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domingo, 9 de janeiro de 2022

Resenha: "Blackout" (Nicola Yoon, Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk)


Tradução de Karine Ribeiro

Sinopse: Seis autoras extraordinárias. Seis histórias de amor entrelaçadas. Uma noite que tinha tudo para ser um desastre ― mas acaba sendo brilhante.

Uma onda de calor causa um apagão em Nova York. Multidões se formam nas ruas, o metrô para de funcionar e o trânsito fica congestionado. Conforme o sol se põe e a escuridão toma conta da cidade, seis jovens casais veem outro tipo de eletricidade surgir no ar…Um primeiro encontro ao acaso. Amigos de longa data. Ex-namorados ressentidos. Duas garotas feitas uma para a outra. Dois garotos escondidos sob máscaras. Um namoro repleto de dúvidas. Quando as luzes se apagam, os sentimentos se acendem. Relacionamentos se transformam, o amor desperta e novas possibilidades surgem ― até que a noite atinge seu ápice numa festa a céu aberto no Brooklyn.

Neste romance envolvente e apaixonante, composto de seis histórias interligadas, as aclamadas autoras Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon celebram o amor entre adolescentes negros e nos dão esperança mesmo quando já não há mais luz.

Por Stephanie: Blackout foi um livro que me surpreendeu. Eu comecei a leitura pensando que encontraria uma antologia de contos, mas o que encontrei na verdade foi uma história completa, com vários pontos de vista vindos de diversos personagens, cada um vivendo seu romance em alguma parte da cidade de Nova York durante um apagão. E essa foi uma surpresa mais do que bem-vinda.

O ponto principal da obra (que é também o mais positivo) com certeza é a representatividade racial e sexual. Todos os personagens principais são negros e há dois casais LGBT+ (inclusive, o casal formado por dois meninos foi o que achei mais fofo). São histórias clichês e simples, mas que ganham um brilho especial por serem protagonizadas por pessoas fora do padrão que sempre vemos por aí em romances adolescentes.

É isso o que acontece quando encontramos a pessoa certa para amar. Quando alguém te ama, nenhum problema importa tanto. Porque amar é uma escolha que a gente precisa fazer todos os dias, mesmo quando o dia não sai como o planejado.

A escrita, ainda difira devido à cada autora responsável por um ponto de vista, consegue ser extremamente fluida e homogênea. Alguns capítulos são um pouco grandes demais, mas fora isso, eu achei uma leitura bem rápida, que é possível de se fazer até em um dia tranquilamente.

Fica a recomendação para todo mundo que quer um livro leve, gostoso de ler e que deixa aquela sensação de coração quentinho no final. Ah, e o livro físico brilha no escuro :)

Até a próxima, pessoal!

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sexta-feira, 1 de maio de 2020

Resenha: "Vermelho, Branco e Sangue Azul" (Casey McQuiston)

Tradução de Guilherme Miranda

Sinopse: O que pode acontecer quando o filho da presidenta dos Estados Unidos se apaixona pelo príncipe da Inglaterra?

Quando sua mãe foi eleita presidenta dos Estados Unidos, Alex Claremont-Diaz se tornou o novo queridinho da mídia norte-americana. Bonito, carismático e com personalidade forte, Alex tem tudo para seguir os passos de seus pais e conquistar uma carreira na política, como tanto deseja.

Mas quando sua família é convidada para o casamento real do príncipe britânico Philip, Alex tem que encarar o seu primeiro desafio diplomático: lidar com Henry, irmão mais novo de Philip, o príncipe mais adorado do mundo, com quem ele é constantemente comparado ― e que ele não suporta.

O encontro entre os dois sai pior do que o esperado, e no dia seguinte todos os jornais do mundo estampam fotos de Alex e Henry caídos em cima do bolo real, insinuando uma briga séria entre os dois.

Para evitar um desastre diplomático, eles passam um fim de semana fingindo ser melhores amigos e não demora para que essa relação evolua para algo que nenhum dos dois poderia imaginar ― e que não tem nenhuma chance de dar certo. Ou tem?

Por Stephanie: Se você é leitor e viveu na Terra nos últimos meses, com certeza já ouviu falar em Vermelho, Branco e Sangue Azul, de Casey McQuiston. O livro virou febre mundial desde seu lançamento, e vem conquistando cada vez mais fãs em cada país que é lançado. No Brasil, não foi diferente: a obra foi muito bem recebida pelo público e Casey foi inclusive confirmada na Flipop, evento organizado pela Editora Seguinte, que a princípio se realizará nos dias 10, 11 e 12 de julho.

Com tanto hype em cima desse livro, não tinha como eu ficar indiferente; me interessei desde o começo e fiz questão de encaixá-lo nas minhas leituras assim que possível. Fico feliz em dizer que entrei pro time dos que adoraram a história e que querem divulgá-la para que mais pessoas possam conhecê-la e se apaixonar por ela!

Acho que não é nenhum segredo que VBSA tem um enredo que se pode chamar de clichê. Só pela sinopse já dá pra saber quais caminhos a obra tomará. Porém, acredito que o trunfo do livro está em sua representatividade: além de ter um casal homoafetivo como protagonista, há também a família de Alex, que possui descendência latina. Sem esquecer também que no mundo de VBSA, os EUA têm uma presidenta.

(…) É essa a escolha. Eu amo o Henry, com tudo isso, por causa de tudo isso. De propósito. Eu amo o Henry de propósito.

Com todos esses elementos, McQuinston constrói uma história que utiliza de artifícios já conhecidos para conversar com um público que não costuma se ver representado em narrativas como essa, ou seja, o LGBTQ+. Por mais que seja fácil imaginar o final de tudo, é um respiro ver situações típicas das comédias românticas heteronormativas tendo protagonistas fora desse padrão.

Alex e Henry são protagonistas cativantes e completamente opostos. Isso que torna a dinâmica entre eles tão divertida de acompanhar. Por falar em dinâmica, é bom deixar avisado que há cenas bem quentes entre o casal, e eu não recomendaria esse livro para menores de 16 anos.

