primeiro livro, vamos acompanhar o crescimento lento e confuso de Fitz em meio a corte e suas intrigas, jogos de poder, verdades veladas e mentiras descaradas, e sua tentativa de sobreviver a ser um homem do Rei, filho de Cavalaria e amigo daqueles que conhece quando consegue fugir da opressão dos muros do castelo.

"O Aprendiz de Assassino" é uma aventura fantástica fascinante, apesar de ser um livro com mais de 400 páginas, li todo em um único dia. Como primeiro volume é um livro excelente, que nos deixa com muitas dúvidas acerca da história como um todo, mas que consegue fechar um ciclo em seu desfecho. Com personagens bem trabalhados, sua continuação é algo que pretendo ler o mais breve possível para continuar acompanhando o desenrolar dos acontecimentos.

Recomendo!

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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Resenha: "A Rainha do Fogo - Trilogia A Sombra do Corvo, Livro 3" (Anthony Ryan)

Tradução: Gabriel Oliva Brum

Por Sheila: E chegou ao fim! Foram mais de 2000 páginas, noites insones, séries não maratonadas, churrascos do fim de semana furados, para concluir essa fantasia épica que tanto me arrebatou em seus dois primeiros livros - que já foram resenhados, o livro 1 aqui e o livro 2 aqui.

Como esse é o desfecho da trilogia, alguns spoilers são inevitáveis, então se você ainda não leu os dois primeiros livros e não gosta de estragar a surpresa, é melhor parar aqui e ler os dois primeiros livros antes de prosseguir.

Mas antes, recapitulando:

No primeiro livro vamos conhecer Vaelin Al Sorna, o Matador do Esperança, a partir do relato detalhado que faz de sua vida ao Lorde Verniers,  Cronista Imperial e, mais tarde descobriremos, amante do Esperança. Esse relato será realizado enquanto Vaelin é levado à ilha dos piratas, supostamente para ser morto em um combate.  

Ao final de "A Canção do Sangue" finalmente descobrimos por que o livro é intitulado dessa forma; As chamadas "Trevas" na verdade são dons, que o próprio Vaelin possui, uma espécie de sexto sentido que o avisa sobre as coisas. Na praia do Império Alpirano, onde aguarda sua captura pela morte do Esperança, o ex-futuro rei, adorado pelo povo, Vaelin descobre que seguia um rei insano, numa guerra fadada ao fracasso. Sua Fé parece ser nada mais que uma ilusão, quando descobre que há seres temíveis que habitam a escuridão do além túmulo, sendo que seu líder, o Aliado, planeja o Caos e a Destruição.

Numa narrativa que alterna passado e presente, "A Canção do Sangue" finaliza sua narrativa com o duelo entre Vaelin e o Escudo das Ilhas, numa jogada política que visava a libertação de Vaelin travestida de punição, dada a obviedade de seu sucesso sobre os piratas. Uma antiga dívida, contraída por seu pai ao queimar mulheres e crianças quando anda servia ao Rei Janus, que deveria ser paga com sangue.

"O Senhor da Torre" começará mais uma vez com o relato de Verniers que, impressionado com a narrativa do Matador do Esperança, resolveu partir para seu reino, apenas para ser capturado e virar escravo dentro de um navio, no cerco a um dos feudos do Reino.

Vamos encontrar um Vaelin mais velho, mais sábio, desiludido de sua Fé e relutante em aceitar o cargo que lhe oferecem, como Senhor da Torre dos confins do Norte, mas se dirigindo para lá mesmo assim pois é o que a canção do sangue lhe diz para fazer. Lyrna também parece ter mudado consideravelmente nos últimos cinco anos. Assim, quando o Aliado usa um de seus fantoches para matar Malcius, seu irmão, ela finalmente ascende como Rainha - mesmo que terrivelmente desfigurada, tanto física quanto emocionalmente.

Ao final de "O Senhor da Torre", Lyrna consegue fugir dos Volarianos, começar a retomada de seu reino e seu reconhecimento como rainha. Reva se torna a senhora de seu Feudo, quando seu tio por fim falece. E Vaelin forçou sua canção a tal ponto que acaba morrendo e, em seu retorno dramático da terra dos mortos, perde sua canção.