Quanto aos personagens secundários, achei que todos agregaram positivamente. Talvez eles pudessem ter sido um pouco mais aprofundados (principalmente a irmã de Alex), mas como o foco de VBSA é o romance, é compreensível que outros assuntos acabem ficando um pouco de lado.

VBSA tem um pano de fundo político que pensei que seria apenas abordado de leve, mas que surpreende por ter um papel importante na narrativa. Há muitas crises e disputas ao longo do enredo, e acho que se fosse apontar alguma coisa que não me agradou tanto, seria essa questão, que fica bastante presente conforme a obra se aproxima de seu desfecho.

De forma geral, eu gostei muito de Vermelho, Branco e Sangue Azul e recomendo a leitura para os fãs de romance que estejam buscando uma história leve e engraçada!

Pensar em história me faz pensar em como vou me encaixar nela um dia, eu acho. E você também. Eu meio que gostaria que as pessoas ainda escrevessem desse jeito. História, hein? Aposto que poderíamos fazer.

Até a próxima, pessoal!
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segunda-feira, 22 de julho de 2019

Resenha: "Tudo o que a gente sempre quis” (Emily Giffin)

Tradução de Marcelo Mendes.


Por Thaís Inocêncio: Esse livro é diferente de tudo o que Emily Giffin já escreveu. Autora de sete romances, como O noivo da minha melhor amiga (que deu origem ao filme com Kate Hudson) e Questões do coração, Emily agora se arrisca no drama contemporâneo – e, na minha opinião, dá muito certo. A história é tão atual que, para se ter uma ideia, alguns termos que aparecem nela são: snapchat, story, uber, muro do Trump, além de diálogos como esse:

— Apaga!
— Não gostou por quê? Você está ótima!
— Não, meus braços estão gordos!
— Posso editar isso.
— Só se editar meu rosto pálido também. 
— Tenho o aplicativo perfeito pra isso!"


O livro é narrado por três pessoas: Nina, Tom e Lyla. Nina nasceu em uma família simples, em uma cidade pequena, mas agora faz parte da elite de Nashville. Seu marido, Kirk, vendeu a empresa de tecnologia por uma fortuna e seu filho adolescente, Finch, acabou de ser aceito em Princeton, então ela acredita que conseguiu “tudo o que sempre quis”.

Tom também vive em Nashville, mas “do outro lado do rio”, o lado menos abastado. Ele é pai solteiro de Lyla, fruto de um relacionamento com uma brasileira, que abandonou a família. Lyla, por sua vez, é uma adolescente comum e feliz que conseguiu uma bolsa de estudos na Windsor, escola de prestígio de Nashville, onde Finch também estuda.

Tudo muda quando Lyla vai à uma festa, exagera na bebida e acaba perdendo os sentidos. Alguém se aproveita disso e a fotografa em situações constrangedoras, imagens que acabam se espalhando entre os adolescentes e a comunidade rica de Nashville. Nesse contexto, as vidas de Lyla, Tom e Nina acabam se entrelaçando e muitos valores são colocados à prova.
"Simplesmente não posso acreditar no que está acontecendo agora. Na pessoa em que meu filho se transformou. E, no entanto, posso, sim. Porque às vezes não enxergamos aquilo que está bem ali, debaixo do nosso nariz."
Esse livro aborda questões importantes tanto para os adolescentes, quanto para os pais de adolescentes, por isso pode agradar muitos públicos. Ao mesmo tempo em que retrata a vida de jovens que frequentam festas regadas a bebidas alcoólicas e fazem brincadeiras ofensivas e que acreditam que dinheiro traz poder e impunidade, ele nos faz refletir sobre a importância de uma boa criação e do diálogo entre pais e filhos.
“Pensei no tempo perdido com coisas triviais que se tornaram tão importantes para a minha vida. Reuniões, festas, almoços, academia, salão de beleza, jogos de tênis no clube e, sim, até mesmo alguma obra assistencial realmente útil. Mas com que finalidade? Que importância tinha tudo isso agora? O que poderia ser mais importante do que arrumar tempo para conversar com meu filho sobre respeitar as mulheres e as diferentes culturas e etnias?”
Além disso, a obra discute o abuso sexual e a desvalorização da mulher, alertando para as consequências profundas do machismo na vida das pessoas. Também fala muito bem sobre xenofobia e racismo – o tempo todo somos alertados para a ausência de negros na elite ou a presença deles em cargos inferiores. E ainda perpassa assuntos como alcoolismo, corrupção e, claro, os impactos da tecnologia na atualidade.
“Achava que esse ativismo era um dos poucos aspectos positivos das redes sociais, que muitas vezes não passavam de uma plataforma de narcisismo e futilidade, um meio de mostrar fotos de viagens de férias ou de entediar a todos com fotos da couve-de-bruxelas comida na véspera.”
O enredo do livro me cativou desde o início. A escrita da autora é bastante simples e ágil, o que torna essa leitura muito rápida e tranquila. Outro ponto positivo é o projeto gráfico do livro, que traz uma diagramação simples e agradável e uma capa aveludada muito bonita. Recomendo!

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segunda-feira, 24 de junho de 2019

Resenha: "Minha Coisa Favorita é Monstro" (Emil Ferris)

Tradução de Érico Assis

Sinopse: A história de um assassinato misterioso, um drama familiar, um épico histórico e um extraordinário suspense psicológico sobre monstros — reais e imaginados. A história em quadrinhos mais impactante desde Maus.

Com o tumultuado cenário político da Chicago dos anos 1960 como pano de fundo, Minha Coisa Favorita é Monstro é narrado por Karen Reyes, uma garota de dez anos completamente alucinada por histórias de terror. No seu diário, todo feito em esferográfica, ela se desenha como uma jovem lobismoça e leva o leitor a uma incrível jornada pela iconografia dos filmes B de horror e das revistinhas de monstro.

Quando Karen tenta desvendar o assassinato de sua bela e enigmática vizinha do andar de cima — Anka Silverberg, uma sobrevivente do Holocausto — assistimos ao desenrolar de histórias fascinantes de um elenco bizarro e sombrio de personagens: seu irmão Dezê, convocado a servir nas forças armadas e assombrado por um segredo do passado; o marido de Anka, Sam Silverberg, também conhecido como o jazzman “Hotstep”; o mafioso Sr. Gronan; a drag queen Franklin; e Sr. Chugg, o ventríloquo.

Num estilo caleidoscópico e de virtuosismo estonteante, Minha Coisa Favorita é Monstro é uma obra magistral e de originalidade ímpar.

Grande vencedor do prêmio Eisner, o mais importante do quadrinho mundial, nas categorias Melhor Álbum do Ano, Melhor Roteirista/Desenhista e Melhor Colorista.


Por Stephanie: Desde que vi a capa dessa HQ, fiquei encantada. A capa tem uma ilustração lindíssima da autora, Emil Ferris, e é claro que o conteúdo não poderia diferir disso. Com uma história rica e fascinante, Minha coisa favorita é monstro foi uma experiência totalmente diferente de tudo o que eu já li.

A protagonista, Karen, é uma narradora encantadora; uma criança bastante madura que precisa lidar com diversos problemas durante a história, dos mais simples aos mais duros e complexos. Eu adorei seu jeito sonhador e suas frases de impacto; ela soa sábia sem parecer inverossímil, pois é uma garota que precisou crescer muito cedo.




Quanto aos outros personagens, todos são repletos de características marcantes e falhas. Emil soube criar pessoas reais, tridimensionais, que nem sempre tomam as melhores decisões mas que nos fazem sentir bastante empatia.

O enredo é bem diferente e passeia entre diversos gêneros, como terror, suspense policial e ficção histórica. Inclusive, os trechos que se passam na Segunda Guerra Mundial me encantaram, foi algo inesperado e muito bem elaborado pela autora. Cheguei a me emocionar em algumas dessas partes.

Acho que nem é preciso falar muito sobre a arte da HQ. Os traços de Ferris são lindíssimos e eu nem consigo mensurar o tempo que ela levava para desenhar cada página, principalmente com suas dificuldades motoras (conheça a história de superação da autora aqui). É um trabalho de encher os olhos, e a obra certamente vale o preço elevado.




Fica a minha indicação para leitores de quadrinhos experientes ou não. Minha Coisa Favorita é Monstro é uma história completa, que aborda temas importantes e pesados com a visão de uma menina esperta, curiosa e sonhadora. Um prato cheio para os amantes de enredos de tirar o fôlego!

Até mais, pessoal!

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sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Resenha: "Série The Royals: Príncipe Partido - Vol. 2" (Erin Watt)

Tradução de Regiane Winarski

Por Clarissa: Olá gente bonita, bom primeiramente um ótimo 2019 para todos nós, que rendam muitas leituras, saúde e paz. Bom faz um tempinho que não apareço aqui, a vida está uma correria e atolada de deveres, mas cá estou trazendo esta série apaixonante "The Royals - Príncipe Partido (livro 2)" De Erin Watt. Como sempre falo, nunca julgue um livro pela capa, pode parecer que só fala sobre princesas e arco-íris, mas não, é um livro com conteúdo adulto, partes quentes e muita emoção. 

Antes de conferir esta resenha dê uma olhadinha na resenha do primeiro livro Princesa de Papel - Livro 1. Deu uma olhadinha? Então vamos seguir adiante!

Tudo começou com Ella Harper, uma jovem órfã que sobreviveu aos acasos da vida e até que um dia aparece um melhor amigo de seu pai - super rico - querendo adota-lá e que prometera a seu melhor amigo que cuidaria de Ella, oferecendo tudo de bom e de melhor, tirando-a dessa vida miserável. Ella como sempre com um pé atrás aceitou a ajuda e foi para a casa - mansão - dele, que era puro caos e nenhum afeto, até que ela mudou este conceito e o caos diminuiu. Conhecendo seus filhos e se apaixonando por Reed e assim criando uma história de romance com diversos desafios e calmarias. Mas como a família é bem problemática o final não terminaria com o famoso Felizes para Sempre. E é bem na parte mais impactante que o primeiro livro termina e mal poderia esperar pelo segundo.

No segundo livro a história é mais voltada aos pensamentos, atitudes e a vida de Reed. Nesta trama toda, Reed vai ter que lidar com mentiras de pessoas que moram junto com ele, perda das pessoas que mais ama, saudade da pessoa que mantinha sua mente sã, raiva de tudo e de todos, e a grande busca do amor de sua vida que mantinha uma esperança que era uma boa pessoa e que fazia o certo.

Reed comete um deslize e Ella se afasta por completo, trazendo caos a família Royal. Reed vê seu mundo desmoronar, e toda esperança de viver um romance com ela desaparece.

"Ela não pode voltar logo para casa e gritar comigo? Preciso que ela me diga que sou um babaca que não merece o tempo dela. Preciso dela na minha frente, cuspindo fogo. Preciso que ela grite comigo, me chute, me bata.
Eu preciso dela, porra."
A garota dos sonhos de Reed não quer mais saber dele, porque tem certeza de que, se ficarem juntos, isso vai destruí-los. Ella pode estar certa. Ao mesmo tempo que um salva o outro, juntos são como uma granada prestes a explodir. Mas no amor tudo vence e, as vezes, suporta. Com o seu ponto de paz sumida de casa, Reed procura um escape para sua raive e dor, assim cria confusão, arruma brigas, há caos na escola, em casa, e em toda sua vida. E tudo o que ele quer é um perdão de uma pessoa especial e ele vai atras disso.
"Você sabe que eu faria qualquer coisa por você... Qualquer coisa pra proteger você."
Enquanto Ella foge de toda essa dor e caos, ela perde tudo o que tinha conquistado de bom nos últimos tempos, o que jamais tina sonhado. Ela preferiria sua vida miserável de volta do que sentir esta dor. Recomeçar do zero longe disso tudo, mas com uma pontinha de querer voltar e resolver.