E - claro - numa reviravolta emocionante, um dos dotados dos confins do norte encontra a agora Rainha Lyrna. Apesar de ficar subentedido, entendemos ao final do livro que ela é curada das terríveis deformidades causadas pelo fogo. Um final emocionante, um desfecho eletrizante para um livro se igual.

Mas agora vamos ao "A Rainha do Fogo". Não vou mentir e deixar para o final: me decepcionei muito com o desfecho dessa trilogia, assim como muitos dos outros leitores que procurei pela internet para descobrir como se sentiram e o sentimento é um só... frustração.

Neste último livro, vemos a retomada por Lyrna da capital de seu império e sua organização para enfrentar os Volarianos em suas próprias terras, antes de que tenham tempo de se reorganizar para atacar o Reino novamente. Já Vaelin, irá partir para as terras do gelo, agora com uma Ionak que o orienta com sua canção, já que a dele foi perdida.

A guerra contra Volar será brutal, sangrenta, desumana. Muitos morrerão. Muitas batalhas serão traçadas. Eles são os vilões? Talvez. Mas há mulheres e crianças em meio ao povo massacrado, e por mais que haja alguma misericórdia, não há como nos depararmos com uma guerra sem que hajam baixas civis.

Vaelin também terá que lidar com batalhas, sangue e ossos partidos, perdas irreparáveis, enquanto busca pelas respostas que todos nós esperamos desde o primeiro livro: quem é o Aliado? Quais são seus objetivos? O que é história? Onde começam os mitos? E o que há de verdade travestida em adoração ao longo da passagem dos séculos?

Mas o final ... ah! O grande final! É como um grande rojão que não estoura, só solta fumaça. Entendam, tudo é resolvido, ou encaminhado de forma satisfatória. Todas as respostas foram dadas. Pelo que me lembro, todas as pontas soltas foram amarradas. Mas não foi grandioso. Não foi épico. Não foi arrebatador.

Recomendo a trilogia em si. Os dois primeiros livros são simplesmente magníficos, o segundo sendo, em minha opinião, o melhor! Mas o desfecho sinceramente me deixou com um gosto de cinzas na boca. Me despeço de vocês hoje numa resenha sem citações, em luto pela dor das minhas ilusões não correspondidas.

Até a próxima!

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sexta-feira, 9 de março de 2018

Resenha: "O Senhor da Torre - Trilogia a Sombra do Corvo, Livro 2" (Anthony Ryan)

Tradução: Gabriel Oliva Brum

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Eu ando meio cansada de sagas/trilogias, e tem vezes que me pergunto seriamente se vale a pena continuar investindo nesse tipo de leitura. 

Logo, é uma surpresa MUITO agradável me deparar com a Trilogia A Sombra do Corvo. O livro 1, "A Canção do Sangue" foi resenhado aqui e, lendo essa primeira resenha vocês já podem ter uma idéia do quão empolgada eu fiquei com a história de Anthony Ryan.

Como eu sempre aviso quando resenho continuações, alguns spoilers são inevitáveis então, se você não gosta de estragar a surpresa, recomendo que fique por aqui, pois pretendo começar pelo final do primeiro livro no próximo parágrafo, ok?

Ao final de "A Canção do Sangue" finalmente descobrimos por que o livro é intitulado desa forma; As chamadas "Trevas" na verdade são dons, que o próprio Vaelin possui, uma espécie de sexto sentido que o avisa sobre as coisas, e por mais que a guerra se mostre sangrenta - e, infelizmente, uma empreitada inútil concebida por um rei ambicioso demais - Vaelin teve que ir até o continente para encontrar outro "cantador" como ele.

Foi um choque descobrir que todo esse tempo o Irmão Barkus não era mais ele mesmo. Há criaturas, o que poderíamos talvez chamar de fantasmas, que tomam o corpo de pessoas que encontram-se no limiar da morte, apesar de que nesse primeiro livro ainda não fica claro qual o objetivo que os move. Apenas que, um deles, parece ser a morte de Vaelin.

Na praia do Império Alpirano, onde aguarda sua captura pela morte do Esperança, o ex-futuro rei, adorado pelo povo, Vaelin descobre que seguia um rei insano, numa guerra fadada ao fracasso. Sua Fé parece ser nada mais que uma ilusão, e a mulher que ama está indo em um navio desacordada para muito longe, acreditando que ele morreu lutando na guerra.