O que me atrai nesta série é que se passa no mundo atual, mesmo tendo "reinado" é voltada ao poder, quem tem mais dinheiro é o que manda nos outros, o jogo do poder. Muitas vezes submisso a esse poder e não tem uma vida plena, na história as personagens vivem mentiras, trapaças e acordos para não acabar com o nome e dinheiro. E estas situações vemos no mundo real, manipulação nas autoridades maiores, pessoas cegas pelo dinheiro, perda de respeito pelas minorias, bullying, e é retratado com comoção que o leitor sente raiva e quer exterminar essa personagem da história, e isso que é o tcham de uma história, levar o leitor para dentro da trama.

Resumindo, tudo que eu tenho a dizer sobre esse livro é MANO DO CÉU!, que finalzão - até arrepiei agora - gente do céu, vocês irão ficar de queixo caído e querer voltar pelo menos todos os capítulos e começar tudo de novo rsrsrs. O começo do segundo livro mostra as consequências do final do primeiro, o que torna empolgante, esclarecedor e meio triste. Mais para o meio do livro fica meio parado e some um pouco a empolgação, mas mais para o final o êxtase volta e começa a sentir uma tensão, de querer saber o que acontecerá. E como eu disse chega o final com o ápice de surpresa, quando você acha que tava tudo de boa, chega uma nova surpresa e uma melhor que a outra. E como era de se esperar o livro CONTINUA...

É desesperador não ter o livro seguinte em mãos e mais perguntas aparecem em sua cabeça, cria milhões de teorias para o final, mas tudo o que queria é ter o outro livro. É bem parecido com história mexicana, tem brigas, poder, paixão, dramas e na hora H o livro continua...

Mas é uma história maravilhosa, com personagens complexos e com seus diferenciais, leitura de simples entendimento e captação de atenção. Super recomendo!

Espero que tenham gostado e comentem, compartilhe deixem suas ideias!

Até a próxima pessoal!


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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Resenha: "Juntos Somos Eternos" (Jeff Zentner)

Tradução de Guilherme Miranda

Por Stephanie: Juntos somos eternos é um lançamento de 2018 da Editora Seguinte que, apesar de ter sido lançado depois de Dias de despedida, na verdade foi o primeiro livro publicado por Jeff Zentner. Eu já tinha adorado a escrita do autor quando li Dias de despedida, e posso dizer com tranquilidade que seu livro de estreia é tão bom quanto seu sucessor, chegando até mesmo a superá-lo.

A obra aborda a história de três amigos: Dill, Lydia e Travis, sendo esse primeiro o protagonista. Dill está passando por um momento delicado em sua vida, pois seu pai, um famoso líder religioso da cidade, está na cadeia, e deixou o garoto e a mãe com altas dívidas. Além disso, Dill sente a pressão do último ano do colégio e a desorientação de não saber bem que rumo tomar na vida, ficando cada vez mais desorientado e conformado em permanecer na cidade de interior eternamente e viver uma vida simples e comum.

Travis e Lydia também tem seus problemas. Enquanto Travis lida com um pai abusivo e busca refúgio nos livros de fantasia, Lydia tenta ser o elo entre o trio, mostrando aos amigos que a vida é muito maior e melhor do que o que eles estão vivenciando. Ela pensa grande e deseja tornar seu blog de moda um trabalho verdadeiro, que lhe renda frutos durante e após a faculdade, quando ela finalmente poderá deixar a pequena cidade para trás de vez. Porém, diferentemente de seus dois amigos, ela possui uma família estruturada e que lhe dá todo o apoio necessário.

Confesso que no começo do livro estava achando tudo bem simples e até meio parado. A gente acompanha as vidas de Dill, Travis e Lydia em um ritmo tranquilo, conhecendo um pouco sobre as dinâmicas familiares de cada um e entendendo melhor a relação entre eles. Jeff Zentner consegue nos ambientar muito bem no clima de cidade interiorana, onde tudo é calmo e rotineiro. Mas a escrita do autor é muito boa, e foi o que me manteve presa à leitura.

Um dos principais objetivos da obra é abordar o fanatismo religioso e seus males. Antes de ser preso, o pai de Dill liderava uma igreja que quase chegava a ser uma seita, devido aos rituais e costumes bizarros praticados lá. Sua mãe é extremamente religiosa e se ressente do filho, sempre dizendo que ele não está fazendo a vontade de Deus. Acho que a opressão disfarçada de proteção foi muito bem representada por Jeff, que também conseguiu transmitir todo o dilema que Dill vivencia – o de tentar a todo o custo agradar aos pais, sem abrir mão de sua personalidade.

Eu gostei muito dos aspectos peculiares de cada um dos personagens principais. Dill é músico (assim como o próprio autor), Travis é um leitor ávido e Lydia é super entendida de moda. O trio me passou uma sensação de equilíbrio perfeito; o que um tem de nerd, o outro compensa por ser descolado, por exemplo.
(...) Ele cantou como se o Espírito Santo tivesse se derramado sobre ele, com uma chama purificadora (...)
Como já comentei, estava achando a história bem morna no começo. Isso durou uns 40-50% da história, porque, após um certo acontecimento, o livro mudou completamente o seu significado para mim. As emoções começaram a me acertar em cheio, e foi difícil controlar tudo o que comecei a sentir a partir de certo ponto. Jeff Zentner destruiu e reconstruiu meu coração de diversas formas, e eu não posso dizer que não adorei cada segundo.

Agora, fazendo uma breve comparação entre as duas obras que tive a oportunidade de ler desse autor, posso dizer que acho incrível como ele já desenvolveu uma voz própria em tão pouco tempo. É possível ver uma evolução, sim, mas a forma de contar histórias se mantém a mesma. Jeff possui uma sensibilidade altíssima, que torna impossível para o leitor não se identificar com seus personagens. Em JSE há pouca diversidade, é verdade, e isso pode até ser um problema para alguns, mas acho que a mensagem aqui era mais importante do que as características dos personagens. E o autor evoluiu bastante nesse sentido em seu segundo livro, o que é bom lembrar.
Eles foram à Coluna, onde aproveitaram mais alguns minutos de silêncio juntos, ouvindo o rio abrir seu caminho nas profundezas da Terra, como as pessoas abrem caminhos no coração das outras.
Bom, a resenha ficou imensa e eu tenho certeza que não consegui transmitir tudo o que senti durante essa leitura (que fluiu tão bem que terminei em três dias). Portanto, para finalizar, se você tem dúvidas sobre ler Juntos somos eternos porque acha que ele é “só mais um livro de YA contemporâneo”, eu te digo: leia e se surpreenda com essa incrível história de amizade, amor e coragem. Não se deixe enganar pelo suposto padrão que a obra aparenta seguir; Jeff Zentner aborda diversos assuntos relevantes e pertinentes – não apenas o já citado fanatismo religioso, mas, também, abuso, pedofilia e intolerância. Dê uma chance para esse livro incrível, acredito que você não vá se arrepender.

Até a próxima, pessoal!

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sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Resenha: "Os Números do Amor" (Helen Hoang)

Tradução de Alexandre Boide

Atenção: este livro possui conteúdo adulto. Não é recomendado para menores de 18 anos.

Por Stephanie: Os Números do Amor é o livro de estreia da autora Helen Hoang e conta a história de Stella, uma jovem de 30 anos que é bem sucedida em sua carreira, tem uma família estruturada e precisa conviver diariamente com seu diagnóstico, já que ela se encontra dentro do espectro autista. Sua dificuldade de estabelecer relações em geral faz com que ela ainda seja solteira e não tenha muito sucesso no amor. A pressão de sua mãe para que Stella arrume um namorado a faz tomar uma decisão drástica: contratar um garoto de programa para ajudá-la a ser uma boa namorada e adquirir experiência sexual. É então que ela conhece Michael, um acompanhante profissional que é a promessa de que seus problemas de relacionamento finalmente irão acabar. Mas será que as coisas são assim tão simples?

Você pode imaginar que essa história é semelhante a algo que já viu por aí, e é mesmo Helen Hoang se inspirou em Uma Linda Mulher para escrever sua história, porque sempre achou interessante a ideia de trocar os gêneros em uma situação como a do filme. Como a autora também foi diagnosticada com autismo, ela utilizou suas próprias experiências para criar Stella e deixar a personagem mais verossímil, o que na minha opinião funcionou muito bem.

Eu acho que não tenho muito o que falar sobre o enredo; qualquer pessoa que tenha lido ou assistido a uma comédia romântica pode imaginar como o desenrolar da história se dá. O que acredito valer a pena de ser mencionado são os fatores que tornam essa obra um pouco “fora da curva”, como a abordagem da cultura vietnamita e o detalhamento sobre os hábitos e características de uma pessoa diagnosticada com TEA, que não é só aquilo que imaginamos ou ouvimos falar. Stella tem aspectos de sua personalidade que são únicos, por mais que ela possua uma condição compartilhada com outros indivíduos. E eu gostei muito de compreender a individualidade dela.
Ela tinha uma síndrome, mas a síndrome não era aquilo que a definia. Ela era Stella. Um indivíduo único.
Outro aspecto muitíssimo importante da obra é a discussão sobre respeito e consentimento. Michael, mesmo sendo experiente em relação ao sexo, trata Stella de forma respeitosa, considerando suas limitações e sempre aguardando o momento em que ela se sinta para qualquer coisa: desde um toque, um abraço, até outras interações mais íntimas.

Por falar em intimidade, achei as cenas adultas bem inseridas, sem forçar. Há apenas um momento bem desnecessário, que parece ter sido esquecido no meio do livro sem querer. Mas todas as outras cenas são românticas e sensuais, sem exagero. Isso vindo de uma pessoa que não lê livros eróticos, ou seja, pode confiar que aqui não tem nada explícito demais ou tão absurdo que chegue a ser cômico.
(...) Para ela, Michael era como sorvete de menta com gotas de chocolate. Até podia experimentar outros sabores, mas ele sempre seria seu favorito.
O desenvolvimento do relacionamento entre Stella e Michael é muito bacana de acompanhar. Vemos a resistência de ambos em se entregar ao sentimento, e como a vida de cada um tem suas peculiaridades. Adorei a família de Michael e a relação dele com a mãe; ele é um mocinho quase perfeito e nada machista ou babaca, que é algo difícil de encontrar em livros desse tipo.

Tenho apenas algumas ressalvas que acho que valem a pena serem citadas. Primeiro, o livro tem algumas cenas e passagens um pouco machistas, e apesar de não ser o tom da obra como um todo, me incomodaram nas vezes em que aconteceram. Outra coisa que não curti muito foi o fato de Stella não ter amigos. Eu entendo que para uma pessoa com TEA, é bem mais difícil fazer amizades, mas poderia ser alguém da família ou alguma pessoa de um grupo de apoio ou algo do tipo… Não sei, pode ser algo bobo mas ficou meio inverossímil, pra mim.

No geral eu recomendo muito a leitura. Os Números do Amor tem uma escrita super fluida, com passagens engraçadas, românticas, sexys e emocionantes. O final é um pouco corrido e as coisas são resolvidas um pouco rápido demais mas, mesmo assim, eu adorei esse livro!

Obs.: Ano que vem um segundo livro será lançado, mas não é uma continuação, e sim, uma nova história com outros personagens.

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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Resenha: "Graça e Fúria - Graça e Fúria #1" (Tracy Banghart)

Tradução de Isadora Prospero

Por Stephanie: Atualmente, muitas editoras estão pegando carona no sucesso da série The Handmaid's Tale, vendendo seus lançamentos como livros feministas e que trabalham a força da mulher. Graça e Fúria certamente se encaixa nessa categoria, mas não considero isso como um de seus pontos fracos; Tracy Banghart consegue trabalhar bem as referências, favorecendo a história que criou.