Numa narrativa que alterna passado e presente, "A Canção do Sangue" finaliza sua narrativa com o duelo entre Vaelin e o Escudo das Ilhas, numa jogada política que visava a libertação de Vaelin travestida de punição, dada a obviedade de seu sucesso sobre os piratas. Uma antiga dívida, contraída por seu pai ao queimar mulheres e crianças quando anda servia ao Rei Janus, que deveria ser paga com sangue.

"O Senhor da Torre" começará mais uma vez com o relato de Verniers que, impressionado com a narrativa do Matador do Esperança, resolveu partir para seu reino, apenas para ser capturado e virar escavo dentro de um navio, no cerco a um dos feudos do Reino.

Mais uma vez, a narrativa se dará entre presente e passado, com a diferença de que o passado da presente narrativa é o futuro da narrativa realizada em "A Canção do Sangue" (#confuso). A diferença é que a narrativa se desenrolará pela visão de quatro personagens distintos: Verniers, no presente, acompanhando o cerco; Vaelin, do ponto em que deixou as ilhas dos piratas e voltou ao Reino; A princesa Lyrna, também mais ou menos na época em que Vaelin está de retorno ao Reino. E o irmão Frentis, que terá um papel muito importante nos acontecimentos por vir.

Vamos encontrar um Vaelin mais velho, mais sábio, desiludido de sua Fé e relutante em aceitar o cargo que lhe oferecem, como Senhor da Torre dos confins do Norte, mas se dirigindo para lá mesmo assim pois é o que a canção do sangue lhe diz para fazer. À narrativa que acompanha Vaelin, se juntará sua irmã por parte de pai, e Reva, que acredita estar em uma missão santa para matar o Lâmina Negra e recuperar a espada de seu pai.

Ela endireitou a faca e posicionou a lâmina, preparada para atacar. A maioria dos homens conta tudo o que sabe quando tem uma faca no pescoço, dissera o sacerdote. Que o Pai do Mundo, que tudo vê e a tudo conhece em Seu amor, guie sua lâmina
Ela se lançou sobre o homem, movendo a faca na direção da garganta exposta ...
O  ar foi expelido de seus pulmões com uma velocidade dolorosa quando seu peito se chocou com algo duro. As botas dele, compreendeu ela, com um gemido. E, entã, ela estava no ar, arremessada pelo chute do homem, caindo de costas a uns bons três metros de distância (...)

Ela deu um último rosnado para o homem e virou-lhe as costas, pronta para correr para a escuridão ...

- Você tem os olhos do seu pai.
 Lyrna também parece ter mudado consideravelmente nos últimos cinco anos. Tendo que lidar com o peso das decisões que tomou há cinco anos atrás na guerra, está a caminho da nação Ionak para negociar a paz entre os dois povos, inimigos de longa data. No entanto, mais do que negociar a paz, Lyrna há muito tempo vem procurando por respostas.

Mesmo com seus muitos anos de estudo, investigações discretas  tortuosas referências cruzadas, Lyrna ainda não encontrara qualquer evidência. Procure no quadrante oeste pela história do homem caolho, dissera ele no dia em que roubara um beijo dela diante de toda a Feira de Verão. E ela Procurou.
Já o irmão Frentis, feito de escravo por um domínio que o fez embarcar em um navio quando estava em meio a batalha nas guerras Alpiranas, passará de objeto de entretenimento, o que foi nos últimos cinco anos, para escravo pessoal de o que ele supõe ser uma mulher, mas que não há como afirmar com certeza.

Aos poucos, as histórias vão convergindo, as respostas vão sendo fornecidas, e descobrimos que a verdade se esconde sob camadas e mais camadas de histórias, mitos, superstições, magia e boatos. Que a guerra do Rei Janus foi uma brincadeira de criança perto do que está por vir, e que uma trama, que data de séculos, e uma profecia há muito esquecida esta prestes a se concretizar.