A obra nos apresenta as irmãs Serina e Nomi, duas jovens que vivem em um reino em que mulheres tem papéis pré-estabelecidos e poucos direitos. Serina foi criada para ser uma graça, ou seja, uma mulher que viverá no palácio e servirá ao rei (no caso, ao herdeiro do rei), em troca de uma vida de luxo para si e sua família. Nomi, ao contrário da irmã, nunca quis uma vida assim para si, e sempre foi contra as imposições do reino. Ela aprendeu a ler (mesmo sendo contra a lei) e participará da seleção de graças com Serina, mas para ser a aia dela e auxiliá-la diariamente.

Tudo parecia bem, até que coisas acontecem e o destino das irmãs muda drasticamente: Serina é enviada para uma prisão feminina e Nomi ganha o posto de uma das graças do príncipe Malachi, mesmo sem ter nenhuma ideia de como fazer isso. Ela não sabe se portar, não sabe dançar, não sabe servir. E será que Serina, com toda sua delicadeza e ingenuidade, vai conseguir sobreviver aos horrores da prisão?

– Vocês devem ser tão fortes quanto esta prisão, tão fortes quanto a pedra e o oceano que as cercam. Vocês são concreto e arame farpado. Vocês são feitas de ferro.

Graça e Fúria é uma leitura rápida e dinâmica. A maioria dos grandes acontecimentos ocorre nos primeiros capítulos, mas mesmo assim ainda temos alguns momentos bem importantes ao longo do enredo. As protagonistas são bem distintas entre si, e acredito que assim como eu, você também vá se surpreender com qual das duas vai se identificar mais.

O livro tem uma ambientação simples e até um pouco genérica; não me lembro de nenhuma característica específica que consiga diferenciar Viridia de tantos outros reinos ou países já citados em outras fantasias que já li. 

Quanto aos personagens, o que mais gostei foi da evolução de alguns deles. Vemos claramente a força feminina sendo representada em sua melhor forma, ainda que timidamente. Acredito que tudo em Graça e Fúria seja bem introdutório: desde o enredo até as ideias sobre feminismo, sororidade e governos autoristas. É uma ótima maneira de se iniciar na leitura de livros empoderadores.

(...) Não é uma escolha quando você não tem a liberdade de dizer não. Um"sim" não tem nenhum valor quando é a única resposta que se pode dar!

Enquanto temos personagens cativantes e fortes de um lado, há também aqueles que tomam as decisões mais erradas e inocentes do outro. Há algumas revelações sobre determinadas pessoas que não posso falar por motivos óbvios, mas digo que, se o leitor fizer um pouco de esforço, vai conseguir perceber com facilidade o que virá pela frente.

No geral, Graça e Fúria é uma boa leitura, principalmente para os leitores que não estão acostumados com fantasias ou histórias sobre governos patriarcais. Recomendo!

Até a próxima, pessoal!

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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Resenha: "O Elefante Desaparece" (Haruki Murakami)

Tradução: Lica Hashimoto

Sinopse: Com a mesma genialidade com que escreveu seus romances mais famosos, 1Q84ou Crônica do Pássaro de Corda, por exemplo, Haruki Murakami usa esta coletânea de contos para tomar o senso de normalidade de assalto. Um homem vê seu elefante favorito desaparecer, dois recém-casados sofrem de uma fome avassaladora que os faz roubar uma lanchonete no meio da noite, e uma jovem mulher descobre que a forma de se livrar de um pequeno monstrinho verde pode estar ligada a seus próprios pensamentos: esses são apenas alguns dos contos que integram essa seleção de dezessete histórias. Por vezes assustador, por vezes hilário, O elefante desaparece é mais uma prova da habilidade que Murakami tem de ultrapassar as fronteiras da realidade — e de voltar carregando um tesouro.


“Todos os contos se passam em universos paralelos não tão distantes da realidade, é quase como se eles sempre estivessem escondidos logo abaixo da superfície: ruelas secretas que oferecem uma perspectiva inesperada.” — The New York Times



“Encantador e intrigante. Todos os contos possuem características surreais e um tom moderno e espirituoso.” — The Wall Street Journal



“Essa coletânea consegue reunir as melhores características de um romance: um tom homogêneo e uma multiplicidade de detalhes que cria uma textura única para a escrita.” — The Independent

Fonte: Grupo Cia das Letras

Por Eliel: O título causa um estranhamento logo de cara. Isso é proposital, pois o estilo de Murakami é cheio repleto de surrealismo, abstracionismo beirando o absurdo deixando a obra aberta para interpretação e discussão. 

Os contos são ambientados principalmente no Japão e geralmente são pessoas comuns que trazem um ar solitário até melancólico. Parece até que conhecemos aquele vizinho ou aquela senhora que passa pela rua tamanha a habilidade do autor de nos envolver na narrativa.

Não existe um tema central que ligue os contos uns aos outros, por isso eles podem ser lidos em qualquer ordem. Murakami tem uma habilidade para distorcer a realidade usando de transtornos psicológicos, inércia, fantasia, entre outros. Ele faz isso de uma forma natural que você só se dá conta que atravessou o véu da realidade depois de estar bem longe na trama.

- Sei que soa estranho - ela admitiu. - Não é para menos. A história toda é bem esquisita.

Os contos podem parecer meio sem pé nem cabeça e Murakami tem o costume de não dar muitas explicações, mas o conceito é esse mesmo, provocativo e ousado. Esse autor vai mexer com seu psicológico (no bom sentido).

Hoje eu entendo que, em muitos casos, não se deve relatar a realidade das coisas. A realidade deve ser criada.

Meu conto favorito é Sono, nele acompanhamos o dia a dia de uma mulher que por alguma razão não sente mais sono e não se sente cansada. Por isso começa a refletir sobre sua vida, seu casamento  e as consequências na sua rotina por não dormir.