"O Senhor da Torre" é uma continuação que não deixa nada a desejar ao primeiro livro e que, mais uma vez, tem uma escrita impecável, uma trama envolvente, personagens trabalhados de forma excelente e um final que nos faz gritar de ansiedade por sua continuação que, graças aos deuses, já foi publicada e espero ler e resenhar o quanto antes.

Apesar de ser uma aventura épica, algumas passagens foram tão emocionantes e cheias de significado que fiquei com a visão embaçada pelas lágrimas, coisa que não acontecia há muito tempo comigo. Acho que nem preciso dizer o quanto recomendo a leitura não é mesmo?

Abraços e até a próxima!


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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Vale a Pena Ler de Novo: "Tá no ar no livro" (Marcelo Adnet e Marcius Melhem)

Neste mês de Janeiro estamos em recesso, mas preparamos para você, caro leitor, uma seleção com nossas resenhas mais acessadas de 2017.
Enquanto isso, prepare-se para todas os lançamentos e novidades de 2018.

Por Mari Diniz: A tarefa de dar uma opinião sobre um livro sem dissociar do programa não é a das mais fáceis. Cercar-se de opiniões sobre o programa, entretanto, não quer necessariamente implicar que estejamos falando do livro, e vice-versa. Mas o que mesmo o livro vem trazer de diferente?
“Desde a primeira reunião de criação, a orientação é escrever com liberdade, sem agressividade, buscando a melhor forma de construir criticas guiadas pelo intuito de fazer rir.”
A resposta mais óbvia e simples seria o processo criativo.  O livro propõe-se a explicar desde a conceituação até a direção de cenas. Estamos falando de tudo e todos envolvidos para fazer o programa acontecer. O livro é um fio exploratório, um por trás das câmeras, o segredo de onde a mágica acontece.
“Com isso, o formato também ficou definido: a TV dentro da TV. Uma programação em que o telespectador perde o poder de mudar de canal. O zapear é controlado por outra “pessoa”, navegando aleatoriamente pela variedade de atrações disponíveis. O ritmo acelerado simula a nossa frenética relação com o controle remoto, na incansável busca pelo “programa perfeito”. Os esquetes são fragmentados de canais que constroem um mosaico da televisão e da nossa sociedade, uma metalinguagem de possibilidades infinitas.”
Um dos aspectos mais interessantes no primeiro folhear de páginas é a diagramação do livro. Ele é bem imagético e reforça bem a identidade do Tá no ar como um programa que tenta representar o mundo televisivo e a relação do telespectador com o que assiste. O passar das páginas é o nosso zapear de canais. Em uma página temos um recorte de cena do programa, logo em seguida a coletiva de imprensa do elenco e não muito depois um texto sobre a conceituação do programa.

Há também destaque especial a todo elenco, autores, produtores e demais envolvidos. O reconhecimento do trabalho e a aposta em um programa de humor diferenciado, procuram justificar o que não dá pra ser visível ao assistir o programa.
“O senso comum imagina que o trabalho em uma redação de humor se resume a contar piadas, como em uma reunião de amigos no bar. Pelo contrário, o dia a dia é laborioso. Por trás da construção de todas as cenas feitas existem discussões e pesquisas sobre a escolha de cada palavra do texto.”
O livro também traz trechos de cenas do programa, desde recortes dos seus textos até storyboards feitos para a construção da cena. O livro procura apresentar os bastidores do programa e não economizou em mostrar os detalhes das cenas, textos e paródias, construção de personagens, musicais. Inclusive, muitas acompanham um QR Code para que o leitor/espectador possa assistir a algumas dessas cenas.  

Ele é super indicado para os fãs da série, a abordagem do livro é quase como assistir o programa com a lente criativa de criação. Além de também trazer o humor novo, pensado e repensado.

Aproveitem a leitura!
Até a próxima,
Mariana Diniz

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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Resenha: "A Canção do Sangue" (Anthony Ryan)

Tradução: Gabriel Oliva Brum

Por Sheila: Oi pessoas! Como vão todos e tod@s? Quem ai gosta de trilogia? E se ela se passar num mundo com ares de medieval, cheio de mistérios, um toque de magia, mas também muita ação com cenas de tirar o fôlego? Se essa for a "sua praia" você esta no lugar certo!