São 17 contos e o conto de abertura (O Pássaro de Corda e as Mulheres de Terça) é o primeiro capítulo de um dos seus livros (O Pássaro de Corda). O conto que fecha essa antologia é justamente o que dá título à esse livro. São contos de diversos tamanhos e ritmos, mas a leitura do livro em si é bem rápida. Gostei bastante da experiência e com certeza recomendo

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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Resenha: "A Busca" (Lisa Kleypas)


Tradução: A. C. Reis


Sinopse: Após uma infância cheia de traumas, tudo o que Hannah Varner deseja é viver bem longe da mãe problemática e das complicações que a irmã, Tara, despeja em seu colo. Hannah quer algo que nunca teve: uma vida tranquila. Mas um telefonema muda todos os seus planos… Tara teve um filho e desapareceu, deixando o bebê aos cuidados de Hannah.

Desesperada, a jovem decide investigar tanto o paradeiro da irmã quanto a identidade do pai da criança. E descobre que um membro da família Travis pode ser o responsável por aquela confusão em sua vida. Jack Travis, um milionário de uma das mais importantes famílias do Texas, amante das mulheres e do prazer, nunca pensou que encontraria em seu escritório uma jovem irritada e extremamente sexy segurando um bebê que pode ser seu filho.

Nesta envolvente trama, com personagens densos e uma história familiar inesperada, Lisa Kleypas nos leva a conhecer mais um membro da família Travis e a descobrir o verdadeiro significado das palavras amor e entrega.

Por Jayne Cordeiro: A Busca foi a minha primeira oportunidade de ler um romance contemporâneo da Lisa, que já era uma autora bastante conhecida por seus romances de época (e que adoro!). E como era de se esperar, ela arrasa perfeitamente com essa história cheia de carga emocional, mas também romântico e divertido.


- Eu sei que Dane preferiria salvar o mundo do que tentar salvar um bebê. Mas entendo o porquê. - Bebês são como clientes difíceis, Hannah - Tom disse. - Você ganha mais crédito por tentar salvar o mundo. E é mais fácil.

A protagonista Hannah se vê presa em uma situação super complicada ao precisar cuidar do sobrinho recém nascido, e ela é uma pessoa que carrega muitos traumas pelo passado difícil. Muito da personalidade e comportamento é uma adaptação e forma de auto defesa ao que ela vivenciou com a mãe cheia de defeitos.


- Uma pessoa não pode pertencer a outra - eu o contestei -. Na melhor hipótese, é uma ilusão. Na pior, escravidão.

E para equilibrar Hannah, aparece Jack Travis, que não ganhou um prêmio como melhor personagem masculino à toa, porque ele é feito na medida certa para lutar contra os mecanismos de defesa de Hannah. E é impossível não gostar de toda as cenas em que esses dois aparecem juntos. Desde o começo a química entre os dois é inegável, e é muito divertido acompanhar as conversas e interações entre os dois. 


"Vou lhe mostrar o que é bom de verdade Hannah. Começando com um sexo selvagem. Do Tipo que você não conseguirá lembrar do próprio nome quando terminarmos."

Para quem não sabe, A Busca é o terceiro livro da série The Travis Family, que como o nome já diz, apresenta em cada livro a história de um dos membros dessa poderosa família do Texas, mas não é necessário ter lido os anteriores, apesar de os personagens aparecerem aqui. Dá pra ver que os anteriores devem ser ótimos, pelo pouco que vemos aqui. É uma família super interessante e com uma dinâmica bem legal. 


Luke adormeceu segurando meu dedo. Aquilo foi de uma intimidade diferente de tudo que eu já tinha sentido antes.

Posso dizer que a autora conseguiu criar em A Busca um romance envolvente, bem escrito, com uma história interessante e que apresenta personagens bem complexos. O livro apresenta cenas divertidas, românticas, com aquela dose de sensualidade já tão presente nos outros livros da autora. Com certeza é um livro que merece ser lido para quem gosta de um romance contemporâneo.

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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Resenha: "Um Artista do Mundo Flutuante" (Kazuo Ishiguro)

Tradução: José Rubens Siqueira

Sinopse: Masuji Ono, protagonista e narrador deste primoroso romance do vencedor do prêmio Nobel de literatura, é um homem de seu tempo. Pintor de grande renome do Japão antes e durante a Segunda Guerra Mundial, ainda jovem Masuji desafiou o pai para seguir a vocação artística e, durante seu desenvolvimento criativo, lutou contra as amarras da arte tradicional japonesa para dar lugar a uma produção propagandística a serviço de seu país. Usando a influência de que gozava perante as autoridades do governo imperial, Ono buscava ajudar pessoas de bem em situações menos favorecidas do que a sua.
Ambientado nos anos imediatamente após a rendição, o romance descortina a vida de Masuji já aposentado, procurando entender as mudanças vividas pelo país e impressas na mentalidade da geração mais jovem, da qual fazem parte suas duas filhas. Ao procurar entender por que as negociações para o casamento da mais nova delas foram abruptamente interrompidas, o protagonista se vê levado a rememorar sua vida de artista e professor respeitado e a enfrentar a consequência dos próprios atos no destino de seus descendentes.

Retrato comovente de um momento histórico cujos desdobramentos se veem até os dias de hoje, Um artista do mundo flutuante é também um poderoso romance sobre a velhice, a culpa e a passagem do tempo. 




“Há muitos bons escritores, mas poucos bons romancistas. Kazuo Ishiguro pertence a este escasso grupo. Seu segundo romance, Um artista do mundo flutuante, é do tipo que aprofunda a consciência do leitor, ensinando-o a ler mais sensivelmente.” — The New York Times Book Review

Fonte: Grupo Companhia das Letras

Por Eliel: Alguns detalhes antes de começar essa resenha propriamente dita. Que eu sou apaixonado pela obra de Ishiguro não deve ser novidade para quem acompanha o Dear Book. A maioria dos leitores não deve saber, mas sou estudante de Artes Visuais e esse livro é um ode à carreira artística profissional (minha paixão só aumenta). Um último detalhe antes de começarmos, a capa é uma obra de arte de Neil Gower que foi brilhantemente (literalmente hahaha, os detalhes em laranja da capa realmente brilham) adaptada por Alceu Chiesorin Nunes.

[...] me lembro claramente de decidir não dar atenção ao que ocorrera na sala de visitas depois que saí. Naquela época, claro, as casas eram todas mal iluminadas, de forma que não era incomum ficarmos parados no escuro para conversar. Eu podia distinguir a figura da minha mãe à minha frente, mas não conseguia enxergar seu rosto."Alguma coisa está queimando na casa", observei."Queimando?" Minha mãe ficou em silêncio por um momento, depois disse: "Não. Acho que não. Deve ser imaginação sua, Masuji"."Senti cheiro de queimado", eu disse. "Olhe só, acabei de sentir de novo. Papai ainda está na sala de visitas?""Está. Ocupado com alguma coisa.""Seja o que for que esteja fazendo lá", eu disse, "não me interessa nada."Minha mãe não emitiu nenhum som, então acrescentei: "A única coisa que papai conseguiu foi atiçar minha ambição"."Que bom ouvir isso, Masuji."

Ambientado no Japão Pós-Segunda Guerra Mundial, iremos acompanhar um recorte da pacata vida do pintor aposentado, Masuji Ono. Ele é o narrador dessas memórias e fala diretamente com o leitor, porém não é muito confiável em algumas passagens. Essa característica torna a narrativa muito mais verdadeira e sensível.

Esse recorte da vida de Ono começa com a visita anual de sua filha mais velha, Setsuko, e seu netinho. Os temas iniciais são bem corriqueiros do dia a dia dentro da cultura japonesa, enquanto conversam sobre amenidades as memórias de Ono são mescladas à sua narrativa. Essa característica se parece muito com aquelas conversas que sem sabermos como chegam a reflexões profundas de forma natural.

Noriko, a filha mais nova de Ono, já está com 26 anos. Para a cultura da época em que se passa essa história, ela está ficando velha para encontrar um bom casamento. O casamento era a união de duas famílias e não apenas de duas pessoas, portanto era movido por interesses visando a pureza das famílias. Paira no ar a ideia de que as últimas negociações para uma união de Noriko foram canceladas devido ao passado de seu pai.

Ono acredita que suas filhas comentam e discutem sobre essas coisas às suas costas. Como nem o próprio narrador tem certeza disso, nós leitores somos levados pela opinião dele. Isso, de forma sutil, faz com que ele comece a refletir sobre seu passado e compartilhar os acontecimentos como se fossem leves devaneios. É interessante essa forma de se contar uma história, que vira e mexe ele te puxa ao presente depois de te levar nessa sua visita ao passado.

Ono foi um importante e promissor artista durante o período da guerra, prestando muitos serviços a nação, porém parece que agora ele não tem tanto orgulho do que fez. Isso fica subentendido por não haver nenhum dos seus quadros expostos pela sua enorme casa, embora tenha de outros artistas que ele admira. Até mesmo seu neto pergunta se ele era mesmo um grande artista e insiste em ver seus quadros, Ono se limita a dizer apenas que estão guardados.

Havia, sem dúvida, muito a admirar na ideia de "um leilão de prestígio", como dissera a irmã mais velha. É até de imaginar por que as coisas não são resolvidas por esse meio mais vezes. Como é muito mais honrosa uma disputa em que são levadas em conta moral e as realizações em vez do tamanho da bolsa. Ainda me lembro da profunda satisfação que senti quando soube que - depois da mais minuciosa investigação - os Sugimura tinham considerado a mim o mais digno da casa que tanto amavam. E sem dúvida essa casa merece que se tenha sofrido alguns inconvenientes; apesar do exterior grandioso, imponente, por dentro é um lugar de madeiras naturais delicadas, escolhidas pela beleza de seus veios, e todos nós que vivemos nela viemos a considerá-la muito propícia para calma e relaxamento.

Constantemente ele revisita o antigo bairro dos prazeres, e aos poucos nos apresenta o que era/é o Mundo Flutuante. Um mundo efêmero, habitado por beleza passageira, bebidas e fonte de inspiração e um oásis em meio à guerra. No presente, pouco sobrou disso.

Chamo de "nosso bairro do prazer", mas creio que na verdade não era nada mais que um lugar para se beber, comer e conversar. Era preciso ir ao centro da cidade para os verdadeiros bairros do prazer- com casas de gueixa e teatros. Mas eu mesmo sempre preferi o nosso próprio bairro. Atraía uma multidão animada mas respeitável, muitos deles gente como nós - artistas e escritores, seduzidos pela ruidosa conversa que se estendia noite adentro.[...]"A melhor beleza, a mais frágil, que um artista pode ter a esperança de captar flutua dentro daquelas casas do prazer depois que escurece. E em noites como estas, Ono, alguma beleza dessas flutua por aqui pelas nossas salas. Mas quanto àqueles quadros ali, eles nem chegam perto dessas qualidades transitórias, ilusórias. Têm falhas profundas, Ono".

De forma despretensiosa temas profundos são trazidos à tona. O choque de gerações é o mais presente, afinal temos um geração que participou e sobreviveu a guerra e arca com suas consequências e outra que anseia pelas mudanças. Ono, no passado, teve seus próprios desafios ao lidar com seus mestres e sua ousadia e ambição.

Outro tema que me chamou a atenção foi o impacto e uso da arte nos movimentos militares. O quanto um artista pode influenciar a cultura, a sociedade e o ambiente à sua volta? Ono levanta muitos questionamentos durante sua trajetória e o mesmo pondera muito no que isso trouxe para sua vida. Isso enquanto toma providências para que novas negociações de casamento de Noriko não fracassem.

A narrativa pode parecer meio monótona e melancólica, porém ela tem sim um tom melancólico e um ritmo que te prende do começo ao fim. Minha experiência com essa leitura foi bem emocionante, Ishiguro tem um jeito de tocar os sentimentos do leitor de forma bem delicada e sensível. Vale a pena a leitura e a reflexão, além disso, recomendo um respiro e uma digestão dessa obra.

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Ana Liberato