A queridíssima Editora Leya aceitou meu pedido para adentrar no mundo da Trilogia "A sombra do corvo" mesmo eu estando bem atrasadinha (o primeiro livro foi lançado em 2014), mas prometo me esforçar bastante para terminar a leitura e resenha de toda a trilogia para vocês o quanto antes! Mas vamos à história.

O livro começa com um prisioneiro, amaldiçoado por muitos por ser o Matador do Esperança. Visto com escárnio por uns e reverência por outros, ele esta sendo levado para uma espécie de batalha como julgamento por seus atos.

Escoltando-o, está Lorde Verniers,  Cronista Imperial, e todo o livro parece constituir-se do relato que Vaelin Al Sorna, o Matador do Esperança, lhe fará enquanto atravessam o mar para encontrar seu destino.

Ele tinha muitos nomes. Embora ainda não tivesse chegado ao trigésimo ano, a História achou apropriado conferir-lhe títulos em abundância: Espada do Reino para o rei louco que o enviara para nos atormentar; o Jovem Falcão para os homens que o seguiam pelas provações da guerra, Lâmina Negra para seus inimigos cumbraelinos e, como eu descobriria muito mais tarde, Beral Shak Ur para as tribos enigmáticas da Grande Floresta do Norte - a sombra do corvo.
É subindo ao navio que Al Sorna oferece a Verniers algo ao que ele não consegue emitir negativa: sua história. Que começa quando um pequeno garoto de 10 anos é levado pelo pai até a Casa da Sexta Ordem, sua nova família, que irá treiná-lo para ser um guerreiro, não do Reino, mas da Fé. O treinamento se mostrará duro, difícil e brutal.

A vida na Ordem é dura e, não raro, curta. Muitos de vocês serão expulsos antes do teste final, talvez todos, e aqueles que ganharem o direito de permanecer conosco passarão o resto de suas vidas patrulhando fronteiras distantes, lutando guerras intermináveis contra selvagens, foras da lei ou hereges, no decorrer dos quais é muito provável que vocês morram se tiverem sorte, ou sejam mutilados, se não tiverem. Os poucos que ainda estiverem vivos após quinze anos de serviço receberão suas próprias unidades para comandarem, ou voltarão aqui para ensinar aqueles que os substituirão. Essa é a vida que suas famílias lhes deram. Pode não parecer, mas é uma honra.
Honra ou não, Vaelin era apenas uma criança, que havia perdido recentemente a mãe, e ter como fim ser jogado pelo pai, atual Espada do Reino, para crescer em uma Ordem tão difícil por honra não parece assim tão bom a seus olhos. Assim, é com raiva, não com gratidão, que Vaelin abraça a crença da Sexta Ordem: proteger a Fé e seus colegas, agora Irmãos. Não há mais outra família que não a Ordem, e tudo que ficou fora dos portões deve ser esquecido.

A Fé do Reino constitui-se no culto dos Finados, ou seja, aqueles que já se foram, e não acredita-se em Deus, seja ele único ou mais de um. Aqueles que não seguem a Fé do Rei Janus, que unificou o reino, outrora quatro feudos independentes, é julgado e morto como herege ou Negador. Além disso, há sempre o temor das Trevas, histórias sobre pessoas com poderes sobre humanos que devem ser caçadas e condenadas a qualquer custo.

Enquanto Vaelin cresce, vamos descobrindo que a Ordem, apesar de dura, se importa com seus discípulos e que estes  realmente tem motivos para se sentirem acolhidos e entre uma família. Além disso, também vamos descobrir que as Trevas encontram-se mais próximas do que imaginávamos; que existem tramas políticas que vão muito além da Fé e da adoração que cada um resolve seguir; e que a Ordem tem segredos obscuros que ameaçam vir à tona a qualquer momento.

Este é um livro cheio de aventura com descrições que envolvem na leitura, a ponto de as páginas quase parecerem virar sozinhas. Foram mais de 600 página lidas em uma semana, e mal posso esperar pela continuação, para descobrir todas as respostas que ficaram sem uma conclusão neste primeiro volume, bem como tudo o que Vaelin ainda pode amadurecer como personagem, junto com seus irmãos da Ordem, presentes em todas suas batalhas.

Super recomendo! Abraços e até a próxima!

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Ana Liberato